MAIS DO QUE UM OBJECTIVO, SER UMA ATLETA OLÍMPICA REPRESENTANDO O
BOAVISTA, É UMA APOSTA PESSOAL.
Ana Costa, no passado fim-de-semana
na disputa do Campeonato Nacional de Pista Coberta realizado em Pombal, sagrou-se
Campeã Nacional de 200 e 300 metros de Juvenis.
Naturalmente orgulhosa, mas mantendo
a sua humildade de sempre, a Ana aposta em representar Portugal e o Boavista
futuramente em Jogos Olímpicos.
Vamos a dar a conhecer a
cidadã, quem é a Ana Costa?
Chamo-me Ana Raquel Costa, tenho quinze anos e estudo no décimo ano na
escola Garcia de Orta. Nasci em Lousada, mas vivo no Porto há vários anos.
Como nasceu o gosto pelo
atletismo?
O meu pai era atleta e tinha o sonho de estar presente e competir em
Jogos Olímpicos mas, por algumas razões não conseguiu cumprir esse sonho. Foi
aí que nasceu em mim o bichinho pela modalidade. Tudo vou fazer para concretizar
o seu sonho e honrar o meu pai, dizendo-lhe “não estiveste tu presente, mas vou
estar eu por ti”.
Uma espécie de vingança contra
as contrariedades?
Pode dizer isso dessa forma.
Com idade começaste a correr?
Com oito anos de idade e numa família de corredores, já que o meu
irmão também pratica a modalidade e também é treinado pelo meu pai.
Em que clube te iniciaste e
qual o teu percurso até chegar ao Boavista?
Comecei como individual. Depois passei para um clube que o meu pai
fundou – Atlético Clube do Porto – e foi nesse clube que me formei e consegui
os meus primeiros títulos. Passei ainda pelo Maia e pelo Tâmega.
Os jovens que se iniciam no
atletismo, fazem-no a correr na estrada. Tu és uma atleta de pista. Como
descobriste essa tua especificação?
A primeira vez que competi, senti-me melhor nas provas de velocidade
em comparação com as provas de longa distância. Como o meu pai era um
velocista, parti do principio que seria normal.
Os velocistas necessitam de
desenvolver muito a sua massa muscular. Qual a razão disso e pergunto se estás
decidida a trabalhar muito para desenvolver essa necessária massa muscular?
Esse desenvolvimento muscular é necessário para nos permitir ter a
força indispensável para obter velocidade. Eu também quero obter essa massa muscular,
por isso não me vou poupar a esforços para conseguir esse objetivo.
Vamos falar da tua carreira.
Que resultados tens a registar como mais significativos?
Nos meus primeiros Nacionais de Juvenis fiquei em terceiro lugar, mas
ainda era iniciada de primeiro ano. No ano passado nos nacionais de Juvenis já
como iniciada de segundo ano, consegui o segundo lugar nas provas em que
participei, 200 e 300 metros livres e 300 metros barreiras. Já fui Campeã
Nacional no Tetratlo, Campeã Nacional de 800 metros, 4x80 metros e vice-campeã
nacional nos 1.000 metros do Olímpico Jovem.
E no último fim-de-semana,
conquistas mais dois títulos nacionais de pista coberta e passas a ser Campeã
Nacional dos 200 e 300 metros. Como correram essas provas?
Correram bem. A minha aposta era ganhar, como sempre o faço. Não
ligo muito às minhas adversárias ou ao
nome das provas. Corro para ganhar e aposto mesmo sempre no primeiro lugar. O
que me surpreendeu positivamente foi o tempo que consegui.
Que foi muito bom. Qual a
marca?
Consegui 39,94 segundos aos 300 metros que passa a ser o novo record
regional do Porto e ficando a dois centésimos do record nacional.
Como te sentiste ao atingir tal
marca?
Feliz, porque demonstra que estou a trabalhar e a evoluir bem e aposto
que na próxima prova seja um objetivo a ultrapassar.
Qual a distancia que te sentes
melhor?
Entre os 200 e os 400 metros. Gosto dos 800 metros, mas já é uma distância
que fica um pouco para além da velocidade pura.
Correr numa pista coberta é
muito diferente que correr ao ar livre?
Muito diferente. Nos 200 metros a curva é mais apertada. Se corrermos
na pista um ou dois, temos que travar para não ir para as outras pistas. Nos 400
livres cada uma vai na sua pista e em pista coberta todas vamos à corda o que
torna difícil recuperar lugares se estivermos um pouco atrasadas.
Qual a opção que gostas mais?
Da pista livre, sem dúvida.
.
Sei que estás inserida no grupo
de preparação da seleção Nacional que prepara a participação nos Europeus de
Juvenis deste ano. Quando existe nova
concentração?
Penso que os trabalhos serão recomeçados na Páscoa.
O teu pai é simultaneamente o
teu treinador?
Sempre. O meu pai está sempre presente ao meu lado. O apoio dele é
muito importante para mim.
O Amândio Costa, é mais
treinador ou mais pai?
É as duas coisas ao mesmo tempo.
Dois irmãos atletas, pai
treinador… nesta família de atletismo só falta a mãe?
Não, não falta! A minha mãe é a nossa massagista. (rui-se)
O que queres ser no futuro no
atletismo?
Quero estar nos Jogos Olímpicos a representar o meu país e honrar
todos os meus fãs e apoiantes, a minha família o meu grupo de trabalho e o
Boavista Futebol Clube.
É um sonho?
Não! É uma aposta!
Como te veem na escola?
Uma rapariga igual ás outras. Elas não percebem a diferença.
Não é frustrante esse facto.
Uma jovem estuda e treina com afinco, consegue títulos brilhantes e descobre,
que pouco lhe dão valor. Repito não é frustrante?
Sim, é frustrante, porque as pessoas não conhecem os esforços que nós
fazemos. Alguns estão em casa sentados sem sequer conseguirem perceber a razão
de nesse momento, estarmos a enfrentar um temporal a correr ao frio e à chuva
parra realizarmos um treino. Não conseguem perceber. Tão simples como isso e
quando conseguimos os nossos objectivos, só conseguem dizer… tudo isso por uma
medalha?
Para terminar, pergunto. Tens
alguma mensagem a enviar?
Quero agradecer todo o apoio que recebi por esta conquista dos títulos
nacionais. Aos meus irmãos que são meus companheiros de treino, ao meu pai que
é meu treinador, à minha mãe que é minha massagista e a todos os adeptos do
Boavista que têm sido incansáveis no apoio e mensagens de cumprimentos que têm
enviado e ao meu grupo de treino.
Na prova nacional o que
significa uma atleta do Boavista ocupar um pódio que nem atletas de Sporting ou
Benfica (por simples exemplo) atingiram?
Confesso que só me orgulho da camisola que tenho no peito, mas talvez
elas sintam algo por ver o Boavista Futebol Clube no alto. Para mim, significa
muito orgulho, mas acima de tudo, a certeza que posso ira ainda mais longe.
Até aos jogos Olímpicos?
Sem qualquer dúvida.