Guilhermina Rodrigues, é a treinadora da formação das equipas
de Voleibol da escola de Lamaçães. Iniciou
um projecto (quase) único no nosso país que liga desporto escolar ao desporto
de competição, mas mais que isso, esta Senhora, foi atleta e campeã Nacional
pelo Boavista.
Como se iniciou no Voleibol?
Comecei com doze anos, no vitória de Guimarães, onde estive durante
dez anos, com o professor Luís Lucas como treinador. Nessa altura, estava a
tirar um curso de preparação física no Porto e quando ia para o quarto ano do curso, o Vitória terminou com a secção de Voleibol e assim fiquei livre.
E apareceu o Boavista?
Exactamente, que me apresentou um convite que eu aceitei com
total agrado e passei a representar o Boavista, sob o comando técnico do professor José
Machado.
Esteve cá uma época, mas foi uma época positiva?
Muito positiva e devo dizer, que só não continuei no clube porque
termine o curso e saí da cidade do Porto. Nessa época, de oitenta e oito, oitenta e nove, vencemos o Campeonato Nacional e a
Taça de Portugal.
Recorda-se do nome de algumas colegas?
Lembro, se não de todas, lembro-me de muitas, por exemplo: das
minhas amigas Maria José e Maria Schuller, da Isabel, esposa do professor
Carlos Prata, a Lúcia e sua irmã, a João Semedo …
Muita gente… (interrompemos)
Muita gente, mesmo!
Actualmente é professora na escola de Lamaçães?
Sou do quadro da escola, senão era impossível fazer este
trabalho com esta equipa, que é um trabalho de continuidade. Quando terminei
como atleta resolvi dedicar-me ao treino de jovens, que era aquilo que eu
gostava e fi-lo na escola node estou a dar aulas.
Apresentar uma equipa de uma escola no desporto de
competição é muito raro. Como aconteceu este projecto?
Tudo tem base no âmbito do desporto escolar, com apenas, a diferença da equipa
competir no federado.
Parece uma resposta fácil mas antes de a aprofundar,
permita-me outra questão. Esta equipa federada, compete também no desporto escolar?
Sim! Esta é a equipa da escola que participa no desporto
escolar, mas completada, com outras miúdas que queiram participar, com todo o direito, nos
jogos do desporto escolar. Mas é basicamente esta a equipa da Escola de Lamaçães.
Temos muitas praticantes, mas na equipa federada, serão cerca de quinze ou
dezasseis.
Este projecto, ou se quiser, este clube, quantos anos tem?
Tem dezasseis anos. Estivemos em onze fases finais e fomos
cinco vezes campeões nacionais, de infantis e iniciadas. Estou neste projecto
desde mil novecentos e noventa e nove, desde o seu início,
Sente-se compensada?
Muito compensada e muito realizada.
Você acaba por ser, como desportista, um exemplo a seguir
que une e derruba muros. Nasceu e começou em Guimarães, foi campeã no Boavista
e está ligada ao Braga. Uniu os três “inimigos de estimação”. Como é essa
ligação ao SC Braga?
Propus ao Braga, um protocolo que foi aceite. Eu faço a formação de
Infantis e Iniciadas, sempre, que depois passam para o Braga. Já passei para lá
oito gerações de atletas.
O professor Carlos Simão, chamou-a junto às atletas do
Boavista e na prelecção que deu apresentou-a como um exemplo e apontou várias
jogadoras seniores do Braga que passaram pela sua mão. Designou-a como e melhor
formadora de Voleibol do nosso país. Como se sentiu?
Muito feliz, naturalmente. Mas modestamente, o que interessa
é que pessoas como eu e o Simão, ajudemos a formar esta juventude como atletas e
gente do amanhã. Agradeço a referencia do Simão.
Como explica que um projecto deste seja raríssimo em
Portugal?
Tem muito a ver com os recursos humanos e pessoas. Eu, por
exemplo, gostava que quando saísse, o projecto continuasse, mas tem muito a ver
com as pessoas. Infelizmente, em Portugal dependemos muito das pessoas e
recursos humanos.
Porque não se faz com que o desporto de escolar e desporto
de competição tenham um elo de ligação?
Agora, já vai havendo e foi isso, que aproveitei para lançar
este clube. Para as miúdas é bom. Estão na escola, acabam as aulas, entram no
treino.
Estive a falar com as suas atletas/alunas e expliquei-lhes quem é
a sua treinadora/professora. Aplaudiram entusiasmadas (parece que não sabiam) e
expliquei que este clube (nestas bases, é quase único em Portugal. Concorda comigo
e porque este clube, não tem mais “irmãos”?
Primeiro porque tem que haver pessoas que se dediquem. Depois as próprias escolas terão que ver, com outros olhos o desporto escolar e
a passagem para a competição. Mas acredito, que seria e deveria ser este o
molde a seguir para as jovens desportistas/atletas.