quarta-feira, 4 de junho de 2014

JORGE DIAS, TECNICO DA FORMAÇÃO DO VOLEIBOL, APONTA CAMINHO A SEGUIR

Jorge Dias, é um jovem apaixonado pelo Voleibol que faz parte do grupo técnico que se propõe reestruturar ( a nível competitivo) o voleibol de formação do Boavista. Designer, de profissão mas voleibolista por paixão. Vamos conhecer melhor as suas ideias e visão do universo da formação axadrezada.


Na minha opinião, esta época foi dividida em duas fases. Após os campeonatos, vocês alteraram todos os métodos de trabalho. Qual a razão?
Fizemos isso, essencialmente para começar a trabalhar para a próxima época e começar a reestruturar o próprio departamento de voleibol do Boavista, no que respeita à formação, que consideramos precisar de uma grande remodelação e acima de tudo de um grande incentivo, para as miúdas poderem trabalhar com um bocadinho mais de vontade.

Passado este período, já verifica algumas mudanças?
O balanço é bom. Já se começam a ver algumas coisas positivas, principalmente na entrega das miúdas. Alguns escalões, estavam totalmente desmotivados com o trabalho que estavam a fazer, devidos aos resultados que (não) conseguiam. Isso era evidente. Com a falta de resultados é normal as miúdas perderem o entusiasmo no trabalho que estão a realizar e  era o que estava a acontecer.

Agora já estão diferentes?
Com a reestruturação que lhes foi proposta, o trabalho passou a ser diferente e elas começaram a entender que as coisas resultam.

Mas vocês promoveram as jogadoras para escalões superiores aos quais só pertenceriam na próxima época. Isso não as desmotiva ao não vencerem os jogos que disputam, já que jogam contra atletas mais adultas?
O desânimo e a desmotivação só podem ter a ver com uma coisa. Elas não se sentirem realizadas. Quando estão a dar o melhor o resultado não é o mais importante. Foi o que lhes fizemos sentir. O importante nesta fase, é elas trabalharem bem para no próximo ano e nos anos vindouros,  estarem a melhor nível, ao nível das equipas mais fortes que estão constantemente a apurar-se para os nacionais. O importante é que elas trabalhem a ritmo mais elevado, mas que trabalhem bem. Essencialmente bem, esqueçamos os resultados de momento, porque para nós nesta fase, não é importante. Ganhar uma AVP não é importante., preferimos perfeitamente, a abdicar de uma AVP e conquistar um acesso ao nacional.

O início (que eu acompanhei) nem foi fácil nem pacífico, mas agora parece que as jovens já se integraram. Concorda comigo?
Sim é verdade! Agora estão muito diferentes e nota-se essa clara diferença no trabalho e nos resultados. Não temos tido grandes vitórias mas temos tido… grandes jogos, porque não gosto de falar em vitórias morais. Mas que as miúdas, mesmo perdendo um jogo se sentem realizadas porque estão a dar o máximo e estão a combater pelo sets e pelos resultados. Isso nota-se.

Mas neste processo, algumas desistiram. Perdeu alguma atleta que tenha sentido pena?
Perdi muitas! Perdi muitas, mas neste processo é a lei natural. É como na natureza, os mais fraquinhos, que se sentem sem armas e sem forças para lutarem com os mais fortes, acabam por sentir que não têm grande espaço. E só há duas hipóteses, ou mudam e lutam ainda mais, para enfortecer os seus pontos mais fracos para estar ou lado dos fortes ou acabam por ficar para trás.

Na próxima época, já veremos os resultados?
Não lhe vou dizer isso, porque não é uma verdade. Era isso que eu queria, como é obvio o que qualquer treinador perspectiva é que se consigam alterar os resultados de uma época para a outra. Mas para mim, para o ano continuamos a apostar naquilo que foi analisado e aprovado, que é que o Boavista precisa de uma reestruturação muito forte, não é só aos meus olhos que isso se vê. Eu gostava de fazer parte do grupo que vai colocar o Boavista onde merece estar.

Para além de técnico de voleibol, qual é a sua profissão?
Eu, sou designer e trabalho em Gaia?
Como nasceu este amor pelo voleibol?
Joguei vinte e sete anos.

Como se consegue conciliar esses dois amores?
Ao fim de vinte e sete anos tenho que praticar – mesmo a jogar – uma vez por semana e ninguém me pode tirar isso, porque se não… mexe comigo!
Sente motivado a ensinar estas miúdas?

É obvio e se não me sentisse motivado, já tinha saído.

Entrevista de 

Manuel Pina Ferreira