O VITÓRIA E O BOAVISTA, SÃO DOIS CLUBES INDEPENDENTES E DIFERENTES DE TODOS OS OUTROS, QUE SE REVÊEM ENTRE SI.
Ricardo Gonçalves, foi um dos ausentes da final do Campeonato Nacional
de Consagrados. Essa ausência, ficou a dever-se a ter contraído uma lesão no
joelho na semana anterior à competição.
Encontramos um homem consciente, da consequência que teve a sua falta
no combate, mas igualmente consciente, que as lesões acontecem e são sempre
más, em todas as alturas.
Comecemos com uma informação da minha parte para si. Sabe que a sua
anterior entrevista, bateu todos os recordes de visualizações, atingindo as dez
mil?
Fico contente por saber isso e já vou embora mais satisfeito.
Repito o pedido, para se identificar, para os nossos leitores que não
leram a anterior entrevista. Quem o pugilista Ricardo?
Chamo-me Ricardo Gonçalves, conhecido por “Rica” e combate em 91 kg. Estou
no Boavista há cerca de seis anos e sou natural de Guimarães, sou o tal Vimaranense/Boavisteiro.
Continuemos por aí. Como surge um Vimaranense no Bessa?
Eu pratiquei a modalidade de MMA, porque em Guimarães não existia
clube para praticar boxe. A fama da escola de Boxe do Boavista existe a nível nacional,
como sendo a melhor e por isso, vim com um amigo ao Boavista e fiquei.
A fama é correspondida?
Sem dúvida que sim. A Escola do Boavista é fantástica e sem dúvida a
melhor de todas. Competência, amizade e rigor.
Quantos títulos conquistou na sua carreira?
Já conquistei cinco regionais e três Nacionais.
Vamos entrar na fase menos agradável. Este ano, não esteve presente no
seu combate da final, perdendo oportunidade de mais uma conquista. A que ficou
a dever-se essa ausência?
Agora posso catalogar como uma brincadeira que deu para o torto. Eu tinha
já ganho o título regional deste ano. Estava bem preparado para a final
nacional, mas para manter o peso, continuei a actividade durante a semana.
Num desses
dias, convidaram-me para ir jogar futebol e eu, mantendo a ideia que iria manter
o peso, em má hora, aceitei ir jogar. E durante o jogo, sofri um estiramento no joelho,
que me arrumou definitivamente do combate.
Sentiu a frustração de não poder ir?
Pessoalmente senti, mas o que mais me custou foi pelo Senhor Caldas,
que vive intensamente isto e bem sei que lhe doeu um bocado e por todo o
grupo, porque sei que aqui, só se luta para ser campeão.
A equipa do Boavista ficou
reduzida correndo riscos de não conquistar o título, por minha causa. Essa frustração
foi superior, à que senti individualmente.
Na realidade, isso aconteceu. O Boavista não conquistou o título. Como
se sentiu?
Lamento, mais que ninguém, mas tudo fiz na boa fé e correu mal. Na próxima
época não correrei riscos deste tipo.
A ultima entrevista, como já referi, bateu recordes. Coloquei o título
de um Vimaranense no Boavista. Como explica, o Rica, que só esse facto elevasse
tanto as audiências no Bessa e em Guimarães. Qual a razão?
Primeiro deixa-me orgulhoso. Depois entendo que esse facto provoque um
bocadinho de curiosidade. Existe, sempre, uma ideia sobre a rivalidade entre
estes dois grandes clubes.
Eu que estou nos dois, sei que ao contrário do que
se pensa, os Vitorianos admiram muito a gente do Boavista Futebol Clube e
vice-versa.
E porque?
Porque são dois clubes, que não pertencendo aos três
(chamados) grandes, têm uma identidade própria e independente. Têm umas massas
associativas muito ferrenhas que apoiam o seu clube, incondicionalmente.
São clubes
de gente de raça e acabam por se reverem um no outro.
Como é que você vive entre e nos dois?
Eu no Boavista sinto-me muito bem. Estou aqui há muitos anos e isto é
a minha família. Eu reparo que no Vitória compreendem muito bem a minha ligação
aqui. Eu afirmo, têm que compreender eu acima de tudo, sou Português.
No Vitória
junto a mim, ninguém critica o Boavista e aqui no Bessa fazem o mesmo.
Têm que
compreender, porque ao fim e ao cabo eu sou dos dois.
Entrevista de
Manuel Pina