segunda-feira, 19 de fevereiro de 2018

GALA DAS AMADORAS - ENTREVISTA COM MANUEL TAVARES, SECCIONISTA DO ANO


Manuel Tavares, Seccionista da equipa sénior de Voleibol, foi recentemente galardoado como “O Seccionista do ano” na “3ª Gala das Modalidades Amadoras” realizada no passado dia 27 de janeiro. Nessa condição, realizamos uma entrevista a um homem com uma vida “cheia” dedicada ao Voleibol nacional.

Principiemos pela identificação do galardoado. Quem é o Manuel Tavares?

Sou Seccionista do Departamento de Voleibol do Clube e tenho 64 anos.

Após distinguido com este importante galardão, pergunto-lhe que significado tem o mesmo para si?

Antes de entrar nesse domínio gostaria de referir um aspeto que foi muito importante nesta Gala e que foi a excelência da sua organização. Não posso deixar de me referir, nesta oportunidade, a uma pessoa que a tem levado à prática, não só este ano, mas também em anos anteriores e que foram sempre organizações de excelente nível. Haverá poucos Clubes em Portugal, que a nível de modalidades desportivas organizem eventos com o nível desta gala organizada pelo Boavista.
A pessoa a quem me refiro pelo trabalho e por toda a envolvência e grandeza, é o Diretor Comercial e Marketing das Modalidades Amadoras, Carlos Paiva. Tem sido um homem inexcedível e uma mais-valia para o Clube e espero que se mantenha por muito tempo ao seu serviço, porque, repito, é um homem de excelência.

Sobre o galardão?

Relativamente ao galardão que me foi atribuído quero de certo modo, agradecer a algumas pessoas, especialmente ao Vice-Presidente das Modalidades Amadoras, Eng. António Marques, ao Departamento de Voleibol, nas pessoas dos seus Diretores, Artur Nunes e Fernando Pereira e, obviamente, a todas as pessoas que se lembraram do meu trabalho ao serviço do Clube e do Voleibol.
Não procuro galardões nem condecorações, procuro sempre fazer o meu melhor em prol do Boavista e do departamento ao qual pertenço e servindo também o Voleibol. Qualquer outro dos meus colegas de outras modalidades teria, seguramente, a mesma qualidade para ser nomeado, mas não posso deixar aqui de prestar o meu agradecimento público.

No universo do Voleibol, todos conhecem o Manuel Tavares, mas vamos apresentar um resumo da sua vida desportiva a todos os restantes associados. Quer apresentar-nos esse resumo?

Quem me marcou no Voleibol do Boavista foi o saudoso antigo Diretor da modalidade, Alcídio Fonseca. Foi ele que de certo me lançou para o voleibol em termos de arbitragem, por onde passei cerca de trinta anos e foi através do Boavista que entrei no setor da arbitragem a nível nacional.


Qual o nível que atingiu na arbitragem?

Fui árbitro de nível nacional. Considero que poderia ter atingido outros patamares, mas isso nunca me foi proporcionado.

Falemos do Boavista. Há quantos anos está no Clube?
Eu tive uma primeira passagem pelo Boavista, no tempo do também saudoso antigo Diretor, José Palmeira, a quem numa conversa pessoal, lhe havia transmitido que quando terminasse a carreira de árbitro, o ajudaria no departamento de voleibol, o que ele prontamente aceitou. Mau grado essa minha intenção, infelizmente ele acabaria por falecer, mas como a sua esposa, D.Graziela Palmeira, assumiu a direção do departamento, eu mantive a minha palavra e ingressei no Boavista enquanto Secionista da equipa sénior.

Entretanto saiu e, posteriormente, voltou ao Voleibol do Clube. Quais as razões que o levaram a essas decisões?

Estive no departamento de Voleibol com a D.Graziela Palmeira durante duas épocas e meia e ao fim dessa terceira época, por razões pessoais, achei por bem terminar a minha atividade dirigente no Clube. Entretanto mais tarde, após algumas alterações no departamento, o novo Diretor, Artur Nunes e o novo Treinador da equipa sénior, Prof.José Machado, convidaram-me para voltar a fazer parte desse grupo de trabalho com o intuito de recolocar o voleibol do Clube no seu verdadeiro lugar nacional, desafio que aceitei. E aqui estou eu, esperando continuar enquanto me sentir bem e útil e as minhas forças me permitirem.

Você é um homem indicado para fazer uma retrospetiva do voleibol do Boavista, de campeão nacional, à passagem pelo segundo escalão nacional e pelo momento atual. Com vê o voleibol axadrezado?

O departamento de voleibol tem trabalhado afincadamente para projetar ainda mais a modalidade dentro do clube. Fez-se e continua-se a fazer um excelente trabalho na formação. Naturalmente que ainda há muitos aspetos a considerar e a melhorar para o seu crescimento quer na formação mas também na equipa sénior que é, naturalmente, o escalão com mais visibilidade dentro da modalidade do Clube e dos seus adeptos.
Espero que com o esforço de todos, desde a Vice-Presidência aos Elementos do Departamento de Voleibol, e com a competência dos Treinadores e Atletas que já temos e das que venham a integrar a nossa equipa sénior, possamos atingir níveis mais elevados, sempre sem descurar os vários escalões de formação que são importantíssimos para que, num futuro próximo, possam “alimentar” a equipa sénior, e assim não termos sempre necessidade de recorrer a atletas não formadas dentro do nosso Clube.

Conhecendo-o como um homem minucioso e de perfeição que trabalha com profissionalismo, trabalha num projeto amador? Não há choques pessoais?

Não há contradições absolutamente nenhumas, porque conheço a realidade do departamento e do Clube. Sei que o Boavista passou uma fase muito difícil pelo mal que fizeram ao seu futebol profissional que é, obviamente, a sua mola real e, naturalmente, esse facto teve repercussões nas diversas modalidades. Reconhecemos a enorme importância do futebol no clube e, por “arrasto”, as modalidades ou são prejudicadas ou beneficiadas com o nível de estatuto atingido pelo futebol. Todavia, sou de opinião que o voleibol tem muito para crescer dentro do Clube e crescerá, seguramente, porque estão reunidas as condições, quer presentes quer futuras para que os Elementos que trabalham no departamento façam um trabalho cada vez melhor e mais profícuo.

Explique-nos como sendo homem muito calmo e com um passado no “mundo da arbitragem”, frequentemente se emociona demasiado com o jogo?

Muito fácil explicar. Eu tenho um grande problema, porque me custa aceitar as derrotas quando percebo que as mesmas são fruto de alguns pormenores que, vendo de fora, são pormenores de menor importância. Ou seja, se uma atleta ou um grupo de atletas não faz as coisas como me habituei a vê-las fazer nos treinos, essa situação desagrada-me e a forma de me libertar da pressão pelo que estou a ver é essa a forma de reagir.

No momento, trabalha com um treinador que admira. Mas no seu passado no voleibol, quais os Técnicos que mais admirou?

Sem dúvida que o Treinador que mais me leva no coração, não só pela amizade pessoal, mas também pela sua capacidade técnica, é o Prof. José Machado. Porque efetivamente o Prof. José Machado foi o Técnico que conseguiu recolocar, com muito sacrifício, a equipa sénior na 1ª Divisão Nacional, um enorme sucesso naturalmente partilhado por ele, restante equipa técnica, dirigentes e, obviamente, pelas Atletas. Não posso esquecer a amizade que nos uniu, que foi reforçada relativamente á que anteriormente nos unia, porque, de facto, além de um excelente Treinador é também um excelente Homem.