Victor Nascimento, deixou a sua paixão de treinador de
Andebol, mas como muitos tinham previsto, não abandonou, nem o Boavista, nem a
modalidade, passando a ocupar o cargo de Coordenador da Formação do Andebol
axadrezado. Esta é primeira entrevista nessa qualidade.
Depois do final da carreira como
treinador, acaba por assumir o cargo de Coordenador da formação axadrezada.
Como aconteceu essa alteração?
É verdade, quando esperava poder gozar a minha reforma
dourada, tive de a suspender, adiar e manter-me no activo J , como era
do conhecimento geral, eu tinha decidido que a época 2013/14 seria a minha
última como treinador e na verdade foi, agora sou treinador de gabinete.
Só que, entretanto, a vinda do novo Técnico da equipa
sénior, O Eduardo Ferreira, acabou por alterar um pouco a minha partida
definitiva e por me convencer a ficar nas funções como Coordenador Técnico da
Formação.
Eu bem queria levar a minha decisão avante, mas o
apelo ao coração, feito pelo António Santos e pelo Eduardo Ferreira, acabou por
me manter na modalidade e no Clube que adoro.
Pelo que aproveito para agradecer a confiança e
reconhecimento que depositaram em mim ao endereçarem-me este convite e espero
retribuir de igual forma aos jovens treinadores do nosso Departamento,
oferecendo-lhe o melhor de mim, a minha experiência e os meus ideais.
Como foi a sua adaptação a este
cargo? As saudades do banco já foram ultrapassadas?
A adaptação é comparável ao processo de formação, ou
seja, eu próprio estou a ajustar-me a uma nova realidade, até porque ser
Treinador é ser prático e ser Coordenador é trabalhar para proporcionar a
prática.
No entanto, posso dizer com toda a certeza que estou a
adorar o novo cargo, primeiro porque posso continuar ligado ao Andebol do Boavista
e segundo, porque posso com a minha experiência e vivência torna mais fácil e
encaminhar os outros treinadores para um objectivo comum que é a formação de
valores.
Quero também dizer que a minha formação será continua,
até porque estamos sempre a aprender e o facto de me relacionar com vários
treinadores e de diferentes idades, nos obrigam a perceber todas as dinâmicas e
necessidades.
Quanto às saudades do Banco… essas vão estar sempre
presente, apesar de saber que esse papel está bem entregue e representado em
todos os nossos Treinadores.
Mas, na verdade tenho de admitir que ainda me custa
muito, até porque terminei a minha carreira, não por me sentir ultrapassado ou
desnecessário, mas pelas razões certas e familiares.
Tenho saudades da proximidade, do sorrir, do olhar
seriamente, do ajudar, de ler e tomar decisões técnico-tácticas, mas acima de
tudo do contacto próximo e convivência desportiva e humana que o dia-a-.dia do
treinos nos dá junto dos jovens.
Por isso, respondendo à sua pergunta, nem estou
adaptado nem ultrapassei as saudades, porque se isso acontecesse seria sinal
que teria perdido todas as motivações que o Andebol me dá…
Falando de formação. Como está a
formação axadrezada? Quantas equipas e quantos elementos?
Em termos de Formação, estamos no caminho certo.
Temos neste momento a base muito alargada, que nos
permite trabalhar em quantidade e qualidade, temos neste momento, distribuídos
por 4 escalões cerca de 80 jovens.
Posso dizer que voltamos a ter 1 equipa de Minis, o
que já não acontecia há 2 épocas; temos duas equipas de Infantis a competirem
na mesma prova, 2 equipas de Iniciados também em competição e 1 equipa de
Juvenis.
Exceptuando a equipa de Minis, todas as outras
competem para os apuramentos das Competições Nacionais, o que por si só nos diz
muito do valor dos nossos jovens praticantes e da qualidade dos Treinadores que
as dirigem.
È caso para dizer que a nossa Formação está bem viva,
referenciada e que se recomenda…
A nível de objectivos de resultados,
o que espera ser obtido esta época?
Antes de
falar de resultados, vou falar de objectivos e se todos sabemos que no desporto
os resultados são importantes, para
mim continua a ser ainda mais importante o OBJECTIVO fundamental que é FORMAR
JOGADORES…
Assim, o que
que espero para esta época é poder proporcionar a todos os atletas e
treinadores as condições ótimas para que estes possam desenvolver e o potenciar
o seu trabalho, pois tenho a certeza que se conseguirmos trabalhar a
excelência, os resultados naturalmente acontecerão e serão sempre do nosso
agrado, pois serão o reflexo do trabalho desenvolvido.
Costumo
sempre dizer que prefiro ver num jovem um FUTURO e EXCELENTE ATLETA ao alto
nível do que ver um Campeão formatado que precocemente termina a sua acção
Andebol.
Nunca nos
podemos esquecer que a Formação tem as suas etapas próprias e elas têm de ser
respeitadas, não nos serve de nada pensar nos resultados, se não desenvolvermos
o nosso trabalho bem, porque queimar etapas, quase sempre dá maus resultados.
Pelo que posso
dizer que estamos a trabalhar para formar, formar para ter jogadores e esses
jogadores é que nos irão dar os resultados e espero que este somatório de
factores nos dê muitas vitórias…
Gostaria que fizesse uma análise
pessoal a todas as equipas da formação, quer no aspecto positivo que no
negativo.
Gostaria de
falar da Formação de uma forma Global, até porque o Futuro do Andebol do
Boavista passa por todos estes jovens…
No entanto e
para que todos os Boavisteiros possam ter noção do trabalho que temos tido vou
apresentar todas as nossas equipas da Formação:
MINIS –
jovens dos 6 aos 10 anos
-
Treinadores- Claudia Soares e Ivo Ribeiro
Temos neste momento 12 Atletas, um número
ainda curto para o que pretendemos e julgamos necessário, mas a verdade é que
começamos a época com 4 atletas, pelo que tenho de parabenizar o trabalho e
motivação que os Treinadores têm tido na manutenção e captação de atletas.
INFANTIS –
jovens dos 10 aos 13 anos
-
Treinadores – João Costa, João Soares, Fábio Santos e Joana Santos
Temos cerca
de 30 Atletas distribuídos por duas equipas denominadas por “A” e “B”, a equipa
“A” é a equipa onde juntamos os Atletas mais velhos e para já mais desenvoltos
que irão tentar disputar todas as competições cimeiras.
A Equipa “B”
é formada pelos atletas com menos tempo de Andebol e com os novos atletas que
vão aparecendo e a composição desta equipa permite que todos eles tenham
competição frequente e assim, consequentemente ser um factor de aceleração para
a sua evolução.
INICIADOS –
Jovens dos 13 aos 15 anos
-
Treinadores – Tiago Carneiro e Jorge Pinto
Neste
escalão aplicam-se também os mesmos princípios e números das duas equipas de
Infantis, mas dá-se também o caso de a equipa “A” de Iniciados fornecer e
reforçar a equipa de Juvenis
JUVENIS –
Jovens dos 15 aos 17 anos
Treinador
João Carmo
Equipa
composta por cerca de 15 Atletas, que atingem neste escalão a sua explosão e
especialização para o futuro como atletas.
Quase todos
os Atletas deste escalão iniciaram a sua formação no nosso Clube
Assim, de
uma forma geral gostaria de realçar o trabalho e empenho dos Treinadores e
Atletas, que nos permite sonhar com um futuro risonho e de qualidade. Em tudo
isto vejo aspectos positivos.
De negativo,
tenho de admitir que não temos os tempos de treinos que desejaríamos e o facto
de constantemente no escalão de JUVENIS vermos fugir os nossos melhores atletas
para outros Clubes…
Quais as
responsabilidades do cargo de Coordenador de formação?
As minhas
responsabilidades são as mesmas de sempre, mas, acrescidas, pois já não tenho
só uma equipa e seus atletas para dirigir, tenho agora 6 Equipas para gerir 9
Treinadores para apoiar, aconselhar e partilhar e tenho ainda 80 Atletas para
LUTAR para que tenham as melhores condições possíveis para que possam crescer,
desenvolver e potenciar as suas qualidades e com isso garantirem a manutenção e
futuro do Andebol no nosso Boavista.
São responsabilidades
que assumo com todo o gosto, prazer e como desafio, pois permitem-me concretizar
o meu ideal que é FORMAR Homens e Atletas com princípios de igualdade e
identidade e com isso tenhamos Homens e Atletas de Caracter que defendam as
suas Causas e o seu Clube…
Entrevista de
Manuel Pina Ferreira
Fotos do Blogue Boavista 3. a quem agradecemos