Joana Santos,
futebolista da equipa de Sub-19, apresentou-se algo envergonhada mas com o “andar”
da conversa, acabou por se acalmar. Vamos conhecer mais uma jovem do futebol
axadrezado.
Vamos identificar
a nossa “envergonhada”. Nome e idade?
Chamo-me
Joana Santos e tenho dezassete anos.
Extra futebol
o que fazes?
Estudo na
Escola Comércio do Porto, num curso opcional.
Há quantos
anos jogas futebol?
Desde os
seis anos.
Parto do princípio
que, com essa idade, não começaste no Boavista. Qual foi o teu primeiro clube?
Comecei pelo
futsal, no “Invicta Futsal” que “era” junto a minha casa e que entretanto,
acabou. Nesse clube estive, praticamente até aos dez anos. Daí fui para o
Leixões, onde não fui bem recebida, porque ainda estava no escalão de jogar em
equipas mistas com rapazes.
Explica mais
em pormenor, essa questão. O que queres dizer?
Era constante,
ouvir “ o futebol não é para meninas” e coisas dessa ordem e sentia-me posta de
lado.
Como reagiste
a essa visão “machista”?
Desisti do
futebol.
Mas regressaste.
Como aconteceu?
Através de
uma amiga que jogava no Boavista, a Luana Monteiro, que falou com os meus pais
e assim vim para o Boavista em dois mil e onze.
Esta época,
jogavas na equipa a que chamam do protocolo. Esse facto, diminuiu-te, ou consideras
que é uma passagem para a equipa “principal”?
Isso, para
mim, não tem qualquer significado. O que me interessa é que jogue, que me sinta
bem no que faço. Tenho confiança em mim e sei que vou seguir em frente e chegar
o mais longe possível no futebol.
Esta pergunta
é, para mim, sacramental. Porque escolheste o futebol e não outro desporto?
Esse gosto
apareceu desde pequenina e não sei explicar, a não ser que tenha herdado de
alguns familiares. Não me debruço sobre essa questão, apenas a assumo.
As equipas
do Boavista são muito jovens. Isso, é um problema competitivo para vós ao
defrontarem equipas mais “adultas”?
Para mim é
igual, quer tenham vinte ou vinte e um anos. Eu vou defrontá-las da mesma forma,
porque para mim o importante é vencer.
Qual a tua
posição em campo?
No início da
época, comecei a ponta de lança, depois passei para extremo e agora estou a
jogar na defesa.
Não achas
que ao jogarem futebol de nove e não (ainda) de onze, altera a postura táctica
individual no campo?
Para mim, é indiferente…
eu quero é jogar à bola, mas entendo a sua questão, porque ao jogarem nove e
não onze, andamos um pouco sem a rigidez táctica completa que iremos ter no
escalão sénior.
A Federação
vai apostar muito no futebol feminino, a partir da próxima época. Pessoalmente o
que ambicionas para o futuro?
Pretendo,
pelo menos, representar o meu país, jogar na Selecção Nacional e ser conhecida
internacionalmente.
Para terminar,
pergunto como analisas a época que acabou?
Acho que foi
muito positiva. Cada uma deu o melhor de si, em defesa da equipa. Infelizmente não
atingimos o primeiro lugar, mas realizamos uma boa prestação no campeonato e na
taça. Ninguém baixou a cabeça, todas deram o melhor e acabamos em quarto lugar.
Pergunta,
que todos querem fazer às meninas do futebol. Como é, chegar junto aos pais e
dizer “quero jogar futebol”? Vieram, aquelas afirmações “isso é para rapazes”…ou
outras do género?
Comigo nada
se passou de anormal. O meu pai, foi o que mais me apoiou. Ele próprio escolheu
os clubes para eu jogar e sempre me apoiou, por isso, esse problema nunca me
aconteceu. Sempre fui apoiada pelos meus pais.
Entrevista de
Manuel Pina