André Luís é
o novo fisioterapeuta do Voleibol da equipa
sénior, mas também estende a sua actividade e conhecimento à formação do volei,
aspirando a ter uma maior influência no universo das Amadoras axadrezadas.
Brasileiro por
nascimento, mas apaixonado pela paz que encontrou no Porto e em Portugal.
Como é
habitual, vamos na primeira questão, identificar o André. Quer ajudar?
Chamo-me, André Luís, nasci no Rio de Janeiro e tenho o curso oficial de fisioterapeuta há
cerca de dez anos. Estou em Portugal há oito meses.
Já trabalhou
na área desportiva?
Já. Quase, durante todos estes anos de prática. Trabalhei no Flamengo, do Rio de Janeiro.
Em que
modalidades, no Flamengo?
Em várias, e
quase, em todas as olímpicas do Flamengo. Na Ginástica olímpica, no Basquetebol,
no Remo, Judo, Natação e no futebol durante um tempo. Para além do clube, exerci
no exército Brasileiro.
Onde trabalha
em Portugal?
Trabalho num
ginásio e estou no Boavista, há cerca de um mês.
Como está a
decorrer a adaptação ao Clube e tem alguma questão que considere necessário
modificar?
O primeiro
contacto, com o Boavista, está a ser excelente. Apesar da estrutura estar algo
debilitada, mas os profissionais que existem (pelo menos) no voleibol, são
excelentes. Quanto à parte de equipamento estrutural, para trabalhar, está um
pouco debilitada realmente, mas será uma questão de tempo.
Entendo, esse facto,
por não terem fisioterapeuta há algum tempo. A gente, vai tentar montar um departamento
médico para dar apoio às atletas e prepara-las para ao invés de lutarem pelo
quarto lugar, passaram a lutar pelo título na próxima época.
Trabalha exclusivamente
com as seniores?
Não. Trabalho,
desde as mirins (minis) até às seniores. Estou atendendo todas as atletas, que
é bem trabalhoso… muitas lesões.
Não tinham
fisioterapeuta e não havia lesões. Acha que é isso?
Pode ser. Mas
temos que trabalhar a parte física delas nos treinos. Quanto mais se trabalhar
esse aspecto melhor para mim. A fisioterapia desportiva, tem que ser uma fisioterapia
preventiva e não podemos esperar, tratar o atleta. A gente tem que evitar que o
atleta se lesione. Tem que ser totalmente preventiva.
Em quantos
treinos está presente?
Em três
treinos por semana e nos jogos de seniores nos fins-de-semana. A ideia era
conseguir um espaço no estádio em que eu pudesse ter um bom posto de trabalho,
em vez de flutuar entre as escolas. Vamos, apostar nesse aspecto no ano que vem
e se isso fosse possível, podia, por exemplo, tratar também das meninas da
Ginástica.
O André,
defende uma grande intensidade de treino, quando há quem defenda o contrário,
para evitar lesões?
Uma intensidade
organizada e programada, para cada atleta é indispensável, neste desportos ditos
colectivos. O desporto pode ser colectivo, mas no conjunto é individual. Cada atleta, tem um organismo próprio. Cada corpo sofre a sua pressão e não podemos olhar de
forma igual para todas as atletas. Temos que descobrir onde a atleta tem a sua deficiência
e levar essa deficiência ao limite, mesmo ao extremo. Mas, não se pode forçar com a
“A” da mesma forma que forçamos com a “B”. Uma, pode ter um problema de salto e
outra, pode ter um problema de resistência.
Já lhe apresentaram
a equipa médica do Boavista, nas Amadoras?
Não, ainda
não conheço nenhum médico, nem nenhum enfermeiro. Estou fazendo o trabalho de
enfermeiro, o que para mim é uma novidade.
Falando sobre
o cidadão. Como está a ser a vida em Portugal?
Isto aqui é
um lugar maravilhoso, se tivesse este conhecimento já teria vindo antes, porque
o Brasil está horrível. A minha família, que está comigo, pensa exactamente o
mesmo.
Mas nós aqui
também não estamos nada bem. Não concorda?
O Brasil
está um caos. A economia é ruim no mundo inteiro, mas a paz que aqui vivemos
não tem nada a ver com a violência que lá se vive. Eu larguei um salário
maravilhoso que tinha, era Militar, mas tenho duas meninas e tive que as
trazer para cá. Largamos tudo, para vir para cá. Aqui estamos muito bem, só o
salário é que ainda não é bom, mas um dia estaremos bem.