quinta-feira, 27 de março de 2014

ENTREVISTA COM NUNO COSTA, COORDENADOR DE FORMAÇÃO DO VOLEIBOL

Nuno Costa, é o coordenador do Voleibol de formação, cargo que acumula com o técnico-adjunto da equipa sénior. No seu regresso ao Bessa conjuntamente com José Machado, tem um projecto de alterar significativamente, a formação axadrezada da modalidade.
Estivemos com ele nos minutos que antecederam mais um treino da equipa de Cadetes, na qual apoia o trabalho de Joana Ferraz.

Nuno este é o seu primeiro ano ao serviço do Boavista?
Não. Estive anteriormente durante quatro anos no Boavista, há sete ou oito épocas atrás.
Trabalhando, nessa fase, com o professor José Machado?
Exactamente e agora volto cá na mesma situação.

Vamos começar pela formação. Tendo conhecimento do seu cargo de coordenador, tenho visto há uns tempos atrás a orientar os trenos. Isso faz parte de algum projecto de alterações?
Sim. Há dois/três meses atrás. o director do Voleibol, Artur Nunes, numa conversa entre os dois, pediu-me que dentro das minhas possibilidades, ficasse a coordenador os trabalhos da formação e desde aí, temos feito uma análise ao estado actual do clube, ao estado actual dos treinadores da formação de voleibol e ao nível competitivo das diversas equipas, na sua qualidade individual e colectiva. Dentro disso, foi traçado um plano que visa essencialmente, uma mudança de mentalidade, que passa naturalmente pelas correcções técnicas e tácticas da evolução das diferentes equipas.

Tenho verificado que você e o Jorge Dias, responsável pelas Juniores, têm imposto um trabalho que mais parece de pré-época. Estou certo nesta visão e qual o objectivo?
É uma reestruturação a pensar no que se pode fazer no próximo ano, decidimos “antecipar” meia época começando do zero agora, para quando chegarmos à próxima época já conseguirmos um nível competitivo mais idêntico às outras equipas, visto que o Boavista não tem ido às fases nacionais, ficando sempre pelas fases regionais. O objectivo, para já, passa por conseguirmos competir a um nível superior ao que estamos neste momento, ou seja, competir em campeonatos de nível nacional dos diferentes escalões.

Aposta na concretização desse objectivo a curto prazo?
Da análise que efectuamos, verificamos que há equipas que terão mais condições de conseguir isso, outras com maior dificuldade, mas vamos tentar que isso seja um hábito no nosso clube, como já o foi noutras alturas. A curto, ou médio prazo, dependo do valor e assimilação das atletas.

Vejo as atletas algo queixosos ao ritmo de trabalho que lhe imposto no momento. Naturalmente tem essa percepção. Espera isso, ou estar a ser mais difícil que o que tinha previsto?
Eu posso falar mais do escalão de Cadetes, que eram iniciadas até há um mês atrás, porque é o escalão com que trabalho directamente, devido à indisponibilidade de treinadores, com horários de Faculdade, etc… acabou por me cair um pouco às costas também. Igualmente acompanho os restantes trabalhos, mas este escalão, tem sido, até agora, bem recebido o trabalho que tem sido implantado, já se vai notando algumas diferenças quer de mentalidade, quer de disponibilidade mental e física das atletas, para este tipo de trabalho. Logicamente que é sempre um tipo de trabalho, que se tem que ir impondo aos poucos, porque é, principalmente a nível mental, de uma grande exigência e que demora algum tempo a implantar-se em pessoas que não estão habituadas a trabalhar a esse nível.

Para quem já esteve no Boavista anteriormente e regressa oito anos depois, nota diferenças entre as formações do passado e a actual?
Sim, noto e bastantes diferenças, nomeadamente a nível de resultados. Não digo a nível da qualidade a cem por cento, porque há atletas com qualidade para jogar e evoluir. A nível do colectivo, com essas repercussões de resultados nos campeonatos nacionais e regionais tem vindo a baixar um pouco o nível dessa formação.

Resultados. Já para o próximo ano?
Nós trabalhamos para isso, mas temos que ter em mente que é um trabalho pensado a médio prazo, ou seja, se calhar os resultados do trabalho que agora começamos só o iremos ter mais palpáveis daqui a duas/três épocas. Isto não invalida, por exemplo, que o apuramento para as fases nacionais seja na próxima época, o objectivo de todas as nossas equipas de formação.

Passemos às seniores. Quando tomaram conta da equipa, nunca lhes foi exigido a subida de divisão, mas neste momento, o Boavista está apurado para a final four da promoção. Se a direcção nos o exigiu, como pensaram os treinadores?
Logicamente, que enquanto equipa técnica, comandado pelo professor José machado, sempre  foi esse o nosso pensamento. Aliás nós não viríamos para cá com outro pensamento, habituados a um nível competitivo que estamos. Na primeira fase e pelo que nos foi pedido pela Direcção, não seria esse o objectivo, mas nossas mentes, sempre foi esse o nosso objectivo. Esta praticamente garantida (falta um ponto) a presença na final-four e depois serão três jogos a doer e praticamente tudo o que foi feito para trás não tem interesse algum.

Seria importante jogarem casa, sendo o Boavista a organizar essa final, ou isso traria uma pressão extra e desnecessária sobre a equipa?
Acho que não traria grande pressão jogue-se onde jogar haverá sempre pressão sobre todas as equipas porque é uma final. Quem conseguir lidar melhor com essa pressão e conseguir lidar melhor com o adversário e conseguir contrariar melhor as tendências dos adversários vai conseguir o título.

Considera o Boavista favorito ao título?
Eu acho que o CV Lisboa e o PE Lobato foram duas surpresas para mim porque não os tinha como adversários e naturalmente serão de um grau considerável de dificuldade. A equipa dos Açores é uma equipa que habitualmente cria umas surpresas porque não temos conhecimento nenhum sobre elas, ao contrário delas que conhecem o nosso trabalho. Têm conseguido ter acesso a alguns vídeos sobre as outras equipas e isso, pode ajudar de certa forma, a conhecer-nos melhor a nós e a dificultar-nos um pouco o trabalho. Pela nossa parte teremos a dificuldade de não as conhecer a elas, mas acredito que naqueles momentos decisivos as coisas vão para a área de conforto das atletas e quem souber gerir melhor e estiver mais confiante é quem conseguirá levar o caneco.

Uma derrota é sempre uma derrota, mas algumas acabam por ser vir de aviso. A derrota do passado domingo, sendo totalmente inesperada pode ser transformada em positiva?

Primeiro nós não eramos invencíveis, porque já tínhamos perdido com a Académica de Coimbra, algumas pessoas em S. Mamede esqueceram-se disso. Independente desse facto, não há equipas invencíveis e nós em todos os jogos, sejam com vitórias ou derrotas temos sempre coisas a tirar, a aprender e a ler. Sabemos que temos muito para crescer e aprova disso é o jogo da taça, por exemplo, embora tenhamos lá ido com praticamente jogadores de dezoito anos e atletas menos utilizadas, serviu-nos para perceber que ainda temos um longo caminho a percorrer se queremos jogar num nível da A1 e se queremos que as atletas continuem a evoluir.


Entrevista de;
Manuel Pina Fereira