Manuel Tavares, Seccionista da equipa
sénior de Voleibol, foi recentemente galardoado como “O Seccionista do
ano” na “3ª Gala das Modalidades Amadoras” realizada no passado dia 27
de janeiro. Nessa condição, realizamos uma entrevista a um homem com uma
vida “cheia” dedicada ao Voleibol nacional.
Principiemos pela identificação do galardoado. Quem é o Manuel Tavares?
Sou Seccionista do Departamento de Voleibol do Clube e tenho 64 anos.
Após distinguido com este importante galardão, pergunto-lhe que significado tem o mesmo para si?
Antes de entrar nesse domínio gostaria de referir
um aspeto que foi muito importante nesta Gala e que foi a excelência da
sua organização. Não posso deixar de me referir, nesta oportunidade, a
uma pessoa que a tem levado à prática, não só este ano, mas também em
anos anteriores e que foram sempre organizações de excelente nível.
Haverá poucos Clubes em Portugal, que a nível de modalidades desportivas
organizem eventos com o nível desta gala organizada pelo Boavista.
A pessoa a quem me refiro pelo trabalho e por toda a
envolvência e grandeza, é o Diretor Comercial e Marketing das
Modalidades Amadoras, Carlos Paiva. Tem sido um homem inexcedível e uma
mais-valia para o Clube e espero que se mantenha por muito tempo ao seu
serviço, porque, repito, é um homem de excelência.
Sobre o galardão?
Relativamente ao galardão que me foi atribuído
quero de certo modo, agradecer a algumas pessoas, especialmente ao
Vice-Presidente das Modalidades Amadoras, Eng. António Marques, ao
Departamento de Voleibol, nas pessoas dos seus Diretores, Artur Nunes e
Fernando Pereira e, obviamente, a todas as pessoas que se lembraram do
meu trabalho ao serviço do Clube e do Voleibol.
Não procuro galardões nem condecorações, procuro
sempre fazer o meu melhor em prol do Boavista e do departamento ao qual
pertenço e servindo também o Voleibol. Qualquer outro dos meus colegas
de outras modalidades teria, seguramente, a mesma qualidade para ser
nomeado, mas não posso deixar aqui de prestar o meu agradecimento
público.
No universo do Voleibol, todos conhecem o
Manuel Tavares, mas vamos apresentar um resumo da sua vida desportiva a
todos os restantes associados. Quer apresentar-nos esse resumo?
Quem me marcou no Voleibol do Boavista foi o
saudoso antigo Diretor da modalidade, Alcídio Fonseca. Foi ele que de
certo me lançou para o voleibol em termos de arbitragem, por onde passei
cerca de trinta anos e foi através do Boavista que entrei no setor da
arbitragem a nível nacional.
Qual o nível que atingiu na arbitragem?
Fui árbitro de nível nacional. Considero que poderia ter atingido outros patamares, mas isso nunca me foi proporcionado.
Falemos do Boavista. Há quantos anos está no Clube?
Eu tive uma primeira passagem pelo Boavista, no
tempo do também saudoso antigo Diretor, José Palmeira, a quem numa
conversa pessoal, lhe havia transmitido que quando terminasse a carreira
de árbitro, o ajudaria no departamento de voleibol, o que ele
prontamente aceitou. Mau grado essa minha intenção, infelizmente ele
acabaria por falecer, mas como a sua esposa, D.Graziela Palmeira,
assumiu a direção do departamento, eu mantive a minha palavra e
ingressei no Boavista enquanto Secionista da equipa sénior.
Entretanto saiu e, posteriormente, voltou ao Voleibol do Clube. Quais as razões que o levaram a essas decisões?
Estive no departamento de Voleibol com a D.Graziela
Palmeira durante duas épocas e meia e ao fim dessa terceira época, por
razões pessoais, achei por bem terminar a minha atividade dirigente no
Clube. Entretanto mais tarde, após algumas alterações no departamento, o
novo Diretor, Artur Nunes e o novo Treinador da equipa sénior,
Prof.José Machado, convidaram-me para voltar a fazer parte desse grupo
de trabalho com o intuito de recolocar o voleibol do Clube no seu
verdadeiro lugar nacional, desafio que aceitei. E aqui estou eu,
esperando continuar enquanto me sentir bem e útil e as minhas forças me
permitirem.
Você é um homem indicado para fazer uma
retrospetiva do voleibol do Boavista, de campeão nacional, à passagem
pelo segundo escalão nacional e pelo momento atual. Com vê o voleibol
axadrezado?
O departamento de voleibol tem trabalhado
afincadamente para projetar ainda mais a modalidade dentro do clube.
Fez-se e continua-se a fazer um excelente trabalho na formação.
Naturalmente que ainda há muitos aspetos a considerar e a melhorar para o
seu crescimento quer na formação mas também na equipa sénior que é,
naturalmente, o escalão com mais visibilidade dentro da modalidade do
Clube e dos seus adeptos.
Espero que com o esforço de todos, desde a
Vice-Presidência aos Elementos do Departamento de Voleibol, e com a
competência dos Treinadores e Atletas que já temos e das que venham a
integrar a nossa equipa sénior, possamos atingir níveis mais elevados,
sempre sem descurar os vários escalões de formação que são
importantíssimos para que, num futuro próximo, possam “alimentar” a
equipa sénior, e assim não termos sempre necessidade de recorrer a
atletas não formadas dentro do nosso Clube.
Conhecendo-o como um homem minucioso e de
perfeição que trabalha com profissionalismo, trabalha num projeto
amador? Não há choques pessoais?
Não há contradições absolutamente nenhumas, porque
conheço a realidade do departamento e do Clube. Sei que o Boavista
passou uma fase muito difícil pelo mal que fizeram ao seu futebol
profissional que é, obviamente, a sua mola real e, naturalmente, esse
facto teve repercussões nas diversas modalidades. Reconhecemos a enorme
importância do futebol no clube e, por “arrasto”, as modalidades ou são
prejudicadas ou beneficiadas com o nível de estatuto atingido pelo
futebol. Todavia, sou de opinião que o voleibol tem muito para crescer
dentro do Clube e crescerá, seguramente, porque estão reunidas as
condições, quer presentes quer futuras para que os Elementos que
trabalham no departamento façam um trabalho cada vez melhor e mais
profícuo.
Explique-nos como sendo homem muito calmo e
com um passado no “mundo da arbitragem”, frequentemente se emociona
demasiado com o jogo?
Muito fácil explicar. Eu tenho um grande problema,
porque me custa aceitar as derrotas quando percebo que as mesmas são
fruto de alguns pormenores que, vendo de fora, são pormenores de menor
importância. Ou seja, se uma atleta ou um grupo de atletas não faz as
coisas como me habituei a vê-las fazer nos treinos, essa situação
desagrada-me e a forma de me libertar da pressão pelo que estou a ver é
essa a forma de reagir.
No momento, trabalha com um treinador que admira. Mas no seu passado no voleibol, quais os Técnicos que mais admirou?
Sem dúvida que o Treinador que mais me leva no
coração, não só pela amizade pessoal, mas também pela sua capacidade
técnica, é o Prof. José Machado. Porque efetivamente o Prof. José
Machado foi o Técnico que conseguiu recolocar, com muito sacrifício, a
equipa sénior na 1ª Divisão Nacional, um enorme sucesso naturalmente
partilhado por ele, restante equipa técnica, dirigentes e, obviamente,
pelas Atletas. Não posso esquecer a amizade que nos uniu, que foi
reforçada relativamente á que anteriormente nos unia, porque, de facto,
além de um excelente Treinador é também um excelente Homem.