domingo, 21 de junho de 2009

ANDEBOL- ENTREVISTA COM VÍTOR NASCIMENTO

Vítor Nascimento ( há 10 anos no Boavista)é o treinador da equipa de iniciados do andebol, que contra muitos prognósticos conseguiu a proeza de assegurar a manutenção do Boavista no escalão máximo nacional da categoria.

Uns diziam que só um milagre salvaria a equipa da descida, outros consideravam a salvação como um missão impossível… e você, acreditou (mesmo) sempre?
Sinceramente confiei sempre, porque acreditava no potencial dos miúdos, falei com eles dizendo-lhes isso mesmo. Penso que o que acabou por ser importante para o sucesso, foi eles terem acreditado no seu valor.
A segunda fase foi muito forte…
Não haja dúvidas, a segunda fase foi fantástica com cinco vitórias e dois empates, isto em sete jogos, quando na primeira fase em vinte e quatro jogos tínhamos conseguido duas vitórias e um empate.

Na primeira fase eles demonstravam uma inocência que os fazia perder o controlo dos jogos. Como conseguiram defrontando os mesmos adversários mudar tanto?
Claramente motivaram-se, tiveram a noção que se não dessem tudo o que tinham e sabem, dificilmente evitariam a descida de divisão. Foi essencialmente o querer, porque sempre trabalhamos de forma séria e conseguiram transformar as fraquezas anteriores em forças actuais.

Houve alguma jornada crítica?
Sim, na terceira jornada defrontamos o Padroense que era o nosso adversário directo na luta pela manutenção. Pensavamos vencer e era muito importante, mas não conseguimos mais que um empate, o que prolongou a luta para as outras jornadas.

A PRÓXIMA ÉPOCA

Para o ano como será? Quantos sobem aos juniores?
Desta equipa sobe metade e fica outra metade. Tenho que admitir que os que sobem quase todos eram titulares, penso no entanto, que com os miúdos que com os miúdos que sobem dos iniciados continuaremos a ter uma equipa muito boa.

Vamos por partes. Os que sobem (embora jogando na segunda divisão de juniores) têm arcaboiço para esse choque produzido pela idade de novo escalão?
A diferença será essencialmente notória no aspecto de força e resistência, porque a nível técnico eles são iguais ou até superiores a muitos com quem vão competir. Na vertente física é certo que será um choque que lhes poderá criar no início alguma mossa. Mas eu acredito no valor e sei que se vão afirmar na equipa júnior.

E os que continuam como juvenis?
Acreditem que temos ali muitos bons atletas. Esta época, alguns estiveram um pouco tapados pelos mais “velhos” mas irão agora ser a base de uma equipa em que acredito. Nas outras equipas as formadas também passam e não conhecemos os nossos adversários, mas os tempos de jogo que lhes dei durante a época, mostraram o seu valor, pois sempre me deram garantias do seu valor.

O FUTURO

Começo pelo fim. Já decidiu se continua no Boavista?
Essa resposta não poderá ser eu a dar-lhe. Posso dizer que gostava muito de continuar, mas não depende só de mim.

Fala de condições de trabalho?
Nunca para mim, o factor monetário foi o mais importante (trabalha sem receber qualquer subsídio) mas considero que há situações que temos que analisar entre mim e o Departamento.

Vamos saltar um pouco em frente… se ficar qual é a sua intenção. Subir de escalão ou manter-se nos juvenis?
Eu considero-me um treinador de formação!
Preocupo-me com aspectos técnicos e gosto muito dos miúdos. Podia continuar no mesmo escalão ou até começar novo ciclo desde o início, mas considero que os Infantis estão muito bem orientados pelo Carmo e pelo Ruben.
Os iniciados estão em excelentes mãos pelo Henrique que julgo continuará o seu trabalho. Assim, a manter-me, penso que os Juvenis serão uma boa solução.
Nos juniores não teria problemas, até porque todos os atletas já passaram pelo meu comando e penso que também estará na altura de nos separarmos, porque eles têm que experimentar outros treinadores e outros métodos de trabalho.

A nível organizativo. Alguma crítica?
Pelo que sei o Boavista apenas paga inscrições, policiamento e pouco mais que isso. O departamento gera receitas e acho que esses valores deveriam ser aplicados no departamento.
Seria um desafogo (para o andebol) muito grande se a Direcção do Clube assumisse o mínimo indispensável, que são as inscrições, deslocações, alugueis de pavilhões, arbitragens. Mesmo as despesas (subsídios) com os treinadores deveriam ser assumidas pela Direcção.

Como vê o andebol axadrezado’
Com muito futuro... se o clube conseguir colaborar com o departamento, assegurando os mínimos, como já disse. A quantidade que temos nas bases do andebol e chamo bases, os Bambis e ao Minis, nunca tivemos tantos atletas e com tanta qualidade.

Está na hora do Boavista fazer um esforço para aguentar o Andebol?
Sim acho que sim! Deveria apoiar mais o António Santos – digo isto com muita mágoa, pois acho que todas as Amadoras deveriam ser vistas com outros olhos e igualmente todas apoiadas – no fim, as Amadoras são a razão da existência de um clube, pois um clube não é só futebol.
O Boavista faz bandeira de ser um clube eclético, mas a realidade é que as modalidades estão um pouco ao cuidado da ama. E a ama são os directores/seccionistas dos departamentos, sei que o futebol é que gere as receitas e movimentos, mas se não se apoiarem as modalidades o Boavista fica reduzido ao futebol e o futebol, nos dias de hoje é muito pouco ou nada neste momento.

Ficamos a conhecer melhor, um homem calmo, ponderado mas de grandes convicções… não fora assim e não tinha conseguido realizar com êxito uma MISSÃO IMPOSSÍVEL!