terça-feira, 22 de agosto de 2017

FUTSAL - FILIPE MIRANDA (BUFFON) LANÇA A NOVA ÉPOCA

Filipe Miranda, conhecido no mundo do futsal, como Buffon, regressa ao cargo de director desportivo da equipa sénior de futsal. No dia do arranque para a nova época, entrevistamos este homem que esteve em todos os Grandes momentos do futsal axadrezado e que regressou, para ajudar na recuperação do Boavista ao lugar que merece e tem por direito próprio.

Este será um “dois anos em um”
 reestruturar e subir

Não valerá a pena perdermos muito tempo a falar do passado, mas não podemos, simultaneamente, deixar de nos debruçarmos sobre ele. Como é que ex-atleta e ex-dirigente do Boavista, vê a actual situação do futsal do Clube, inserido em campeonatos distritais?

Eu não desejava falar do passado, porque a nossa missão, é virar esta página na história do futsal do Boavista, mas reconheço, que foi muito mau esta descida a campeonatos distritais. Compete-me é falar do futuro, e de todos unidos, colocarmos o Boavista no lugar a que tem direito por mérito próprio.

Como denominarias este ano. Ao ano zero, o ano um, ou até o não menos um, de uma reestruturação?

Vamos começar de uma estaca zero, até porque o Boavista há muitos anos que não compete no campeonato de Élite, assim e como é lógico, a primeira aposta e regressar, logo no primeiro ano às competições de nível nacional. O Boavista não pode andar nestes escalões e isto, nunca mais, pode voltar a acontecer.
Por tudo isto, este ano, será o da reestruturação e tem que ser, o do regresso ao nacional.

O plantel de conseguiste, com a concordância e apoio natural do Sérgio, dá garantias para esse objectivo?

O projecto é feito em comum com o Sérgio Carvalho. O Sérgio, foi recuperar os jovens, que não eram os homens, mas sim, os miúdos dele. 
Esses miúdos, foram formados no clube e são a cara do Boavista Futebol Clube. Juntamos estes jovens a mais três/quatro que vieram de fora, formando um grupo que sente a camisola, que sabe qual o objectivo a que nos propomos e que sabe quanto terá que trabalhar, para conseguirmos esse resultado. Têm a consciência do peso da camisola do Boavista, e estão prontos abraçar este projecto e prontos para subir ao Nacional.

No grupo de trabalho, facilmente se verifica, para além do teu regresso, outros regressos do Sérgio Carvalho, do Carlos Alberto e do teu grande amigo Alexandre Peixoto. Gente que esteve nos momentos altos do Clube e regressa nesta fase. Foi fácil convenceres esses membros a regressar?

Quando as pessoas passam por um clube e sentem a camisola desse clube – independentemente se na sua essência, são adeptos de outros clubes – ficam sempre ligados a esse clube. 
Ao sentirem esta situação, acharam que seriam úteis e… estão cá para ajudar. Para se fazer uma reestruturação de jogadores e de staff, fomos buscar pessoas que têm a consciência e conhecimento do peso que o Boavista teve no passado e que apostam em o fazer recuperar. 
São pessoas que trabalham em prol do Boavista, não olham para outros meios e todos têm as mesmas ideias. Para ver quanto estas pessoas gostam do Boavista, logo que o Clube cai na Élite, os homens que estiveram cá nos grandes tempos, de imediato se prontificaram a vir ajudar no regresso, agarrando o projecto que estabelecemos. 
Foi fácil juntar estas pessoas todas, porque o amor, o orgulho de ter representado o Boavista, nunca desaparece do nosso coração.

Mas, homens como o Sérgio Carvalho, como o Alex e o Carlos Alberto serão um exemplo para os nossos jovens. Concordas?

Concordo, porque os jovens vão ver e interpretar “estes homens são os participaram nos tempos áureos do Boavista, mas também são os homens que vieram para ajudar a tirar o Boavista de onde está” isso, vai obriga-los a nunca virar a cara à luta. Claro que para além do valor de quem regressou, serão sempre um exemplo.

Esse exemplo, pode ser extensivo aos adeptos?

Pelo “feedback” que nos tem chegado, também os adeptos reconhecem esse gesto destes regressos e sentem que estamos cá para inverter o estado de coisas. Queremos ter junto a nós os adeptos e os panteras, para ajudar as pessoas que deram títulos ao Clube e nos juntarmos todos, para o regresso ao Nacional. Conto e estou certo, que os adeptos estão atentos e irão responder positivamente.

Os trabalhos de pré-época começam hoje, qual é o programa para os primeiros dias?

O que está programado é o básico de uma pré-época. Muito treino e muito treino, para um trabalho intenso e sempre sentindo que há rapazes, que não estarão habituados a este nível de rigor e que terão que se adaptar a uma equipa técnica nova, mas com todo o conhecimento da modalidade, com métodos e visões diferentes do habitual.

Está decido o pavilhão a utilizar para a época?

À priori, desejamos jogar no Fontes, que é um pavilhão que nos diz algo, que fica perto do nosso estádio. Onde a nossa massa adepta terá mais facilidade de ver os jogos.

Têm a consciência que qualquer pavilhão que o Boavista visite, será “o pai de todos os jogos “ para a equipa da casa? Os adeptos acham que vamos ganhar os jogos todos. Que dizes sobre isso?

Este campeonato não vai ser tão fácil como as pessoas pensam. Há equipas na Élite que têm excelentes jogadores. Tenho respeito por todos clubes, mas há alguns que não os conheço. Acredito que em alguns pavilhões, não vai ser nada fácil jogarmos.

Todo o mundo do futsal nacional conhece e respeita o Buffon. Conheces dirigentes, árbitros, jogadores a nível nacional, mas nesta realidade as coisas mudam de figura. No nacional és um peixe dentro de água e agora na Élite, serás um peixe fora de água?

Sinto-me um pouco fora de água, porque não me lembro de ver o Boavista a disputar estes campeonatos de nível distrital, mas um coisa eu sei e garanto. Vou ser sempre o mesmo. A minha postura com os árbitros será sempre a mesma. Não quero que nos deem nada, mas também, não quero que nos tirem nada.

Será importante o Boavista regressar brevemente ao primeiro escalão, que cada vez está mais alicerçado nos “clubes de camisola”?

A minha experiência, faz-me registar, que muitos clubes que tinham potencial no futsal, foram desaparecendo e os “clubes de camisola” ficaram, ocupando grande percentagem do primeiro escalão. 
Sendo o Boavista, um dos pioneiros do futsal nacional, tem obrigatoriamente, de ocupar o seu lugar na primeira divisão nacional, garantindo o seu lugar entre os maiores. É um clube de camisola, é um clube com títulos é um clube que tem formação.

O Boavista é um clube de formação, mas que aproveita e promove poucos os jogadores que forma. Isso vai ser alterado?

O Boavista já formou e vendeu jogadores que são actualmente jogadores da seleção Nacional. Temos que voltar a esses tempos.
A nossa formação esteve igual à equipa sénior. Não quero falar do passado, mas tenho que registar a época da nossa equipa deste ano de sub 20. 
Com  as dificuldades que todos os clubes sentem e nós particularmente, temos que utilizar a nossa formação na alimentação da nossa equipa sénior. Em tempos idos, isso foi uma realidade que voltará a ser. Brevemente, vamos colher os frutos da nossa formação.

O Buffon está ansioso, pelo início de uma guerra para o regresso ao nacional?

Muito, mas mesmo muito. Nos últimos dois anos, perdi aquele bichinho que tinha pelo futsal. Com o convite do Morais e do Sérgio, para agarrar este projecto, o bichinho renasceu e … estou muito ansioso para poder começar.