quarta-feira, 25 de março de 2015

A ENTREVISTA DA SEMANA - JOSÉ ALBERTO, O DIRECTOR DO BILHAR

José Alberto, é simultaneamente, o Director do departamento de Bilhar e atleta. Depois de  assegurada a subida ao segundo escalão Nacional e a uma jornada do final da primeira fase do campeonato, reunimos na Cervejaria Diu (sede do bilhar axadrezado) para fazer uma análise a este primeiro ano de actividade.


Ultrapassado (quase) o primeiro ano do projecto, pergunto se foram alcançados os objectivos a que se propuseram?
Quando iniciamos este projecto com o Boavista, não quisemos ser demasiado ambiciosos, mas entre os jogadores e, tendo em conta que desconhecíamos o valor das outras equipas, decidimos que no primeiro ano, deveríamos fazer uma primeira abordagem da competição, mas que iriamos fazer todos os possíveis para conseguir a subida de divisão, no segundo ano.

Então, os resultados estão para além da vossa aposta, já que neste momento a subida de escalão está já garantida?
Dialogando entre nós e com o evoluir da competição, decidimos apostar um pouco acima das ambições iniciais e subir logo no primeiro ano. Apesar da experiência de todos os nós, na modalidade de bilhar, acontecem muitos imponderáveis e a vontade de subir, por vezes, não é suficiente. Mas felizmente a competição tem decorrido bem, principalmente nesta segunda volta, na qual, conseguimos várias vitórias consecutivas, acabando por conseguir um lugar nos quatro primeiros.

São esses os clubes que sobem?
Exacto. Sobem os quatros primeiros e como no momento, estamos em segundo classificado, asseguramos, matematicamente, a subida de divisão.

Com essa posição, já conquistada, podem conseguir mais?
Com esta posição, na tabela final, faremos parte das quatro equipas que irão lutar pelo título nacional. Como sabe, os dois primeiros de cada zona (norte e sul) irão disputar uma competição para a atribuição do título nacional, que seria muito gratificante.

O que é necessário para conseguir essa classificação?
Vencer o último jogo!

Na apresentação deste projecto, aos seus companheiros de equipa, tudo foi pacífico ou alguns tiveram dúvidas?
Foi interessante, pelo seguinte. Nós, só depois da confirmação do Engenheiro António Marques, da constituição do departamento de bilhar, informamos os restantes jogadores sobre o projecto. Quando digo, nós, digo eu e o capitão Diogo Pinto. Os restantes colegas, ficaram verdadeiramente entusiasmados e dispostos a defender com unhas e dentes este pequeno projecto.

A equipa é constituída por oito elementos. Irá haver alterações no grupo, para disputar a segunda divisão?
A equipa tem que ser composta sempre por oito jogadores e, neste momento, não prevejo alterações na composição para o futuro. Mas a realidade, é que a exigência da segunda divisão será maior e, por isso, as coisas podem acontecer, até porque, o nosso objectivo, para o próximo ano…é subir à primeira divisão.

Na primeira divisão (quando fôr alcançada) haverá então um reajustamento da equipa?
Sim nessa altura, precisaremos de pelo menos, dois novos jogadores. Novos na idade e com experiência de bilhar para conseguirmos o nosso objectivo.

Sei que sentem muito bem na Cervejaria Diu, mas também sei, que o vosso desejo é, um dia, passarem para um espaço no Bessa. Confirma?
Sim, esse é um dos nossos grandes desejos e acho muito interessante, que a equipa que representa o Boavista, utilizasse um espaço no Estádio do Bessa. Em conversas com o Engenheiro António Marques e com o Senhor Carlos Santos, tenho repetitivamente falado nessa questão. Considero, que com um espaço curto, por exemplo, um espaço de dez por dez metros, chegaria para colocar duas mesas de bilhar. Era muito interessante conseguirmos esse espaço no Bessa.

A Cervejaria Diu, foi de certo modo, o vosso patrocinador, entrando no projecto com o espaço. O Boavista paga algum valor pelo aluguer dos bilhares nos jogos oficiais?
Quando jogamos em casa do adversário, não pagamos nada, quando jogamos em nossa casa o adversário também nada paga.

Mas têm que pagar à Cervejaria Diu…
Não! A Cervejaria Diu, nada nos cobra, pelos jogos que realizamos, quero fazer realçar essa grande colaboração.

Vamos passar para um plano mais técnico. Como “vive” o bilhar, como modalidade?
A minha vivência técnica, debruça-se essencialmente sobre a variante do Pool Português, que em conversas telefónicas com o Vice-Presidente da Federação, a quem nem conheço pessoalmente – e em troca de impressões, acho que esta variante que é a que envolve maior número de atletas a nível nacional, porque não é necessário um grande espaço para as mesas, todas as outras variantes necessitam de um espaço superior, daí o custo ser naturalmente mais elevado.

Considera o Pool Português mais acessível a todos os praticantes?
Sem dúvida alguma. Esta variante joga-se em mesas normais de qualquer sala de bilhares.

Voltando atrás, continue por favor a esplanar a sua ideia…
Como lhe ia dizendo, nessas conversas tenho chamado a atenção para o facto que em meu entender, esta variante podia dar um pulo para a sua internacionalização. Tendo por base sobretudo o que se faz, no Reino Unido e Inglaterra, onde se compete numa variante a que chamam “Black Bool”, que é praticamente o Pool Português, ambos jogados com duas séries de bolas, a única diferença é que em vez das nossas numerações, eles jogam com uma série de sete bolas amarelas e outra de bolas vermelhas e a bola preta. O jogo é praticamente igual, só que eles têm uma organização que já se estabeleceu internacionalmente, realizando-se já Campeonatos Mundiais
Acho que o Pool Português poderia evoluir nesse sentido. Quando fiz parte de uma direcção da federação, chegou-se a projectar a internacionalização do Pool Português, entretanto. Por vários motivos, saí e sei que esse processo, está neste momento, em standby. Todas as outras variantes, a Carambola, o Snooker Inglês e o Pool. Competem a nível internacional. É de lamentar que a variante que tem mais praticantes e mais pessoas envolvidas, não tenha, ainda, essas provas a nível internacional.

Seria importante essa internacionalização do jogo?
Muito e importante e, permita-me, acrescentar um pormenor técnico, que já debati com o Vice-presidente, que é o seguinte. As mesas de bilhar, têm as bolsas, geralmente denominadas por buracos, diferentes umas das outras. Umas têm as bolsas em arestas vivas, outras têm bolsas boleadas. Isso prejudica o desenvolvimento do bilhar, porque em minha opinião deveria haver uma uniformização das mesas. Este ponto deveria ser definido pela Federação.

Isso altera muito a prestação do jogador?
Mesmo muito. É completamente diferente jogar numa mesa de arestas anguladas, como chamo às arestas vivas, e numa mesa de bolsas boleadas. Mas mais importante ainda, as bolsas deveriam ter todas a mesma medida de abertura, para que as condições fossem iguais. Na actualidade, há mesas com bolsas de oito centímetros e outras com dez. Se a Federação homologasse estes dois aspectos técnicos, poderia ser o primeiro passo para a internacionalização da variante.

 Jogar em casa ou fora tem diferenças?
Sim, tem! Até nos panos da mesa, porque há mesas com panos rápidos em que bola “nunca mais pára” e outras com panos com muito atrito, no qual a bola desliza suavemente... Tudo isso, condiciona a força da pancada na bola.

Regressando à competição. Como estão no momento as provas dos atletas do Boavista?
Neste momento, falta um jogo para terminar esta fase do campeonato. já asseguramos a subida de divisão. Se vencermos o jogo que nos falta, acabaremos no segundo posto e iremos disputar o grupo do título nacional. 
Para a Taça de Portugal estamos apurados para nova eliminatória depois de termos eliminado uma equipa de segunda divisão. 
A nível individual, temos dois jogadores a disputar a Taça de Portugal na categoria de individual, que são o Diogo Pinto e o Carlos Silva.

Tem algum projecto pessoal para juntar ao projecto colectivo?
Já coloquei a questão ao Engenheiro António Marques, que passa por dentro de dois/três anos, conseguir um espaço no Bessa para fazer uma Academia de Bilhar, para o Boavista. Esse espaço, poderia ser utilizado pelos pais para conviverem, mas essencialmente para captar jovens Boavisteiros para a modalidade. Este é um sonho que desejo tornar realidade.

Quais, os custos, para realizar esse projecto?
Não muitos. Precisávamos de um espaço para implementação das mesas, separando o espaço competição do de lazer. As mesas seriam conseguidas sem custos para o Boavista num processo de alugar temporário, até a sua aquisição final. Tenho isso estado e irei apresentar ao pormenor essa minha ideia.

Acredita na conclusão desse desejo pessoal?
Seria muito interessante, jogarmos no espaço directamente ligado ao Boavista e isso, viria a ligar mais a equipa, os jogadores ao Boavista.

Saíriam da Cervejaria Diu?
Já que me fala desse aspecto, devo enaltecer a forma como fomos acolhidos de uma maneira muito simpática pelo gerente deste estabelecimento, a quem quero agradecer. A época passada, jogávamos aqui representando a Cervejaria Diu, num campeonato não oficial, chamada Liga Bilhar Mania, com o nome de “Amigos da Francesinha” que é a especialidade da casa. Voltando à sua pergunta, quando nos inscrevemos na Federação pelo Boavista, mantivemos essa ligação com a Diu. Se um dia nos transferirmos para o Bessa, continuaremos a representar a Diu, na Liga Bilhar Mania.

Vamos então vencer o último jogo e passar para a luta do título nacional?
Seria a cereja em cima do bolo neste primeiro ano deste projecto.


 Entrevista de

Manuel Pina