quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016

CÉSAR VASCONCELOS - TREINADOR DA EQUIPA JUNIOR DE ANDEBOL, ACREDITA NA MANUTENÇÃO NO PRIMEIRO ESCALÃO NACIONAL


César Vasconcelos,  técnico principal da equipa de Juniores de Andebol,  assume que, com rigor e trabalho o Boavista, tem todas as condições para se manter no primeiro escalão nacional.

Como habitualmente, convido o meu entrevistado a dar a conhecer a sua identidade desportiva. Como e onde começou a praticar andebol?

Joguei nos escalões de formação, até júnior, na Associação Atlética de Águas Santas. Entretanto, deixei de jogar e passei a treinador nos escalões inferiores no mesmo clube. Depois, como treinador, fui para o Ginásio de Santo Tirso e em seguida vim para o Boavista, passando ainda, pelo Salgueiros, e Sporting de Espinho.

Qual a época, e escalão em que esteve na primeira passagem pelo Boavista?

Estive de 2011 a 2013 igualmente no escalão de juniores. Na primeira época estivemos da 2ª divisão, acabamos por subir, o que nos permitiu jogar a 2ª época na 1ª divisão.

Vamos falar do presente. Como está a decorrer a época no campeonato Nacional da primeira divisão?

A minha experiencia, diz-me que é um campeonato difícil e que geralmente uma equipa que sobe, no ano seguinte desce. Aconteceu com a equipa do Franquelim e voltou a acontecer comigo há três anos. Em ambos os casos, subimos e nesse ano descemos.
Esta época o Franquelim, voltou a trazer os juniores à primeira divisão e cabe-me a mim ver se contrariamos essa tendência de quem sobe… descer.

Qual a actual situação?

Se o campeonato terminasse agora, continuaríamos na primeira divisão, conseguindo atingir os nossos objetivos. Sabemos, que ainda falta acabar esta primeira fase e começar a segunda fase, que essa sim, será a decisiva.

Qual a forma de disputa dessa fase?

Há uma segunda fase, para a qual passarão os três primeiros de cada zona, para o grupo “A”, as restantes sete equipas, para o grupo “B”. Cada clube iniciará essa prova, com metade dos pontos conquistados na fase anterior. Neste grupo “B”, definem-se os dois clubes que irão descer de divisão.

Nas épocas anteriores, o Boavista vivia em anticiclo. Quando subia tinha um plantel forte, mas depois no ano de primeira divisão, tinha que alterar toda a equipa, por motivos de idades dos jogadores, estando mais enfraquecido. Passou-se o mesmo desta vez?

Não, desta vez, isso não aconteceu. Isso, aconteceu na última vez que estivemos na primeira, em que a equipa que subiu não tinha nada a ver com a que participou na competição do ano seguinte. Era uma equipa muito mais imatura.
Agora, aconteceu aqui um fenómeno diferente. Houve uma instabilidade na secção do Andebol do Boavista, no final da época passada, na transição para a época actual.

Quer explicar mais em pormenor?

Por exemplo, houve dois atletas que seriam interessantes de manter, mas que acabaram por sair. Foram o Bernardo, que foi para o ABC e o Tiago Costa, que foi para o Ginásio de Santo Tirso. Considero, que seriam muito importantes para nós.
Para ajudar à festa, o João Carvalho, também saiu para a primeira divisão, mas saiu porque tinha atingido a idade de sénior. Era, uma mais-valia da equipa que acabou por sair, mas por subida normal de escalão.

Como colmataram essas saídas?

Tentamos compensar ao ir buscar alguns jogadores fora. Fomos buscar, o Ângelo, ao CPN (que entretanto regressou outra vez ao CPN), o David ao Porto e dois atletas ao Afife, que são o Tiago e o João Gil.
Acabamos por recuperar, agora em janeiro um atleta, que se iniciou no Boavista, que em entretanto foi para o Porto e depois para o ISMAI e agora regressou, que é o Francisco Fino. Tem sido uma boa ajuda, tanto para nós como para os seniores.
Para completar, devo registar um novo regresso, que é o Diogo (guarda-redes) que daqui foi para o Porto, depois para o ISMAI e este ano regressou. Tem feito uma boa época. Estamos falar de um atleta que ainda é juvenil de primeiro ano.
Deixe-me, também, referir uma subida, de escalão, algo arriscada. A do Bernardo Poças, que tem a idade de iniciado e já está a jogar nos escalões de Juvenis e Juniores.
Resumindo, temos uma equipa jovem que nos assegura um futuro promissor, mas, indo ao encontro da questão que anteriormente me colocou, a diferença entre a equipa que subiu e a equipa que está a disputar a primeira divisão, há alguma diferença, mas acreditamos que esta é uma aposta sustentada nos atletas que a constituem e que estes serão o futuro do Boavista.

O plantel apresenta-se com capacidades para a aposta na manutenção?

É um plantel com bastante potencial, que ainda não está a dar tudo o que pode, mas que está em franca progressão. A luta para a manutenção, não vai ser fácil. Temos que ser rigorosos nos jogos contra os nossos adversários directos, onde não podemos facilitar em nenhum momento.
Temos aí dois resultados que podiam ter sido melhores. Estamos a falar no jogo contra o Xico de Holanda e do jogo em casa com o Gaia. Ainda teremos que ir ao Gaia e fazer alguma coisa interessente com o Avanca.
O jogo com o Avanca em nossa casa, foi o nosso melhor jogo, com uma primeira parte, a roçar a perfeição, que nos permitiu na segunda gerir o resultado. Queria ver mais jogos, como o jogo com o Avanca.

Uma pergunta pessoal. Embora ainda faltando muito para terminar a época, pergunto-lhe, tenciona continuar no Boavista?

No andebol, à excepção de quando os contratos são plurianuais, define-se normalmente o que se vai fazer com o treinador entre Maio/Abril. Se fosse hoje, teria todas as condições e todo o gosto para continuar, vamos ver com o decorrer natural da época e por essa altura naturalmente falaremos sobre o assunto.

A instabilidade sentida no final da época passada, foi totalmente ultrapassada ou ainda se faz sentir em alguns pormenores?

Ainda hoje, se está a sofrer um bocado da tal instabilidade inicial. Só para falar do escalão de juniores, referi o caso do Bernardo e do Tiago, que foram embora porque havia a tal instabilidade. Eu acredito, que se tivesse ficado decidido o que iria acontecer com o andebol do Boavista, principalmente nos dois escalões, de seniores e juniores, esses dois atletas não teriam saído e teriam tido outros argumentos e outros interesses para se manterem no clube.
Não sou a pessoa mais indicada,  para falar dos seniores, mas acredito que há ali muita coisa menos positiva, por causa do planeamento feito mais tarde que o normal.
Pessoalmente, posso dizer-lhe que fui abordado para vir para o Boavista em Agosto, quando, como já lhe disse, as pessoas gostam de ter em Março/Abril a sua vida definida. Uma coisa é haver um planeamento e uma planificação com tempo, outra coisa é ser feita em cima do joelho.

Mas as indecisões já terminaram?

O que eu tenho visto é que há organização e uma vontade para as coisas correrem bem e acredito, piamente, que as coisas vão acontecer. A secção está a ficar muito bem organizada e isso, é evidente para todos.

Entrevista de 
 Manuel Pina