Manuel Azevedo, completou em 27 de Dezembro a “bonita” idade de 40 anos, mas continua a ser um dos indiscutíveis da equipa de Alberto Melo.
Compartilha e “discute” com o seu filho um lugar na equipa sénior do Boavista. É um caso raro de longividade, de humildade e grande valor.
Quando assinaste pelo Boavista prometias ser a última época da tua carreira, mas afinal continuas activo. E esta será a última?
Vamos ver se sim ou se não, não prometi que seria a minha última época, apenas ponderei esse facto, mas no final da época tive uma conversa com o mister Berto onde ele disse que continuava a contar comigo e que tinha muito gosto na minha continuação no plantel, de pronto aceitei este desafio.
Fisicamente como te sentes?
Sinto-me bem, é claro que já não sou jovem nem tenho o fulgor de outros anos atrás, reconheço que depois dos jogos e treinos me sinto desgastado, cansado mas uma coisa é certa, dou tudo o que posso e tenho em defesa deste emblema, disso não me podem acusar.
Um jogador com a tua idade, no meio de uma equipa jovem, jogando tanto tempo em cada jogo. Dá um orgulho pessoal ocupar um lugar de um atleta que podia ser teu filho?
Com certeza que é um motivo de orgulho ter a idade que tenho e ainda confiarem nas minhas capacidades mas também penso que não estou a ocupar o lugar de ninguém muito menos o do meu filho.
Se estou aqui e se sou utilizado é porque as pessoas, neste caso a direcção e a equipa técnica continuam a acreditar que sou útil para a equipa, apenas ocupo o meu lugar e nunca o lugar de ninguém.
O teu filho (Jotinha) joga na tua equipa. É mais um colega ou é umjogador especial?
É claro que é um jogador muito especial até porque é meu filho mas dentro do campo é um colega como os outros.
Alguma vez pensaste que esta situação aconteceria (pai e filho na mesma equipa)?
Sinceramente nunca pensei nisso até porque só vim para o Boavista a época passada e o meu filho já cá está desde os infantis e ainda era júnior, o ano passado ainda chegou a fazer alguns jogos pelos seniores.
Umas das razões que me fazem estar aqui este ano é ele, ajuda-lo naquilo que sei e posso e também na integração nos seniores.
A situação do Boavista é difícil. Sentes essa situação de forma especial? Deixaste-te envolver e ficaste para ajudar?
Claro que sinto esta situação de uma forma especial até porque pessoalmente tenho responsabilidades acrescidas porque me foi confiada a braçadeira de capitão, do qual me orgulho muito, fiquei para ajudar e também tenho a certeza que todos os meus colegas sentem esta situação tanto como eu e estão aqui de corpo e alma para ajudar este grande clube.
O que pensas deste campeonato (globalmente)?
Penso que a equipa do Módicus é a mais forte deste campeonato sendo que há depois três equipas com condições de subida nomeadamente Rio Ave, Viseu e Braga e as outras restantes vão ter uma luta renhida para não serem despromovidas, mas é sem duvida um campeonato para mim nivelado por baixo, joga-se mais com o coração do que com a cabeça.
E a nível do Boavista. Até onde pode ir?
No inicio da época pensei que poderia ir longe até porque temos um plantel com uma mescla de muita experiência e juventude e o que é certo é que os resultados não têm sido bons, na prática não temos sido fortes apesar da entrega de todos os que compõem o plantel, também com várias lesões nomeadamente do Fabinho que quer queiram quer não era uma maior valia para o nosso plantel e a equipa até agora que não conseguiu suprimir a sua falta.
Penso que temos de pensar jogo a jogo e fazer muito mais do que temos feito para conseguirmos rapidamente fugir dos lugares de aflição.Gostaria de dar uma palavra de apreço e agradecimento á claque do Boavista, os Panteras, que independentemente dos nossos maus resultados têm sempre acompanhado e apoiado a nossa equipa, são os maiores, para eles o meu muito obrigado por tudo. Força Panteras.
No futuro. Acabando a carreira, vamos ter o Azevedo numa equipa de veteranos, a treinador... ou recolhido em casa?
Sinceramente ainda não pensei nisso até porque uma pessoa faz projectos para o futuro e depois nada acontece como projectamos. Uma coisa é certa, gosto demais daquilo que faço, parar é morrer.
Para te identificarem melhor. Faz um resumo da tua carreira. Onde começaste, que clubes representaste e os títulos mais importantes?
Comecei desde criança (6 anos) no futebol de salão na Associação de Moradores de Massarelos onde aos 17 anos fui campeão nacional sénior da 2ª divisão.Depois com dezoito anos ingressei nos Académicos onde tive 1 ano, 6 anos no Freixieiro onde fui campeão Ibérico de clubes e também vice-campeão nacional de futebol de salão (1ª divisão.
Estive sete anos na Joarte onde me estriei no futsal, de seguida tive 2 anos no Alpendurada onde fui campeão nacional de futsal (2ª divisão).Continuei a carreira durante 1 ano no Módicus, 1 ano no Famalicense, 2 anos no Miramar e por fim vai para 2 anos que estou no Boavista.
Nota do editor;
Um exemplo de dedicação e mais valia, que tivemos oportunidade de acompanhar durante grande parte da sua carreira, de várias formas, chegando a ser dirigente deste Grande jogador!
Um exemplo de dedicação e mais valia, que tivemos oportunidade de acompanhar durante grande parte da sua carreira, de várias formas, chegando a ser dirigente deste Grande jogador!
Entrevista realizada por
M. Pina
M. Pina