"Os jogadores oriundos da formação, jogam sempre a duzentos por cento, porque quando ganham... o seu clube vence"
Rui Oliveira, é o treinador da equipa dos Petizes que acaba de se
sagrar campeã da AF Porto. Fazendo parte do grupo de técnicos da Academia de Futsal do
Boavista, mostrou-se um jovem apostado na formação de jovens.
Há quanto tempo está no futsal e no Boavista?
Estava a jogar no CP Natação, mas o Carlos Sousa, coordenador da
Academia apresentou-me um projecto que me pareceu válido e ingressei no
Boavista no início desta época. Achei um projecto de trabalhar com miúdos muito
aliciante.
Gosto de futsal e assim juntei a esse gosto com o prazer de trabalhar
com miúdos – que adoro – ao projecto do Boavista. De imediato aceitei.
A Academia tem duas equipas a competir. Mas no trabalho de treinos
essa separação também existe?
As equipas só estão dividias entre os escalões que impõem ,obrigatoriamente, essa
divisão, mas nós os treinadores somos um conjunto que trabalha em
simultâneo. Trabalhamos em conjunto porque podemos precisar de uma ajuda no
outro escalão e assim, tudo acontece normalmente. Há duas equipas com os seus treinadores,
mas depois há um conjunto de pessoas que trabalham em simultâneo para todos.
Quantos atletas tem nos petizes?
Temos oito a competir e outros jogadores, que ainda não estão em competição esta
época.
O Carlos Sousa impõe a máxima de formar ganhando. Os Petizes acabam de
garantir o título distrital. Como seu treinador, como analisa essa conquista?
Para cada miúdo, pessoalmente, é sempre cativante vencer. Ao irem aos
treinos durante a semana e chegar ao fim de semana e ganharem o seu jogo,
dá-lhes sempre um gosto especial.
Eles têm uma alegria enorme quando chegam aos
treinos e percebem o que estão a fazer, para quê e o que é o Boavista Futebol
Clube.
Isso permite que façam jogos fantásticos com uma entrega total e
incrível e com uma entreajuda extraordinária, corrigindo algum mau
posicionamento de um colega em campo. Isto para miúdos de cinco/seis anos é
algo fabuloso.
Pergunta importante na formação. E o apoio e comportamento dos pais?
Tem sido incrível pela positiva. Incrível.
Muitos treinadores de formação em todos os clubes, dizem que os pais
incomodam muito os trabalhos. Como comenta?
Não sinto isso. Há alguns que esporadicamente olham para o que estamos
a fazer, mas considero normal. Como é normal que os miúdos nestas idades sintam
a presença dos pais nos treinos e jogos, mas nunca senti qualquer interferência. Os
miúdos quando estão na quadra, só se preocupam com as suas obrigações no jogo.
A Academia de futsal do Boavista tem cinco anos, achas que passou a
ser a base de toda a formação axadrezada, que anteriormente tinha a sua base na
equipa de Benjamins?
A Academia tem que ser fundamental para o futuro do futsal do
Boavista. Se os jogadores começarem a partir destas idades a sentirem o que é o futsal e, o
que é o Boavista e se tiverem um bom ensinamento desde o início, considero isso
como fundamental, Defendo que é na Academia que tem que começar todo o processo
de formação.
Nos jogos eu vi esta época fiquei surpreendido, com a colocação em
campo e o conhecimento táctico que
(principalmente a equipa de Infantis apresentou). Como se consegue implantar
este rigor táctico em jovens de meia dúzia de anos de idade?
Eles treinam sistemas de jogo. Eles sabem que não podem ir todos à
mesma bola, que têm que estar em constante movimento para criarem espaços e
linhas de passe, para dificultar o adversário quando está a defender e
ajudarem-se quando atacamos.
O que me tem dado enorme prazer é verificar que
nos jogos quando um ataca, outro de imediato vem compensar a subida do colega.
Quando o homem mais recuado avança outro vem para o lugar dele mantendo a equipa
equilibrada.
Como se consegue ensinar esse rigor a miúdos de seis anos?
Vem do treino, para isso é que serve o treino.
Como é público, vai realizar-se uma pequena reestruturação na
Coordenação da formação. Tens conhecimento e qual a tua análise?
Se as mudanças forem úteis para a estrutura, serão sempre bem-vindas e
acho fundamental.
Quais os projectos a curto prazo? Pessoalmente?
Pessoal? Voltar a ganhar e criar atletas no Boavista. Eu penso sempre
a curto prazo. Estou bem na Academia, sinto que sou estimado sinto-me útil e
estou feliz. Não penso em nada mais. Estou contente onde estou e onde sou bem
tratado.
A nível de clube?
Formar e vencer.
Como te sentes no Boavista?
Sinto-me bem. É uma casa que acolhe bem as pessoas e onde vejo muita
união.
O que alteravas no futsal português?
Há uma grande diferença entre futsal e futebol, cada vez há mais
atletas a praticar futsal e é nossa obrigação levar a modalidade aos mais altos
patamares que existirem, temos que apostar todos juntos na evolução do futsal
para o futuro.
O Boavista, regressou aos campeonatos nacionais em seniores, com uma
equipa praticamente toda da nossa formação. Esse facto, vai obrigar a que o
vosso trabalho seja mais reconhecido e as vossas condições melhoradas?
Esses jogadores são jogadores que sentem o clube, que conhecem a casa
e que vieram por amor ao clube. Esse amor, também se conquista nos tempos da
formação, enquanto outros que chegam de fora, pouco sentem quando se perde um jogo.
Há
jogadores que chegam fora com o intuito de serem conhecidos para saírem para
clubes mais altos. Mesmo quando esses jogadores dão em campo noventa por cento
do seu valor, o jogador da formação dá sempre duzentos por cento, porque quando
o clube ganha os da formação, sentem-se felizes, porque o "seu" clube venceu.
Estes campeonatos oficiais para petizes e traquinas são importantes ou
é cedo demais para colocar em competição estes miúdos?
Acho bem a existência dos campeonatos. Porque os atletas gostam da
competição. Sem ela e fazendo somente treinos os atletas desmotivam-se. Com a
competição os treinos são mais positivos, porque eles sabem que no fim de
semana vão competir e isso serve de motivação extra.