Helena Monteiro, é uma jovem de dezasseis, que, com idade para jogar no escalão de Cadetes… integra por direito próprio, o escalão máximo de seniores do Boavista Futebol Clube. Regressada da Suíça de representar a selecção nacional numa competição ali ocorrida, aproveitamos a sua deslocação Estádio do Bessa para a conhecermos um pouco mais.
No decorrer da conversa mostrou-se directa, decidida e autoconfiante
no seu futuro.
Vamos começar por nos localizarmos um pouco no tempo. Como se
processou a passagem para equipa sénior de uma jovem que nem Juvenil – ainda -
é?
Foi o treinador que me chamou, para realizar uns treinos com as
seniores e o professor acabou por gostar de mim.
Mas o técnico principal teve que ter indicações sobre ti para te fazer
essas chamadas…
Obviamente. O professor interessa-se saber a evolução das equipas de
formação e os técnicos dos escalões informam-no naturalmente sobre as atletas. No
início a ideia era eu fazer (só) alguns treinos com as seniores, mas – repito-
o professor gostou de mim e do meu trabalho e acabei por ficar toda a época.
Terminada a época, como analisas essa mudança?
Esta época, não tive muita utilização na equipa, o que acho normalíssimo,
porque sou a mais nova e não tive muita oportunidade para jogar, mas pensei que
contribui bastante nos trabalhos da equipa, tendo a vantagem de ser uma atleta
alta.
Pessoalmente o que consideras?
Considero que evoluí, imenso e por isso que foi muito positiva esta a
subida e passagem para a equipa sénior. Chego a dizer muitas vezes que este foi
o meu primeiro ano de voleibol, porque aprendi muito, mas mesmo muito.
Não sentiste o choque que existe sempre na passagem dos escalões de
formação para a equipa sénior?
Claro que senti é tudo completamente diferente. Na formação vamos
aprendendo, vamos demonstrando o nosso valor, mas jogar verdadeiramente só no
escalão máximo.
Para mais com um treinador que tem fama de muito exigente?
O professor é muito bom e sendo exigente, melhor é! Gosto de treinadores
assim. Quero ir longe e aprender depressa a exigência do técnico é fundamental
e necessária. Eu gosto muito!
(rindo-se, respondeu) sim, sim confirmo e foi mesmo mais que um clube.
Mas vais continuar no Bessa?
Sim, vou continuar.
E porque razão vais continuar quando eu sei que há pelo menos um clube
disposto a abrir os cordões à bolsa?
Principalmente, porque sou Boavisteira, tenho muito amor ao Clube e
nos próximos tempos não me imagino com outra camisola no corpo.
No futuro?
Nos próximos anos, não vejo. No futuro, se no Boavista eu poder
atingir o nível que quero atingir como jogadora, que é grande, continuarei. Caso
que o clube esteja limitado e aparecer uma proposta muito tentadora, terei que pensar
nisso. Mas terá que ser super-tentadora.
Tens conhecimento que o Boavista vai participar numa eliminatória que
pode levar o clube a jogar a próxima época no primeiro escalão nacional. O que
te apraz dizer sobre esta questão?
Actualmente, somos poucas as atletas da equipa, porque saíram muitas
outras, mas as que aqui ficaram estão agradadas com esse facto, estamos unidas
e apostadas em tudo fazer para subir e jogar na primeira divisão e colocar o
Boavista no lugar a que pertence.
Como jogadora, vão aumentar as dificuldades?
Eu estou apostada em fazer mais jogos na próxima época pela equipa,
trabalho e trabalharei para isso, sendo na primeira divisão melhor será, porque
tem outro nível e visibilidade. Nenhum problema!
Sendo uma atleta a formação “deslocada”
tens acompanhado a aposta de restruturação no sector?
Sim tenho tido conhecimento e noto perfeitamente isso. A minha prima
está nos escalões mais novos e acho que estão a apostar bem e a trabalhar bem. Considero
esse trabalho muito importante, que será muito visível e valorizado se
passarmos a jogar na primeira divisão.
Recuemos, um pouco… há quantos anos jogas no Boavista?
Há sensivelmente quatro anos.
Vieste de outro clube?
Não sempre joguei e formei-me no Boavista.
Como se dá a descoberta do voleibol?
Eu não jogava Volei, eu era Bailarina, (riu-se) dançava Ballet. Eu considerava
que era gordinha… um dia uma prima minha que joga no Boavista e já cá estava,
em pleno gira-volei, desafiou-me a eu vir para o Voleibol. Deu-me um “flash” e inscrevi-me e entrei no volei e passei a ser
atleta do meu Clube do coração…. Tudo rápido e espontâneo (continuou a rir-se).
Como é que uma bailarina dá uma atleta que promete ser de topo?
(continuando a rir-se)… quando deixei o Ballet e como era gordinha vim
para o Voleibol, por desporto, apenas e só, numa de desportista, para queimar
calorias. A evolução foi graças a eu gostar muito disto e de me dedicar muito a
tudo o que gosto. Eu quero ser mesmo grande jogadora! Trabalho e dedico-me para
isso.
Chegaste no domingo da Suíça dos serviços da selecção nacional de
Cadetes. Foi a tua estreia?
Não. eu estou na selecção desde Dezembro. já tinha feito uma
competição lá fora na categoria de Juniores, mas agora passei para a “minha”
equipa de Cadetes, onde continuarei para o ano, porque a nível de selecções as
cosias são um pouco diferentes.
Já falaste com o teu treinador, sobre esta internacionalização?
Acabei de falar agora mesmo. Ele perguntou-me como correu e sobre
outros pormenores. O professor Machado, é assim. Preocupa-se muito connosco e
acompanha tudo.
O professor Machado é muito exigente. Com é que uma jovem com
dezasseis anos se adapta a esses métodos?
Muito bem! Eu gosto de pessoas assim, que sejam exigentes, adoro ter
treinadores exigentes, adaptei-me na perfeição.
Tens mesmo espírito de atleta com ambições….
A resposta foi uma grande risada.
Estás no teu ambiente?
Sim, estou mesmo no meu ambiente e com as pessoas certos no clube que
quero!
Posso confirmar a tua continuidade?
Pode. À vontade!
Entrevista de