Não
está correto. Durante a Presidência do Dr. João Loureiro fui sempre
Diretor-Ajunto do Vice-Presidente das Actividades Amadoras, Eng. Paulo Garcez.
De facto, viria a exercer esta função durante os oito meses da gestão do Eng.
Joaquim Teixeira e durante cerca de um ano na primeira direção de Álvaro Braga.
É público que, posteriormente, não aceitei continuar na Direção, por razões que
também na altura própria foram devidamente explicadas.
Em relação ao meu regresso nesta altura, ele deveu-se fundamentalmente aos
seguintes factos:
- Ter sido convidado directamente pelo Presidente
- Considerar ter conhecimentos e capacidades
para o exercer
- Á minha condição de
adepto incondicional do Boavista F.C.
- Acreditar na capacidade e no empenhamento
do Presidente, condições que considero fundamentais para ultrapassar este
momento dificil da vida do Clube.
Quantos
anos, esteve ausente do cargo de Vice-Presidente das Amadoras? E que diferenças
encontrou na gestão do sector?
Saí
em Junho de 2009 da Direção do Clube (entrei para os Orgãos Sociais em Fevereiro de 1991 onde exerci até Outubro de 2007 a função de Diretor-Adjunto
do Vice-Presidente das Atividades Amadoras, Eng. Paulo Garcez. De Outubro de
2007 até Junho de 2009 passei a exercer a função de Vice-Presidente).
Naturalmente que são muitas as diferenças que agora existem
relativamente ao período de maior fulgor do Clube (até 2003) e também são
relevantes em comparação ao momento da minha saída da direção (Junho de 2009).
Não tenho a mínima dúvida do forte empenhamento dos Responsáveis directivos que
me sucederam (José Chalupa e Prof.José Santos), mas as precárias condições
existentes no Clube que desde 2003 até á data se agravaram, contribuiu
decisivamente para essa situação.
Para que se possa ter uma ideia do que tem vindo a acontecer nas
Modalidades Amadoras desde que, por imperativos da construção do Estádio do Bessa
Século XXI, foi demolido o Pavilhão Dr.Acácio Lello, o Ginásio de Alto
Rendimento da Ginástica e todas as infraestruturas então existentes, passo a
informar alguns dados referentes ao número de Atletas federados no Clube nos
últimos tempos:
- em 2003 as
Modalidades Amadoras tinham inscritas mais de 2.000 Atletas
- em 2009 esse número
baixou para cerca de 1.400 Atletas
- Actualmente temos
cerca de 900 Atletas
Obviamente, esta diminuição no número de Atletas inscritos deve-se
fundamentalmente á degradação das condições de trabalho existentes provocadas
pelo desaparecimento dos seus espaços nobres (pavilhão e ginásios) e também á
forte crise financeira que se instalou no Clube e que impediu o seu natural
desenvolvimento.
Aproveito ainda para realçar que, apesar de todas estas enormes
contrariedades, o Boavista F.C. continua forte e respeitado nas suas várias
Modalidades em actividade e tal só é possível pelo empenhamento e dedicação fantástica de todos os Diretores,
Seccionistas, Atletas, Pais, Adeptos e muitos outros Colaboradores que, por
amor ao Clube e/ou ás Modalidades têm vindo a conseguir ultrapassar muitos dos
obstáculos que vão aparecendo diariamente nos seus caminhos. E esta forte dedicação
tem vindo a ter expressão plena nos excelentes resultados desportivos obtidos
já nesta época e que é de elementar justiça realçar:
- A subida á 1ª Divisão Nacional da equipa
sénior de Futsal, quando ainda faltam disputar 4 jogos !!!
- Os excelentes
resultados de todos os escalões de formação de Futsal com o destaque na atual
participação nas Taças Nacionais dos escalões júniores e Juvenis após terem
sido Vice-Campeões distritais.
- A excelente carreira
da equipa sénior de Voleibol que irá disputar nos próximos dias 26, 27 e 28 de
abril a “final-four” para disputa do Título Nacional da 2ª Divisão Nacional e
consequente possibilidade de subida á 1ª Divisão Nacional.
- Bons resultados
globais nos vários escalões etários de Andebol
- Vários títulos
nacionais e distritais individuais e Título Nacional coletivo em Boxe
- Um Título Nacional
individual em Ginástica Ritmica e vários lugares de “pódio” nesta modalidade
- Um Título Nacional
individual em Judo
- Excelentes resultados
no Karaté
- Excelentes resultados
em Futebol Adaptado e Tiro Adaptado
- A clara melhoria nos
resultados da equipa sénior de Hóquei em Patins
Informamos ainda que, a muito curto prazo, iremos “arrancar” com o
“Kickboxing” como uma nova Modalidade no Clube.
Pode
fazer um resumo, das principais iniciativas que tomou neste três meses?
A tomada de posse desta nova direção aconteceu no inicio do
ano de 2013, ou seja praticamente a meio da actual época desportiva. Para além
disso, como já referimos, o Clube no final do ano transato aderiu ao “Plano
especial de Revitalização” (PER), o que implica um esforço enorme no sentido de
conseguir demonstrar que é possível concretizar um plano de recuperação
credível com acordo dos seus principais credores.
Nesse sentido, a nossa
principal preocupação nestes primeiros tempos tem sido sensibilizar todos os
Diretores e demais Elementos envolvidos nas Modalidades Amadoras do Clube no
sentido de conseguir a maior ““autonomização” financeira possível para assegurar o seu
normal funcionamento. Naturalmente que com as dificuldades logísticas do Clube
e com a necessidade permanente de recurso a aluguer de espaços para treinos e
competições em várias das nossas Modalidades, tivemos de “inventar” de imediato
soluções para angariação de receitas que permitissem fazer face a esses custos
sem necessidade de recurso á tesouraria central do Clube. Assim tomamos algumas
iniciativas, entre as quais destacamos:
- Planificamos e
quantificamos as várias possibilidades de “sponsorização” de todas as
Modalidades e respetivos escalões etários.
- Lançamos
um grande sorteio com extração no S.João.
- Reunimos
com a Associação dos Amigos do Boavista e solicitamos o seu apoio.
- Criamos um novo
espaço (ginásio) para aumentar a nossa “oferta” (em particular com novas aulas
de “Yoga” e “Pilates”)
- Realizamos através
do Departamento de Ginástica um “Sarau” no Carnaval
- Acordamos com a
“Porto Lazer” uma nova “parceria” que nos irá “ajudar” no futuro na redução de
alguns valores necessários para os alugueres de pavilhões
- Acordamos com a
“Associação de Voleibol do Porto” a realização do Torneio “Gira Volei” no nosso
Estádio (9 e 10 de junho), permitindo-nos reduzir os valores das inscrições da
nossa equipa de Voleibol na próxima época desportiva.
- Planificamos um novo
grande Sarau que se irá realizar no dia 5 de Maio no Pavilhão dos Congressos de
Matosinhos.
Pode tornar publico quais os valores que são necessários para os treinos e
jogos das Modalidades Amadoras?
Os treinos e jogos da equipa sénior de Futsal são
realizados no Pavilhão “Infante Sagres” através de uma negociação directa feita
com este Clube pela direção do Departamento de Futsal no inicio da corrente
época.
Temos também um “protocolo” com as Escolas “Maria Lamas” e
“Clara de Resende” que nos permite algumas horas de treino semanais de Andebol
e Voleibol.
Para além dos casos acima expostos, as nossas Modalidades
de pavilhão têm necessidade de recorrer para treinos e jogos aos Pavilhões da “Porto
Lazer” e podemos referir que o valor médio mensal necessário varia entre os
3.500€ e os 4.000€ (depende muito do número de jogos que disputamos em nossa
“casa” e do número de dias úteis mensais), ou seja, o valor/época que
necessitamos para aluguer dos pavilhões necessários aos nossos jogos e treinos
das várias Modalidades aproxima-se dos 50.000€ .
Naturalmente que existem muitos outros custos envolvidos
nas Modalidades (inscrições, policiamento, deslocações, taxas de arbitragem,
...)
Com
as medidas tomadas, estão assegurados os pagamentos até ao final da época?
Tendo como dado adquirido que o sorteio em curso
corresponderá ás nossas expectativas e que o próximo “sarau de ginástica” será
um sucesso, consideramos que a época em curso será práticamente assegurada sem
grande “turbulência”. Queremos, no entanto referir e realçar, que para esta
nossa convicção muito contribuiu a excelente cooperação da “Associação de
Amigos” que muito nos tem ajudado em várias necessidades, muito em particular
nos custos mensais com os alugueres de pavilhões. Queremos de forma sincera
agradecer públicamente á sua Direção todo o apoio prestado e dizer também que,
enquanto Vice-Presidente e principalmente enquanto Adepto do Clube, lamento
profundamente a atuação da anterior Direção do Clube quando, de forma
absolutamente incompreensível, lhes retirou o espaço ocupado pela sua Sede.
Como temos conhecimento que esta situação já foi abordada pela sua Direção em
reunião com o Presidente do Clube, Dr.João Loureiro, estamos totalmente
convencidos que esse problema irá ser muito em breve resolvido.
Sobre esta questão queremos também referir que, no
passado, se dizia existirem Diretores do Clube que “não gostavam” e até “hostilizavam”
a “Associação de Amigos”. Conhecendo os Elementos que constituíam e ainda se
mantêm na sua Direção e tendo a certeza da sua paixão pelo Clube e da vontade
que manifestam em colaborar na procura de soluções que viabilizem a manutenção
da sua actividade nobre (a sua actividade desportiva), não podemos acreditar que
tal possa ter acontecido (ou então, estaríamos perante Diretores do Clube
apenas interessados no seu protagonismo e muito pouco preocupados com a
Instituição que deveriam defender). Todos temos de entender, que o Boavista
F.C. precisa de união e da ajuda de todos os que realmente estão interessados
no seu sucesso. Não temos a mínima dúvida das nobres intenções que presidiram á
criação da Associação de Amigos e da sua grande importância para o Clube. O seu actual apoio é a melhor prova.
Uma
das medidas publicas que é do conhecimento geral, foi a passagem do Futebol
Feminino par o sector do futebol e o regresso do Futsal ao sector das Amadoras.
Quer explicar quais as razões que o levaram a tomar tais medidas?
Resultou basicamente de uma acordo que realizamos com o
Vice-Presidente do Futebol de Formação, Ricardo Silva. Utilizando o Futebol
Feminino e os vários escalões do futebol de formação os mesmos espaços de
treino e jogo, a forma mais rápida e eficaz na gestão desta Modalidade seria a
sua integração nessa Vice-Presidência. Esse facto foi entendido por ambas as
partes e a transferência de responsabilidade foi imediata.
Relativamente ao Futsal, a sua passagem para a
responsabilidade desta Vice-Presidência (só durante os 6 meses anteriores é que
a situação foi diferente) foi motivada pelas mesmas razões que presidiram á
passagem do Futebol Feminino para a responsabilidade do Futebol de Formação, ou
seja, sendo os espaços de treino e jogos desta Modalidade comuns ao Voleibol e
Andebol, não faria sentido outra solução.
Vamos
partir com pensamento positivo e considerar que o Plano de Revitalização é
concretizado e o Futebol Profissional regressa ao primeiro escalão do futebol
nacional. Esses factos terão, em sua opinião, alteração no
desenvolvimento e futuro das Amadoras?
Naturalmente que esses dois factos que nomeou são fundamentais para o
futuro de todo o universo Boavista.
Relativamente ao PER, temos fortes esperanças que tenha um
desfecho positivo. No entanto, temos de ter a consciência plena que, mesmo após
concretizado, vai continuar a exigir de todos um grande rigor e empenhamento
para mantermos em actividade de forma saudável e com sucesso desportivo as nossas
Modalidades.
No que se relaciona com o futebol profissional, julgamos
que hoje é quase unânime no País que o Boavista tem de ser reposto no lugar de
onde nunca deveria ter sido excluído e também, financeiramente, ser devidamente
indemnizado pelos graves prejuízos que foi vítima. Esperamos que tal aconteça
e, naturalmente, todo o Clube irá beneficiar desse regresso á normalidade.
A
forma atual de sobrevivência das Amadoras está esgotada, ou podemos continuarcom esta “ginástica” de gestão mais quantas épocas?
Pelas razões que anteriormente tivemos oportunidade de
referir, neste momento existem muitas incógnitas relativamente ao futuro do
Clube, em particular nas condições que poderão vir a existir após a conclusão
dos processos em curso. Como é normal, todos nós ambicionamos o melhor para as
nossas Modalidades (condições de trabalho, equipamentos, acesso aos melhores
Técnicos e Atletas, ...) de forma a podermos “conquistar” para o Clube os
melhores resultados desportivos e uma grande notoriedade. O passado recente e o
presente não têm permitido ter acesso a tudo o que ambicionamos. No entanto, também
já demonstramos que o Clube pode contar connosco para “lutar” com todas as
forças para aguentar esta dificil situação, porque também sentimos que o Clube
tem futuro. Respondendo concretamente á pergunta que coloca, o presente do
Clube é difícil temos a plena consciência que vai continuar a ser difícil mas
não vamos capitular. Temos esperança que o futuro nos vai recompensar.
O que considera indispensável para a sobrevivência das modalidades no Boavista?
Acima de tudo a disponibilidade e motivação de todos
aqueles que, apesar das contrariedades sentidas, continuam a trabalhar e a
“lutar” diariamente em prol do Clube.
Naturalmente que a nossa ambição passa por recuperar as
condições logísticas que já tivemos no passado (nomeadamente Pavilhão, Ginásio
de competições) e que o Clube possa ter outras condições financeiras de “apoio”
ás Modalidades que nos permitam também concretizar outros objectivos (no
presente, todas as nossas energias são direcionadas na angariação de receitas
que possam fazer face ás necessidades existentes).
Entrevista de
Manuel Pina