Com o aparecimento das “SAD” no desporto português cavou-se um fosso de separação nas realidades dos clubes desportivos – ao qual alguns adeptos teimam em ignorar - ou simplesmente, não entender. O surgimento das “SAD” que pessoalmente, acho negativo, permitiu a todos os clubes darem um passo em frente… rumo ao abismo, contrariamente ao que supunha conseguir! Esta introdução, foi criada, visando unicamente, a angariação de fundos para o futebol.
O que nos interessa, no entanto, debater, é simplesmente a divisão que automaticamente se criou entre o futebol e as modalidades (ditas, em alguns clubes) de Amadoras.
O Boavista foi um dos clubes que optou pela criação de uma SAD, dividindo o interesse do Boavista Futebol Clube em dois sectores desportivos. Obviamente os adeptos não querem e teimam em não aceitar, esta divisão, continuando a “sentir” o emblema como um uno e indivisível. Mas tal, não é a realidade, por muito que custe aceitar ou entender.
A SAD do Boavista, gere unicamente o futebol. Tem um número de Contribuinte diferente do Clube mãe. O Boavista Futebol Clube, possui algumas das acções da SAD e faz parte, parcialmente, dessa mesmo Organismos desportivo. O Boavista FC gere todas as modalidades extras que não sejam o futebol.
Não será mais correcto – em vez de chamar Amadoras a essa modalidades – simplesmente denominá-las como Boavista Futebol Clube?
Mas em meu entender, o que se mostrou ser bastante grave, foi a nomear a mesma pessoa para Presidente da SAD e simultaneamente Presidente do Clube. Registo que este facto é comum em todos os Clubes portugueses, o que não me impede de manter a mesma visão do assunto. Acho um erro crasso!
Sem colocar - em questão a honestidade de nenhum destes presidentes comuns aos dois Organismos – as dificuldades actuais permitem (obrigam???) a uma certa e obrigatória promiscuidade na tentativa de conseguir soluções para encontrar soluções para a resolução dos problemas diários. Exemplificando… se a SAD tem problemas imediatos, será fácil, recorrer ao Clube, para solucionar esse pormenor com a esperança de devolver ao mesmo cofre, o valor levantado. Só que na realidade – que se tem verificado – é que o dia da reposição desse valor… quase nunca acontece…
Tudo seria mais fácil, se os dois Organismos (Clube e SAD) tivessem dois Presidentes Autónomos e independentes, que poderiam sempre colaborar, na defesa do emblema, e que, forçosamente teriam de acertar contas o mais urgente possível, para defender as suas responsabilidades institucionais. O Presidente da SAD defenderia o futebol, o Presidente do Clube defenderia as restantes modalidades… o Clube!
Falando do Boavista, essa situação não acontece como todos sabemos. Facilmente, entendo, que o Presidente comum, opte por defender os interesses da SAD secundarizando as modalidades. Entendo, porque os adeptos lhe exigirão sempre mais do futebol que das modalidades. Sejamos directos. Se o andebol ou o futsal perderem, paciência… se a derrota for no futebol (que não é o Boavista FC, mas a SAD à qual o Boavista pertence) aí as coisas serão graves… é este o pensar da maioria dos adeptos axadrezados. Por este motivo, o Presidente opta por se defender, deixando as modalidades afastadas.
Qual a solução dentro deste panorama e contexto?
Escolher para as Amadoras um Vice-presidente forte e com plenos poderes. Dar a este vice o direito de organizar e estruturar as modalidades, com plena responsabilidade. Para isso, obviamente, teria que ser atribuído um Orçamento real e capaz para sustentar todo o sector Amador.
Abrir-se-ia deste modo, um problema como conseguir receitas para esse Orçamento?
É a questão mais simples, mas que não se encontra activa, porque a SAD não permite. As receitas do Boavista FC - bingo, e rendas que a SAD terá que pagar ao Clube, pelas instalações que utiliza… e pouco mais – deveriam obrigatoriamente ser para liquidar as despesas do Boavista FC e aplicar no Orçamento das Amadoras. Todos os departamentos Amadores deveriam por si, apresentar e ter um Orçamento próprio e colaborar em algumas despesas mais pequenas.
Esta solução é contrariada e anulada, pela necessidade que a SAD tem e que absorvem todas as recitas provenientes do universo Boavisteiro – às quais não tinha direito – porque uma das obrigação de TODAS as SAD é que se sustentem a elas próprias. Voltamosentão, á culpa que os adeptos têm em todo este processo, ao preferirem o futebol, em detrimento do restante. Não vêm, ou não querem ver que desta forma, toda a estrutura do Boavista caminha para um futuro… sem visão de futuro!
Já poucos acreditam no processo que a SAD tem com a FPF e consequentemente, poucos esperam receber alguma indeminização. Mas, mesmo nesse campo, eu interrogo. Se a indeminização – na qual, como é do conhecimento geral eu não acredito – um dia fosse atribuída, seria esse valor capaz de cobrir os deficits actuais? E, ainda na suposição de tal desfecho positivo, a quem caberia o direito d a receber? Aí respondo, à vontade. Quem se acharia com direito seria a SAD! A SAD ficaria com esse valor! Então e o Boavista Futebol Clube, que durante anos faz sobreviver a SAD, em prejuízo da sua existência, não receberia nada?
Claro que também a qui, a maioria estaria de acordo com esta solução. Por este prisma a vida e o futuro das modalidades do Boavista se apresenta muito complicado.
Na carta de despedida do ex-vice-presidente, que diga-se em abono da verdade, nunca teve – nem o anterior – uma situação de independência financeira e por isso daí fica ilibado de culpas. Terá sido por isso que se demitiu? Se foi, concordo perfeitamente com ele, embora lamentando que não tenha dado antes um” murro na mesa “ se o deu ninguém ficou a saber… mas regressando ao meu pensamento, sobre a carta de despedida. Nela foi utilizado uma falácia por demais enganosa, para deixar passar ao lado. Falo das Modalidades do Boavista, ou melhor dizendo, do seu número real.
Se analisarmos um anexo nessa carta é nos dado, o número de trinta e quatro modalidades no Boavista…
Sem desejar entrar em pormenores, devo realçar que esse número é conseguido com grade “Ginástica” ao entender como modalidades, as várias especialidades da Ginástica e algumas vertentes desportivas que alguns desportistas solicitaram (para elas) o nome do Boavista.
De novo, tentarei exemplificar.
Mergulhos, Paintball, Rugby , Futebol americano etc… aparecem utilizando o nome do Boavista a pedido de alguns amigos, que querem oficializar a sua actividade. Mesmo o Hóquei em Patins vive um pouco dessa situação. Certo que tudo terá sido feito correctamente – não duvido – e na melhor das intenções. Certo que o Boavista nada despende com eles. Mas ganhará alguma coisa?
Eu acho que não! As modalidades não utilizam espaço axadrezado e vivem de certa forma ao lado do Clube. Para além disso como posso aceitar uma modalidade – como modalidade - se não tem competição? Mais não passa de um grupo de desportista que ocupa o seu tempo com uma actividade que gosta, que não poderia fazê-lo sem usar o Nome do Boavista FC.
Integra-los na estrutura do Clube é vender – barato – o nome do Boavista para ganhar um número apenas isso… um número! Imaginam o FC Porto ou o SL Benfica aceitarem tal proposta, só par terem mais uma (dita) modalidade? Claro que não! E em que é, que os nomes do o Porto ou o Benfica são maiores que o do Boavista?
Somos nós que temos que defender o nosso nome!
Somos nós que temos que defender o nome das Amadoras, porque estamos a defender o nome do Boavista Futebol Clube.
É obrigação de todos os boavisteiros “aliviarem” a pressão que exercem sobre o Presidente da SAD e libertem o Presidente do Clube, para assegurar a única parte que vislumbro como viável neste Universo axadrezado.
Apostar tudo no futebol, é para mim, uma aposta errada! Deixo aqui o meu “pensamento” e opinião, para num futuro que não prevejo distante, saber se tinha ou não razão. Faço-o com a coragem – e sem receios – de pessoa livre, interessada e de voz activa.
Defender as modalidades, caros amigo(a)s é defender o futuro do Boavista, porque as modalidades Amadoras são o Boavista Futebol Clube!
Viva o Boavista FC
Artigo de opinião de;
Manuel Pina Ferreira