Rita, passadas as emoções da chegada ao clube do teu coração, vamos
agora mais calmos fazer uma análise a todo o processo. Como surgiu esta
oportunidade de concretizares esse teu sonho?
Saio um pouco triste do Espinho, porque não se conseguiu cumprir todo
o acordado entre as duas partes, ao contrário da época anterior na qual tudo
resultou e foi cumprido muito bem. Na época anterior deram-me condições que
muitos clubes não conseguiram dar mas este ano as coisas não foram possíveis de
concretizar.
Comecei, por esta parte, porque um atleta entrega-se sempre ao clube que
representa e quando se dá um corte na relação, fica sempre um sentimento de
tristeza.
Registado esse facto, passemos à transferência. Como aconteceu?
O SC Espinho, como não conseguia cumprir o contrato, colocou-me a
condição de me permitir passar a correr como individual, ou transferir-me para um clube que me desse
essas condições, libertando-me do contrato assinado. Eu, que sempre tive um desejo de
praticar as modalidades que pratico, no clube do meu coração, resolvi transferir-me
para o Boavista, mesmo sabendo que o clube não poderá dar-me as condições que usufruía
no Espinho.
Vamos clarificar a situação. Tu noutras modalidades já és atleta do
Boavista. Confirmas?
Sou atleta do Boavista em Atletismo e Ciclismo.
Sabendo que o Boavista, não pode oferecer-te as condições de outros
clubes, essa transferência é só por amor ao Clube? A tua carreira não poderá
vir a sofrer com isso?
Primeiro de tudo, tenho que me inserir na equipa do Boavista, onde caí
um pouco de para-quedas. Vou tentar participar nas provas que conseguir, dentro
do orçamento da equipa.
Pessoalmente e a curto prazo, vou tentar forma de
conseguir apoios extras ou patrocinadores para que a carreira não tenha
retrocessos. Reconheço que terei que pôr algum do meu bolso para participar nas
provas que são necessárias.
Sei que o clube, neste momento, não me pode
oferecer tudo o que é indispensável, mas confio que se irá estudar uma solução para o futuro. Confio e deeixo isso para quem de direito e vou cumprir a minha obrigação como
atleta, que é treinar e competir nas provas para vencer.
Com todas estas situações, pergunto, como atleta continuas a apostar
na participação no campeonato do Mundo na Africa do Sul?
É um desejo que tenho, desde que consegui os mínimos para participar. É
o sonho de qualquer atleta e confesso, quero continuar a apostar nessa
participação. Mas sei que é complicado e difícil, porque não tenho a verba necessária
para participar, dado que a federação não nos paga qualquer valor e a África do Sul,
não fica aqui ao lado. Até pode acontecer que o Mundial já transferido para
outro país, dado que a África do Sul, enfrenta um ciclo de grande seca e pode
ter que anular essa organização.
Como te apresentas aos Boavisteiros?
Pratico desporto quase desde que nasci e devo isso ao meu pai, que foi
profissional no atletismo do Boavista, daí considero que nasci no Bessa e assim
sou uma Boavisteira desde que nasci.
Comecei no atletismo e ciclismo. Fui atleta do SC Braga
em atletismo (resido nas Taipas), em provas nacionais e internacionais e
participei no desporto escolar.
Por volta dos treze anos, juntei as três
modalidades que praticava e participei com quinze anos no triatlo da Póvoa de
Varzim. Ganhei a prova e descobri que esta a modalidade para a qual nasci.
O meu pai e um amigo que estavam inscritos no Amiciclo de Grândola, levaram-me
para o clube a aí iniciei oficialmente a minha carreira de triatlo/duatlo, isto
aconteceu em 2010.
E começaste a vencer títulos…quais os mais significativos?
Venci todos os campeonatos nacionais em todos os escalões que
percorri. Participei em Campeonatos do Mundo de duatlo triatlo e Taças da Europa
de triatlo.
Recordas algum desses resultados?
A minha melhor classificação foi o sexto lugar no mundial de juniores
de duatlo. Competi na seleção nacional de ciclismo numa prova por etapas em
França e numa prova em linha em Espanha. Em quase todas as modalidades que
participei fui internacional.
A tua aposta é triatlo/duatlo e as outras modalidades?
As outras modalidades servem para treinar para o triatlo.
Que significado tem para ti seres atleta da modalidade no teu clube?
É uma questão difícil para mim, a minha responsabilidade
aumentou porque eu também sou adepta. Mas é uma felicidade enorme para mim.
Quero
mostrar aos boavisteiros o que é o triatlo e obviamente conquistar o maior
número de títulos possível e levar o nome do Boavista Futebol Clube além-fronteiras.
É este o desejo de qualquer atleta sente
quando representa o clube que gosta.
A aventura vai começar em Viana no próximo domingo. O que esperas?
Vai ser um dia especial, por vestir a camisola do xadrez, no restante
será igual a sempre, vou correr para vencer.