Nuno Costa, é
o coordenador do Voleibol de formação, cargo que acumula com o técnico-adjunto
da equipa sénior. No seu regresso ao Bessa conjuntamente com José Machado, tem
um projecto de alterar significativamente, a formação axadrezada da modalidade.
Estivemos
com ele nos minutos que antecederam mais um treino da equipa de Cadetes, na
qual apoia o trabalho de Joana Ferraz.
Nuno este é
o seu primeiro ano ao serviço do Boavista?
Não. Estive
anteriormente durante quatro anos no Boavista, há sete ou oito épocas atrás.
Trabalhando,
nessa fase, com o professor José Machado?
Exactamente
e agora volto cá na mesma situação.
Vamos
começar pela formação. Tendo conhecimento do seu cargo de coordenador, tenho
visto há uns tempos atrás a orientar os trenos. Isso faz parte de algum
projecto de alterações?
Sim. Há
dois/três meses atrás. o director do Voleibol, Artur Nunes, numa conversa entre
os dois, pediu-me que dentro das minhas possibilidades, ficasse a coordenador
os trabalhos da formação e desde aí, temos feito uma análise ao estado actual
do clube, ao estado actual dos treinadores da formação de voleibol e ao nível competitivo
das diversas equipas, na sua qualidade individual e colectiva. Dentro disso,
foi traçado um plano que visa essencialmente, uma mudança de mentalidade, que
passa naturalmente pelas correcções técnicas e tácticas da evolução das
diferentes equipas.
Tenho
verificado que você e o Jorge Dias, responsável pelas Juniores, têm imposto um
trabalho que mais parece de pré-época. Estou certo nesta visão e qual o
objectivo?
É uma
reestruturação a pensar no que se pode fazer no próximo ano, decidimos
“antecipar” meia época começando do zero agora, para quando chegarmos à próxima
época já conseguirmos um nível competitivo mais idêntico às outras equipas,
visto que o Boavista não tem ido às fases nacionais, ficando sempre pelas fases
regionais. O objectivo, para já, passa por conseguirmos competir a um nível superior ao que estamos neste momento, ou seja, competir em campeonatos de nível nacional dos diferentes escalões..
Aposta na
concretização desse objectivo a curto prazo?
Da análise
que efectuamos, verificamos que há equipas que terão mais condições de
conseguir isso, outras com maior dificuldade, mas vamos tentar que isso seja um
hábito no nosso clube, como já o foi noutras alturas. A curto, ou médio prazo,
dependo do valor e assimilação das atletas.
Vejo as
atletas algo queixosos ao ritmo de trabalho que lhe imposto no momento.
Naturalmente tem essa percepção. Espera isso, ou estar a ser mais difícil que o
que tinha previsto?
Eu posso
falar mais do escalão de Cadetes, que eram iniciadas até há um mês atrás,
porque é o escalão com que trabalho directamente, devido à indisponibilidade de
treinadores, com horários de Faculdade, etc… acabou por me cair um pouco às
costas também. Igualmente acompanho os restantes trabalhos, mas este escalão, tem
sido, até agora, bem recebido o trabalho que tem sido implantado, já se vai
notando algumas diferenças quer de mentalidade, quer de disponibilidade mental
e física das atletas, para este tipo de trabalho. Logicamente que é sempre um
tipo de trabalho, que se tem que ir impondo aos poucos, porque é,
principalmente a nível mental, de uma grande exigência e que demora algum tempo
a implantar-se em pessoas que não estão habituadas a trabalhar a esse nível.
Para quem já
esteve no Boavista anteriormente e regressa oito anos depois, nota diferenças
entre as formações do passado e a actual?
Sim, noto e
bastantes diferenças, nomeadamente a nível de resultados. Não digo a nível da
qualidade a cem por cento, porque há atletas com qualidade para jogar e
evoluir. A nível do colectivo, com essas repercussões de resultados nos
campeonatos nacionais e regionais tem vindo a baixar um pouco o nível dessa
formação.
Resultados.
Já para o próximo ano?
Nós trabalhamos
para isso, mas temos que ter em mente que é um trabalho pensado a médio prazo,
ou seja, se calhar os resultados do trabalho que agora começamos só o iremos
ter mais palpáveis daqui a duas/três épocas. Isto não invalida, por exemplo,
que o apuramento para as fases nacionais seja na próxima época, o objectivo de
todas as nossas equipas de formação.
Passemos às
seniores. Quando tomaram conta da equipa, nunca lhes foi exigido a subida de
divisão, mas neste momento, o Boavista está apurado para a final four da
promoção. Se a direcção nos o exigiu, como pensaram os treinadores?
Logicamente,
que enquanto equipa técnica, comandado pelo professor José machado, sempre foi esse o nosso pensamento. Aliás nós não viríamos para cá com outro pensamento, habituados a
um nível competitivo que estamos. Na primeira fase e pelo que nos foi pedido pela Direcção, não seria esse o objectivo, mas nossas mentes, sempre foi esse o nosso objectivo. Esta praticamente garantida (falta um ponto) a presença na
final-four e depois serão três jogos a doer e praticamente tudo o que foi feito
para trás não tem interesse algum.
Seria
importante jogarem casa, sendo o Boavista a organizar essa final, ou isso
traria uma pressão extra e desnecessária sobre a equipa?
Acho que não
traria grande pressão jogue-se onde jogar haverá sempre pressão sobre todas as
equipas porque é uma final. Quem conseguir lidar melhor com essa pressão e
conseguir lidar melhor com o adversário e conseguir contrariar melhor as
tendências dos adversários vai conseguir o título.
Considera o
Boavista favorito ao título?
Eu acho que
o CV Lisboa e o PE Lobato foram duas surpresas para mim porque não os tinha
como adversários e naturalmente serão de um grau considerável de dificuldade. A
equipa dos Açores é uma equipa que habitualmente cria umas surpresas porque não
temos conhecimento nenhum sobre elas, ao contrário delas que conhecem o nosso
trabalho. Têm conseguido ter acesso a alguns vídeos sobre as outras equipas e
isso, pode ajudar de certa forma, a conhecer-nos melhor a nós e a
dificultar-nos um pouco o trabalho. Pela nossa parte teremos a dificuldade de
não as conhecer a elas, mas acredito que naqueles momentos decisivos as coisas
vão para a área de conforto das atletas e quem souber gerir melhor e estiver
mais confiante é quem conseguirá levar o caneco.
Uma derrota
é sempre uma derrota, mas algumas acabam por ser vir de aviso. A derrota do
passado domingo, sendo totalmente inesperada pode ser transformada em positiva?
Primeiro nós
não eramos invencíveis, porque já tínhamos perdido com a Académica de Coimbra,
algumas pessoas em S. Mamede esqueceram-se disso. Independente desse facto, não
há equipas invencíveis e nós em todos os jogos, sejam com vitórias ou derrotas
temos sempre coisas a tirar, a aprender e a ler. Sabemos que temos muito para
crescer e aprova disso é o jogo da taça, por exemplo, embora tenhamos lá ido
com praticamente jogadores de dezoito anos e atletas menos utilizadas,
serviu-nos para perceber que ainda temos um longo caminho a percorrer se
queremos jogar num nível da A1 e se queremos que as atletas continuem a
evoluir.
Entrevista de;
Manuel Pina Fereira