sábado, 21 de dezembro de 2013

FUTSAL - ENTREVISTA COM RUI PEREIRA (2ª PARTE)

Continuação da entrevista com Rui Pereira

Se me permite vestir o equipamento de treinador, eu analiso que o plantel do Boavista é constituído por três escalões. Um de veteranos activos, comandado por um enorme jogador de nome Ivan, depois por um grupo com alguma experiencia e finalmente por jovens à procura do seu espaço. Com este misto, como se constitui um plantel coeso?
Fez a imagem correcta do plantel. Nós quando chegamos ao Boavista definimos que tínhamos três grupos de jogadores - não vou utilizar nomes, mas podia, porque isto que vou tornar público já lhes disse a eles – um conjunto muito veteranos, com muita experiencia de primeira divisão, mas considerados (repito, considerados) demasiados veteranos, comandados por um grande exemplo de longevidade (Ivan) que há treze anos atrás fez parte da Selecção Portuguesa que conquistou o terceiro lugar no campeonato mundial. Ivan é um exemplo que a análise que possa ser feita às pessoas pelo seu bilhete de identidade pode ser completamente errada. Este grupo de veteranos, normalmente já não compete a nível de primeira divisão.
O segundo grupo de jogadores em evolução.
Esse grupo é composto por jogadores, que têm alguma experiencia de segunda divisão, onde jogaram o ano passado. Muitos vieram das equipas de formação. E outros que com alguma experiencia, que jogaram no Boavista na época de descida e atravessaram a época passada no regresso ao primeiro escalão. Juntando a estes, um conjunto de aquisições com experiencia na segunda e terceira, que nunca jogaram no primeiro escalão.
De tudo se fez uma boa equipa?
Conseguiu-se um plantel agradável. O Boavista não tem feito uma utilização com cinco/seis jogadores. Antes pelo contrário temos feito uma utilização bastante ampla, mais que duas equipas completas a jogar.

Desculpe, mas isso contraria de certo modo, a sua forma de utilização de um plantel, nos tempos anteriores. A que se deve essa alteração de mentalidade competitiva, por parte do Rui?
Antes de mais, foi a minha forma de me adaptar, eu próprio à evolução da modalidade. Hoje em dia o ritmo com que se joga na primeira divisão, é um ritmo completamente diferente, com que se jogava no passado. A intensidade é muito mais forte e por isso é mito difícil jogar toda uma época com base em cinco/seis jogadores. Para além disso e da alteração que tive que impor aos meus métodos para me manter actualizado e acompanhar a evolução da prova, que utilizei há duas épocas no Modicus e agora no Boavista. Para além disto, dizia, tive que ter em conta as características do plantel que tinha para trabalhar.

Como o define?
É um plantel bastante equilibrado, no qual tem havido poucas oscilações. Já tivemos diversos jogadores jogar de início, diversos jogadores a jogar mais de vinte minutos e não são sempre os mesmos. Quando um jogador vacila um pouco em termos de forma, logo encontramos m para preencher essa lacuna temporária. Deixe-me dizer-lhe que desde que cheguei ao Boavista, com grande alterações no plantel, o Boavista fez apenas três contratações e uma delas ainda nem sequer foi utilizada. Utilizamos muito do grupo que fez a ápoca anterior e pré-temporada com a equipa técnica anterior.
Então evoluíram mentalmente muito! Porque no ano passado, mesmo comandando a classificação se sentia, no grupo algum nervosos que eu próprio apelidei publicamente de exagerado. Houve assim tal evolução?
No sei como estavam anteriormente. O que lhe sei dizer é que têm estado ao nível das exigências. Fizemos duas contratações, o Kukes eo Edivaldo e agora o Tiago Moreira, do segundo escalão. É verdade que no meio do processo regressou ao grupo o Ricardo Santos. Não houve, assim uma revolução muito grande e foi com base no grupo do ano passado que se alicerçou o grupo de trabalho. Houve mais saídas que entradas, mas estas foram muito direccionadas para os pontos considerados importantes.

Rui, todos os adeptos e atletas querem vencer (sempre) os jogos todos. A equipa técnica vai apontar para jogos considerados vitais, ou encarar todos os jogos por igual?
A nossa mentalidade, desde que aqui chegamos, foi definir com os atletas, que a nossa classificação não iria ser decidida no jogo “x” ou “y”. Embora, sabendo que o jogo com o Olivais, como o último jogo com o Belenenses, são jogos diferentes, porque são adversários directos e os pontos que eles ganham entram na contagem global que nos diz respeito. São jogos que quase valem seis pontos, pois são os pontos que nós ganhamos e os pontos que eles não somam. Apesar dessa visão, nós decidimos que não haveria jogos especiais, em todos os jogos podemos conquistar pontos. Essa é a nossa postura na competição. O jogo do Braga é o melhor exemplo disso. Se tivéssemos considerado que esse jogo não era do nosso campeonato, pela excelente época do Braga, não conseguiríamos vencer e tão categoricamente como o fizemos.
Mas falou no jogo com o Olivais, porquê?
É um jogo muito, muito importante. Se conseguirmos vencer lá, praticamente garantimos a manutenção e podemos começar a pensar de outra forma para outros objectivos. No caso de uma derrota nesse jogo, as coisas ficarão muito complicadas por mais uns tempos.

Mas antes disso há o jogo com o Benfica.
Sinceramente gostava que os adeptos do Boavista fossem ver esse jogo, porque podem ter uma agradável surpresa.

Concorda que o campeonato está um bocado esquisito?
Normalmente, uma equipa que estivesse no quinto lugar, como estamos, estaria tranquila. Teria já o décimo primeiro e décimo segundo a uma distância pontual para já estar tranquilo e preparar já, outro tipo de objectivos para a prova. O campeonato não está assim. Há duas jornadas atrás, a diferença entre o sexto e o décimo terceiro era de quatro pontos, portanto, com dois maus resultados seguidos e tudo se poderia alterar profundamente. Agora esticou um pouco mais, a nossa distância de quinto para a primeira equipa da posição de descida, é de oito pontos. Dois maus resultados levam para a fase de manutenção, dois resultados positivos trazem a equipa para o plau off.
Isso é uma mensagem para os seus jogadores?
Exactamente, exactamente! Para eles e para todos os interessados. Nada está ganho, estamos muito bem, mas com nada garantido. Olhe o jogo com o Belenenses, dá para tirar muitas ilações. O Boavista fez vinte e cinco minutos fantásticos, com toda a agente a pensar numa goleada e o jogo estava para isso, mas com a reacção do Belenenses o jogo terminou com um resultado banal.

O treinador teve que trabalhar nos últimos dez minutos, para garantir a vitória num jogo em que chegaram a ser muito superiores!
O treinador teve que trabalhar e deve servir como um exemplo. Se nós virmos este jogo como tem sido a nossa época. Se considerarmos que metade do campeonato e mais um jogo, foram os vinte e cinco minutos do jogo com o Beleneneses e o que nos falta são os últimos dez minutos desse mesmo jogo,  só há uma certeza…
Que é…?
Descemos de divisão! Vamos sofrer muito. O Boavista tem que manter os mesmos prossupostos que nos trouxeram até aqui e com a mesma atitude, podemos fazer uma época fantástica, se baixarmos, nem que seja um bocadinho, a guarda as coisas podem complicar-se profundamente e para isso, que aqui estamos para evitar essa situação.

Primeira volta com dezassete pontos, se conseguirmos uma segunda volta igual.. dá…
Dá play off! (interrompeu)
Mas com trinta e quatro pontos, pode não jogar com nenhum dos primeiros dois… (Rui deu uma gargalhada e rematou a conversa)

Deixe-me, terminar agradecendo o grande apoio dos adeptos do Boavista. Tem sido um apoio fantástico e mais que lhes agradecer, quero dizer-lhes que são imprescindíveis neste percurso e pedir-lhes para manter esse apoio em toda parte que nos falta. Em nome de todo o grupo de trabalho lhes agradeço.

Entrevista de

 Manuel Pina