Nota do editor
Para lançamento da nova época desportiva e tendo a consideração o interesse de reforçar "as ideias padrão" defendidas pelo Vice-presidente das Amadoras, repetimos na integra, a entrevista dado pelo Eng. António Marques a 27 de Julho do corrente ano
Para fazermos uma ligação entre as duas épocas desportivas (passado e futuro a curto prazo), a que terminou há alguns dias e a próxima, a iniciar no próximo mês de Agosto, fomos conhecer o parecer do responsável pelo sector das Actividades Amadoras do Boavista, o Vice-presidente Engenheiro António Marques. Numa entrevista, na qual são dissecados todos os pormenores sobre as modalidades Amadoras Axadrezadas.
Para lançamento da nova época desportiva e tendo a consideração o interesse de reforçar "as ideias padrão" defendidas pelo Vice-presidente das Amadoras, repetimos na integra, a entrevista dado pelo Eng. António Marques a 27 de Julho do corrente ano
Para fazermos uma ligação entre as duas épocas desportivas (passado e futuro a curto prazo), a que terminou há alguns dias e a próxima, a iniciar no próximo mês de Agosto, fomos conhecer o parecer do responsável pelo sector das Actividades Amadoras do Boavista, o Vice-presidente Engenheiro António Marques. Numa entrevista, na qual são dissecados todos os pormenores sobre as modalidades Amadoras Axadrezadas.
Terminada mais uma época desportiva, é hora de se fazer um
balanço global. Foi mais fácil ou mais exigente que o esperado? Quais as
maiores dificuldades que encontrou?
Poderei
dizer que em termos organizacionais decorreu dentro do que era previsível e, na
minha opinião, decorreu de forma positiva.
Em
termos de resultados desportivos posso afirmar que, globalmente, ultrapassamos
largamente as expectativas que tinhamos quando “arrancamos” a época.
As
principais dificuldades que encontramos também não foram surpresa: conseguir
obter os meios financeiros necessários para que as Modalidades pudessem
desenvolver as suas atividades competitivas em toda a época, cumprindo com todas
as suas obrigações financeiras e “libertando” o
mais possível a Tesouraria central do Clube. Como é público, o Clube tem
obrigatóriamente de cumprir um conjunto de compromissos no ambito do PER (para
além de todas as suas despesas correntes), de forma que as Modalidades Amadoras
terão de ser finaceiramente autónomas e, não tendo instalações próprias em
várias dessas Modalidades, os custos que são necessários assegurar são, de
facto, muito elevados. Naturalmente que, uma vez mais, contamos com o apoio da
“Associação de Amigos do Boavista” e, o que foi decisivo, também contamos com a
enorme ajuda de familares de Atletas, nomeadamente na colaboração nas
iniciativas que realizamos para angariação de receitas e na ajuda fundamental
no transporte de Atletas para treinos e competições.
Realço
também as excelentes “parcerias” que estabelecemos com o Agrupamento da Escola
Fontes Pereira de Melo e com a Escola Clara de Resende que nos permite algumas
soluções para treinos, nomeadamente com a utilização do ginásio da Escola Clara
de Resende para a nossa formação de Voleibol e com o Pavilhão da Escola Maria
Lamas para as nossas equipas de Andebol. Em termos pessoais e enquanto
responsável do Boavista, quero manifestar o agradecimento a ambas as
Instituições e, muito em particular, ao Dr. José Mário Cachada que tem tido uma
excecional sensibilidade para colaborar, em várias frentes, com o Boavista
F.C.
Internamente
o Engenheiro tem a sua “máquina” organizada. Sente que os diversos
departamentos das modalidades já se inseriram e adaptaram às directivas que
acha indispensáveis, para o melhor funcionamento?
Sim, tenho o previlégio de trabalhar com um conjunto de
Diretores que já me conhece há vários anos e que sabe que a minha forma de
atuar e de intervir.
A
Vice-Presidência das Modalidades Amadoras é constituída, para além de mim, de
mais 2 Elementos: O Vice-Presidente Adjunto, Dr. Carlos Santos e a Coordenadora
das Modalidades Amadoras, Profª Sara Monteiro.
A
nossa forma de atuar com as várias Modalidades resume-se em poucas palavras:
existe um conjunto de orientações nas várias vertentes que cada Diretor conhece
e tem de respeitar. Também temos um “Regulamento Interno” que serve de “guião”
para todos os Agentes desportivos envolvidos nas Modalidades (naturalmente que
sem colidir com as normas deste regulamento geral, cada Departamento pode e
deve ter um regulamento interno próprio que tenha em consideração as
especificidades da sua Modalidade). Assim, conhecendo cada Diretor as suas
regras de funcionamento e sabendo onde começa e acaba a sua responsabilidade
direta, cada um tem uma grande autonomia na gestão do dia a dia da sua
Modalidade. Naturalmente que existe a obrigatoriedade de nos manter sempre devidamente
informados do que vai acontecendo ao longo do tempo.
Com o regresso do Boavista, ao primeiro escalão de futebol,
há quem espere que a gestão das modalidades seja mais fácil, mas há quem pense
rigorosamente o contrário. O que pensa sobre isso?
Concretamente ao nível da gestão, considero que o facto de o
nosso Futebol Profissional regressar ao lugar de onde nunca deveria ter sido
retirado (a 1ª Liga) nada muda ao nível do rigor que terá sempre de existir. O
que poderá e deverá acontecer é o aumento da visibilidade, notoriedade e
credibilidade do Clube, o que poderá contribuir para que algumas Entidades ou Empresas
se nos associem como forma de promoção da sua marca ou produtos que
comercializam.
Todos são unanimes, num ponto. A falta de espaço para
treinos e jogos. Como conseguiu esta época gerir as contas de despesas com os
pavilhões, sabendo (eu, por razões profissionais) que o Boavista atingiu o
final da época com todas as contas pagas à Porto Lazer?
É uma realidade que o nosso principal problema reside no
facto de nas Modalidades de pavilhão necessitarmos de recorrer a espaços
desportivos exteriores ao Clube para os treinos e competições. Como atrás
referi, temos protocolos de cooperação com a Escola Clara de Resende e com o
Agrupamento Fontes Pereira de Melo que contribui para ultrapassar uma pequena
parte das nossas necessidades. Mas, sendo muito importantes estes protocolos,
para mantermos os níveis competitivos que as várias equipas do Clube exigem,
temos de recorrer diáriamente ao aluguer de pavilhões da Porto Lazer, Infante
Sagres e Escola Carolina Miccaellis. Este facto implica um enorme esforço
financeiro que é partilhado diretamente pelas Modalidades, pela “Associação de
Amigos do Boavista” e pelas verbas obtidas através de iniciativas da
Vice-Presidência e das nossas Modalidades de Ginástica, Judo, Karaté e Kenpo.
A Câmara Municipal, através da Porto Lazer, colaborou
(facilitou) com alguns pormenores para equilibrar as despesas?
Tem
havido ao longo do tempo uma boa relação com o anterior e o atual executivo da
Camara Municipal do Porto e com os Responsáveis da “Porto Lazer” no sentido de
serem criadas algumas condições de cooperação entre ambas as Instituições.
O
Boavista F.C. neste Departamento (Modalidades Amadoras) teve em atividade
permanente na época que agora termina, 13 modalidades desportivas (futsal
masculino, voleibol feminino, andebol masculino, futebol feminino, desporto
adaptado, hoquei patins masculino, ginástica, judo, karaté, kenpo, Aikido, boxe
e kickboxing) e proporcionou a prática desportiva regular a mais de 1.200
Atletas. Trata-se de um enorme contributo do Clube para o serviço público que é,
em termos constitucionais, uma obrigação do Estado. Naturalmente que a Camara
Municipal do Porto não é alheia a este esforço que o Boavista F.C. tem vindo a
desenvolver e irá, seguramente, já na próxima época aprofundar a sua
colaboração com o Clube. Seria de todo incompreensível que essa situação não
viesse a suceder. Em todos os contactos que temos vindo a estabelecer com os
principais Responsáveis autárquicos (Presidente da C.M.Porto, Administração da
Porto Lazer e outros) ficamos com a certeza do seu reconhecimento pelo trabalho
que o Clube há largos anos tem vindo a desenvolver e com a convição de que tudo
irão fazer para nos proporcionar as melhores condições possíveis que permitam
que este trabalho que temos vindo a realizar não só se mantenha como possa,
eventualmente, vir a ser reforçado.
Quer divulgar os resultados considerados mais positivos ou
significativos desta época? Quantas modalidades existem, no momento, no
Boavista? Durante a época, iniciou-se ou consolidou-se alguma nova modalidade?
Como
atrás referi foi uma época difícil (o que não foi nenhuma surpresa) mas com
resultados globalmente muito positivos que suplantaram as nossas previsões
iniciais. Em termos sintéticos passo a referir os factos mais relevantes por
cada uma das treze Modalidades:
BOXE – revalidamos o Titulo nacional
da 1ª Divisão e a Taça de Portugal
KICKBOXING – uma nova modalidade que
se iniciou no inicio da época e onde obtivemos vários titulos regionais e
outros resultados relevantes.
GINÁSTICA – vários titulos regionais
e nacionais conquistados e várias participações em saraus e galas nacionais e
internacionais nas várias especialidades que constituem esta nossa Modalidade:
ritmica, artística, acrobática, play gym, baby gym, gimnastrada.
JUDO – alguns titulos nacionais e
regionais obtidos e excelentes classificações em competições internacionais.
KARATÉ - resultados relevantes em competições
regionais e nacionais
KENPO – modalidade em franca
expanção no Clube ao nível da quantidade de praticantes.
AIKIDO – modalidade em inicio de
atividade no Clube.
HOQUEI PATINS – modalidade recente
no Clube. Participamos na 3ª Divisão Nacional e obtivemos o 3º lugar no
campeonato regional do Porto.
DDA – Futsal Adaptado – 3º lugar no
campeonato nacional e 2º classificado na Taça de Portugal // Futebol 7 Adaptado
– 2º lugar no campeonato nacional // Tiro Adaptado – excelentes resultados do
nosso Atleta, Bruno Valentim, que está já integrado no estágio para os próximos
Jogos Paralímpicos.
FUTEBOL FEMININO – participação
honrosa da equipa sénior no campeonato nacional da 1ª divisão (6º lugar) –
titulos distritais nos escalões sub-15 e sub-19 (neste caso com o pleno de
vitórias nos 24 jogos realizados) e resultados meritórios na equipa sénior
“promoção” e nos outros escalões de formação.
ANDEBOL – subida á 2ª Divisão
Nacional da equipa sénior e excelentes resultados nos vários escalões etários
de formação
VOLEIBOL – 2º lugar no campeonato
nacional da 2ª divisão (iremos disputar no próximo mês de setembro a
possibilidade de na próxima época podermos vir a competir na 1ª Divisão
Nacional) e resultados meritórios nos escalões de formação
FUTSAL – excelente participação da
nossa equipa sénior no campeonato nacional da 1ª Divisão Nacional (fomos
apurados para o play-off final onde fomos eliminados nos oitavos de final pelo
Sporting que se viria a sagrar campeão nacional) e resultados meritórios nos
vários escalões de formação.
Realço
ainda a organização de alguns importantes eventos, nomeadamente:
- “Final Four” do Campeonato
Nacional da 2ª Divisão de Voleibol Feminino – organização do nosso Departamento
de Voleibol e que contou com o apoio da “Porto Lazer” e da “Associação de
Amigos do Boavista”. Este evento realizou-se no Pavilhão da Escola Fontes Pereira
de Melo.
- “Gala dos Campeões” de Boxe –
realizada nas instalações do Estádio do Bessa e com organização do nosso
Departamento de Boxe.
- 3 “Saraus” das nossas classes de
Ginástica, Judo, Karaté e Kenpo (dezembro de 2013, abril e julho) – organização
do nosso Departamento de Ginástica. Dois destes eventos foram realizados no
Pavilhão dos Congressos em Matosinhos e o sarau de final de época realizou-se
no Pavilhão Municipal da Maia.
- “Campeonato Nacional de Ginástica
Ritmica – conjuntos” – realizada nas excelentes instalações do Velódromo de
Sangalhos sendo a organização partilhada entre o nosso Departamento de
Ginástrica e a Federação Portuguesa de Ginástica.
Com
a sua equipa de futebol profissional injustamente relegada para os escalões
secundários da modalidade durante seis longos anos, e sendo o futebol
profissional o seu principal impulsionador e aglutinador, o Boavista F.C.
viveu, globalmente, uma situação absolutamente dramática. Neste período negro
provocado por alguns irresponsáveis cujos rostos jamais esqueceremos, e em que
vimos partir muitos dos Funcionários e Colaboradores que muito contribuíram
para o engrandecimento deste Clube que irá completar 111 anos de existência no
próximo dia 1 de agosto, todos os objetivos desportivos ficaram fortemente
condicionados. Mesmo com todos esses problemas, o Clube manteve o seu forte
ecletismo continuando a contribuir para que muitos jovens pudessem praticar o
seu desporto favorito e não enveredassem por modos de vida menos recomendáveis
e saudáveis.
Com
a nossa reintegração na 1ª Liga do futebol profissional na próxima época
desportiva, que apenas parcialmente repõe alguma justiça (outras ações estão em
curso para que os prejuízos que nos foram causados sejam, pelo menos, minimizados),
julgamos que esta próxima época será o ano “zero” do Clube e de começar a criar
condições para no futuro próximo todas as nossas Modalidades desportivas possam,
de novo, “ombrear” com os principais emblemas nacionais.
Naturalmente
que com os resultados obtidos na época que agora termina, os nossos objetivos
para a próxima época apontam no sentido de,
no mínimo, mantermos as “performances” atingidas que, como anteriormente
referi, em todas as Modalidades foram claramente positivas.
Fiel ao lema “se não se poder começar… não iniciamos, mas se
iniciarmos, não paramos” prevê que alguma modalidade esteja em dúvida de
participação na próxima época?
Não
temos qualquer intenção de parar com alguma das nossas 13 Modalidades. Quando
acedi ao convite que me foi feito pelo Dr. João Loureiro em dezembro de 2012,
não foi seguramente a pensar em liderar nenhuma “comissão liquidatária” mas sim
para contribuir para consolidar e, se possível,
reforçar o ecletismo do Clube. Como sabe, mesmo passando por todas as
dificuldades que são conhecidas, o Boavista F.C. continua a ser um dos mais
ecléticos Clubes nacionais. Naturalmente que, tal como refere, só avançamos
quando temos a convição que estão reunidas as condições para lhe dar a completa
sequência durante toda a época. Essa situação já foi claramente colocada aos
Diretores das Modalidades que poderiam ser mais problemáticas face á indisponibilidade
de meios próprios para treinos e dos custos inerentes para ultrapassar essas
limitações. A resposta que me foi dada não me deixou dúvidas: todos estamos
motivados para continuar e procurar condições para melhorar.
Pelo
contrário, existe intenção de aumentarmos o número de Modalidades no Clube
desde que as mesmas tenham a necessária sustentabilidade. A médio prazo essa situação será definida.
Não sendo um profissional do Clube, o Engenheiro marca
presença frequente no Bessa. Para o futuro, acha que possível manter essa
disponibilidade para o Boavista, ou com o andar dos tempos, a “máquina” pode
aliviar todo o seu empenhamento?
Já
há muito tempo que faz parte da minha rotina diária terminar o meu dia de
trabalho no Bessa. Naturalmente que devido ás grandes dificuldades financeiras
com que o Clube se tem debatido nos últimos anos, a minha atividade no Clube
passou a ser mais intensa. A gestão propriamente dita das várias Modalidades
está integralmente á responsabilidade do Diretor de cada uma delas e dos seus
diretos Colaboradores. A atividade da Vice-Presidência (minha e dos meus
colegas da Vice-Presidência) para além do normal controlo das atividades dos
vários Departamentos no que ao cumprimento das regras e orientações diz
respeito, está muito ligada á obtenção de receitas absolutamente obrigatórias que
assegurem o pagamento de um conjunto de despesas necessárias ao normal
desenvolvimento de algumas das Modalidades (com particular destaque as
inscrições associativas e federativas e o pagamento de pavilhões para treinos e
jogos).
Tal
como atrás referi, considero que esta próxima época não será muito diferente da
que agora terminou.
Estou
entretanto convicto que daqui a um ano quando a próxima Direção do Clube (o
próximo ato eleitoral deverá realizar-se em junho de 2015) iniciar a preparação
da época 2015/2016 a minha profunda convição é que a situação poderá ser
diferente para melhor.
A curto prazo, quais as dificuldades esperadas, que lhe
tiram o sono?
Não
sou pessoa de perder o sono devido a problemas (sejam eles pessoais,
profissionais ou relacionados com o Clube).
Quando
eles surgem, só tenho uma forma de atuar : analiso-os, estudo a melhor maneira
de os ultrapassar e depois empenho-me e envolvo-me na sua resolução. Depois,
duas situações podem acontecer: ou o resolvo ou não sou capaz e neste caso só
poderá existir, eventualmente, uma solução: procurar alternativas. Ou consigo
encontrá-las ou esqueço e “parto para outra”.
Uma pergunta final que muitos adeptos que acompanham as
várias modalidades frequentemente comentam. Sente que os vários Departamentos
do Boavista F.C. estão com as Modalidades Amadoras e, de facto, colaboram ou,
simplesmente só pensam no futebol profissional ?
Não
tenho qualquer dúvida que qualquer meu colega de Direção tem especial prazer em
pertencer a um Clube tão eclético como é o Boavista F.C. e, seguramente, todos
desejam o melhor para as nossas Modalidades.
Não
posso no entanto deixar de referir que o esforço em prol do Clube e do seu
ecletismo, dos cerca de 1.200 atletas das Modalidades Amadoras e dos mais de
170 Dirigentes, Técnicos e demais Colaboradores, merecia da parte de todos os
Departamentos do Clube uma atenção e uma colaboração mais efetiva. É um tema
que, num futuro próximo, irá naturalmente ser analisado e discutido em sede
própria.
Entrevista de
Manuel Pina Ferreira