quinta-feira, 24 de setembro de 2015

ENTREVISTA COM GUILHERMINA RODRIGUES, UMA CAMPEÃ DE VOLEIBOL DO BOAVISTA

Guilhermina Rodrigues, é a treinadora da formação das equipas de Voleibol  da escola de Lamaçães. Iniciou um projecto (quase) único no nosso país que liga desporto escolar ao desporto de competição, mas mais que isso, esta Senhora, foi atleta e campeã Nacional pelo Boavista.

Como se iniciou no Voleibol?

Comecei com doze anos, no vitória de Guimarães, onde estive durante dez anos, com o professor Luís Lucas como treinador. Nessa altura, estava a tirar um curso de preparação física no Porto e quando ia para o quarto ano do curso,  o Vitória terminou com a secção de Voleibol e assim fiquei livre.

E apareceu o Boavista?

Exactamente, que me apresentou um convite que eu aceitei com total agrado e passei a representar o Boavista, sob o comando técnico do professor José Machado.

Esteve cá uma época, mas foi uma época positiva?

Muito positiva e devo dizer, que só não continuei no clube porque termine o curso e saí da cidade do Porto. Nessa época, de oitenta e oito, oitenta e nove, vencemos o Campeonato Nacional e a Taça de Portugal.

Recorda-se do nome de algumas colegas?

Lembro, se não de todas, lembro-me de muitas, por exemplo: das minhas amigas Maria José e Maria Schuller, da Isabel, esposa do professor Carlos Prata, a Lúcia e sua irmã, a João Semedo …
Muita gente… (interrompemos)
Muita gente, mesmo!

Actualmente é professora na escola de Lamaçães?

Sou do quadro da escola, senão era impossível fazer este trabalho com esta equipa, que é um trabalho de continuidade. Quando terminei como atleta resolvi dedicar-me ao treino de jovens, que era aquilo que eu gostava e fi-lo na escola node estou a dar aulas.

Apresentar uma equipa de uma escola no desporto de competição é muito raro. Como aconteceu este projecto?

Tudo tem base no âmbito do desporto escolar, com apenas, a diferença da equipa competir no federado.

Parece uma resposta fácil mas antes de a aprofundar, permita-me outra questão. Esta equipa federada, compete também no desporto escolar?

Sim! Esta é a equipa da escola que participa no desporto escolar, mas completada, com outras miúdas que queiram participar, com todo o direito, nos jogos do desporto escolar. Mas é basicamente esta a equipa da Escola de Lamaçães. Temos muitas praticantes, mas na equipa federada, serão cerca de quinze ou dezasseis.

Este projecto, ou se quiser, este clube, quantos anos tem?
Tem dezasseis anos. Estivemos em onze fases finais e fomos cinco vezes campeões nacionais, de infantis e iniciadas. Estou neste projecto desde mil novecentos e noventa e nove, desde o seu início,

Sente-se compensada?
Muito compensada e muito realizada.

Você acaba por ser, como desportista, um exemplo a seguir que une e derruba muros. Nasceu e começou em Guimarães, foi campeã no Boavista e está ligada ao Braga. Uniu os três “inimigos de estimação”. Como é essa ligação ao SC Braga?

Propus ao Braga, um protocolo que foi aceite. Eu faço a formação de Infantis e Iniciadas, sempre, que depois passam para o Braga. Já passei para lá oito gerações de atletas.

O professor Carlos Simão, chamou-a junto às atletas do Boavista e na prelecção que deu apresentou-a como um exemplo e apontou várias jogadoras seniores do Braga que passaram pela sua mão. Designou-a como e melhor formadora de Voleibol do nosso país. Como se sentiu?

Muito feliz, naturalmente. Mas modestamente, o que interessa é que pessoas como eu e o Simão, ajudemos a formar esta juventude como atletas e gente do amanhã. Agradeço a referencia do Simão.

Como explica que um projecto deste seja raríssimo em Portugal?

Tem muito a ver com os recursos humanos e pessoas. Eu, por exemplo, gostava que quando saísse, o projecto continuasse, mas tem muito a ver com as pessoas. Infelizmente, em Portugal dependemos muito das pessoas e recursos humanos.

Porque não se faz com que o desporto de escolar e desporto de competição tenham um elo de ligação?

Agora, já vai havendo e foi isso, que aproveitei para lançar este clube. Para as miúdas é bom. Estão na escola, acabam as aulas, entram no treino.

Estive a falar com as suas atletas/alunas e expliquei-lhes quem é a sua treinadora/professora. Aplaudiram entusiasmadas (parece que não sabiam) e expliquei que este clube (nestas bases, é quase único em Portugal. Concorda comigo e porque este clube, não tem mais “irmãos”?

Primeiro porque tem que haver pessoas que se dediquem. Depois as próprias escolas terão que ver, com outros olhos o desporto escolar e a passagem para a competição. Mas acredito, que seria e deveria ser este o molde a seguir para as jovens desportistas/atletas.