segunda-feira, 8 de fevereiro de 2016

PAULO MOREIRA - "PRECISO DE ADVERSÁRIOS PARA FAZER O QUE GOSTO. ADVERSÁRIOS SIM, INIMIGOS NUNCA"

O BOXE É UM JOGO DE XADREZ

 Paulo Moreira, é um pugilista do Boavista, que este ano, sofreu uma lesão no combate de decisão do título nacional. (este combate, tem passado diversas vezes na Sportv).
Ccom vinte e sete anos, continua a apostar na conquista do título, que este ano, a sorte lhe roubou a dez segundos do fim do combate.


Quando ingressou no Boavista?

Comecei há quatro anos e foi o meu primeiro e único clube de boxe.

Praticou alguma modalidade, antes de enveredar pelo Boxe?

Pratiquei outras, mas mais a sério, pratiquei o Taekwondo.

A que se ficou a dver essa mudança?

Senti uma curiosidade pelo Boxe e como sempre ouvi falar muito bem, da escola do Boavista, resolvi experimentar a modalidade e veracidade sobre o nome da escola.

Que achou?

Que era verdade. A escola do Boavista, confirma-se como uma excelente escola, talvez a melhor a nível nacional e a dedicação que tenho dado ao Boxe, responde pelo resto.

Qual a categoria em que luta?

Em setenta e cinco quilos.

Qual a análise que faz a este período de quatro anos?

Tem sido, claramente, positivo. No primeiro ano, fui Campeão Regional e Vice-campeão Nacional. Depois tive uma fase em que me posso queixar de algumas coisas, entre elas as arbitragens. Este ano (2015) recuperei o título Regional e tive azar no final do nacional.

Vamos pormenorizar esse combate, que tem sido muito divulgado. O que aconteceu?

Faltavam 10 segundo para o final do combate, que eu senti (eu e muita gente) que estava ganho, mas sofri uma cabeçada que me abriu o sobrolho e o árbitro decidiu interromper o combate. 
Sinceramente, acho, que o título era meu. Concordo, que deveria ter perdido o terceiro assalto, mas tinha sem qualquer dúvida, vencido os anteriores e por isso, o título seria meu. Pronto, tenho que aceitar a vitória do meu adversário que era muito bom, era um atleta do Sporting que tinha vencido um título no estrangeiro que nunca nenhum português tinha ganho. Tenho que aceitar com desportivismo a decisão e trabalhar para lá voltar este ano.

O pugilismo é muito mais que trabalhar no ringue. Como é que um atleta se inscreve na modalidade sabendo que vai ter que trabalhar muito e sofre ainda mais?

Quando se gosta e quando se pisa um ringue, temos a noção que precisamos de trabalhar muito para estarmos muito bem, pelo menos durante os três assaltos. Para conseguirmos isso, temos que fazer um esforço enorme, para treinar, correr muito e voltar a treinar.

Como decorrem os seus treinos?

Eu trabalho por turnos, e muitas vezes vou correr às duas da manhã. Tem que ser! 
Depois sempre que tenho tempo, venho para a Academia do Boavista, trabalhar com o Senhor Caldas e meus colegas do Boavista. Se queremos conseguir alguma coisa e chegar a títulos, tem mesmo que sair de nós.

O Boavista, acaba de conquistar o Penta-campeonato. Mesmo, sendo suspeito, considera que é a forma como se trabalha, nesta escola, que foi determinante?

Claro que o Senhor Caldas é um excelente treinador, que nos orienta sempre nos caminhos certos, mas também é o facto de termos muitos bons atletas. 
Uma pessoa chega aqui, vindo do nada e vê tantos bons atletas que de imediato tenta seguir o exemplo deles. Se os seguimos, somos obrigados a evoluir. 
Se estamos numa escola, que tem um ou dois atletas bons, é muito difícil treinarmos conjuntamente com eles. Aqui, essa dificuldade não existe porque, há muitos bons atletas, para treinar com eles. 
Nesta escola do Boavista, todos treinamos muito. Se venho de manhã, tenho atletas com quem treinar, se venho de tarde, encontro a mesma situação e isso, ajuda muito a nossa evolução, tornando tudo mais fácil.

O que é o Boxe?

É uma arte. Quem está por fora, pensa que é chegar aqui e dar uns socos e... que não tem nada que saber. Depois quando experimentam descobrem que é tudo muito diferente. O Boxe, tem que ser jogado como um jogo de xadrez, estudarmos e decidirmos quando avançamos, ou quando nos retraímos.

Num combate, o “outro” é um adversário ou um inimigo, como nós que pouco sabemos interpretamos?

Não de todo. Eu fiquei, não direi amigo, mas bastante próximo de todos os adversários com quem combati. Aceitei, sempre os resultados como de um jogo.
Se perdem é porque eu treinei mais que eles, se perco é porque foram eles que treinaram melhor que eu. Sem um adversário, não consigo fazer o que gosto. Todos nós temos esta filosofia desportiva. 
Para praticar e jogar Boxe, precisamos uns dos outros. Adversários sempre, nunca inimigos.

Obejctivos pessoais?


Quero ser campeão nacional e mais tarde passar a profissional. Vamos ver como é que as coisas correm, para ver se no futuro concretizo esses meus desejos e ver se a sorte me proporciona essa possibilidade.

Entrevista de
Manuel Pina