Carlos
Antunes, um bilharista conceituado que passou a representar o Clube do seu
coração, naquilo que lhe parecia um sonho irrealizável. Com a profissão de
Comercial e com a idade de 54 anos, recusa ser o às do baralho axadrezado.
Comecemos por
identificar o Carlos Antunes. Como nasceu
o prazer de jogar bilhar?
O gosto pelo
bilhar nasce de um “vício” que era normal antigamente existir… o gosto pelo café. Assim, aprendi num grande café, em que parava muito tempo. Falo de um grande
café, de um Grande Boavisteiro, diga-se de passagem, que é o Senhor Pais do
Amaral, que era propritário do café D. Pedro na rua quinze de Novembro.
Foi aí, que aprendi
a jogar, essencialmente bilhar livre. Depois apareceu o Ateneu Comercial do
Porto, quase trinta anos depois, que só tinha Carambola. O jogo às três tabelas
requer muito tempo de aprendizagem, por isso, ainda fiz algumas épocas nesse clube e
conseguimos alguns triunfos dignos de registo, entre os quais, fomos Campeões Nacionais por equipas.
Representou outros
clubes?
Andei por
aí. Primeiro numa Academia que já não existe e depois noutros clubes.
Como se dá o
ingresso no Boavista?
José Alberto, nosso coordenador, que já conhecia há muitos anos,
convidou-me para representar o Boavista.
Em que clube
estava?
No New
Academy, na primeira divisão nacional.
Voltando a
trás. O convite agradou-lhe?
Muito. Porque,
antes de mais, sou um boavisteiro de sete costados. O projecto do Boavista fez
agora um ano, mas está a ter bastante aceitação em todos os adeptos e
conhecedores do bilhar e o Boavista, está a ser um clube desejado por muita gente.
Já conhecia
os seus novos colegas de equipa?
Todos eles
eram já conhecidos. Havia um mais jovem que era filho de um amigo, a quem conhecia
mais vagamente, mas os restantes já os conhecia bem., dado que são todos do
mundo do bilhar.
O José
Alberto, apostou na subida da terceira para a segunda e agora aposta na subida
para a primeira. Considera possível?
Permita que
corrija. O Boavista não subiu para a segunda divisão. O Boavista foi Campeão
Nacional. Quanto à subida, considero possível embora não vá ser fácil, porque
esta época há equipas muito ambiciosas, mesmo no distrito do Porto. A nossa grande
aposta é subir de divisão, não há promessa de sermos Campões Nacionais, mas a
subida de divisão já seria muito boa. Juntando a esta aposta na subida,
queremos estar presentes na fase final da Taça de Portugal. São estes os
grandes objectivos para a época.
Que número de treinos estão a realizar?
Para já estávamos
a treinar uma vez por semana, mas vamos passar a realizar dois treinos por
semana, num ambiente muito positivo, porque há grande união e humildade entre
todos os elementos da equipa.
Continuam a
treinar na Cervejaria Diu?
Exactamente e
queria aproveitar, para enaltecer a postura da Cervejaria Diu, como Sponsor da secção. Que
para mim tem sido muito agradável e uma surpresa muito grande, tal a forma como
nos tratam e apoiam. Estão muito na sombra mas são muito activos. Eu que estou
aqui há dois meses, já sinto isso. Há uma conjugação entre a Cervejaria Diu e
Boavista, a funcionar a cem por cento.
Mas a aposta
do José Alberto é outra. Conhece-a?
Você vai-me
perguntar se a secção gostaria de ir para o Século XXI… é um dos grandes
objectivos, mesmo sabendo das grandes dificuldades que o Boavista atravessa,
mas era muito importante e em vários aspectos.
Para o Bilhar, pra nós e para o
clube que passaria a ter uma sala de jogos no estádio.
Deixe que lhe diga,
que seria também muito bom para o bilhar, que continua a ser conectado com uma
sala cheia de fumo. Ainda existem salas sem grandes condições, mas já se
encontram salas com muitas condições para a prática de um bom bilhar. Há fases
finais disputadas em grande salas.
Como se
consegue iniciar na categoria de Carambola e passar para o Pool Português?
Na minha
geração de anos sessenta, todos os cafés tinham bilhar livre. Eu via o senhor Pais
do Amaral, que era grande jogador, a jogar e passava lá horas, só a ver e... a
ver, também se aprende a jogar. Na Carambola aprendem-se todas as bases do bilhar,
a forma de tacada, efeitos a dar etc…
Mas o Pool é
completamente diferente?
O Pool não é
só meter bolas nos buracos, como muitos pensam. É um jogo de paciência, é um
jogo de defesa, outras vezes de ataque. Umas vezes a defesa sobrepõe-se ao
ataque. Felizmente, temos tido uma grande divulgação graças às transmissões da
Euro sport, dos campeonatos de snoccker.
Como está bilhar em Portugal?
Em grande
ascensão desde o Porto à Madeira com um enorme aumento de praticantes e com um
excelente trabalho da federação. Como em tudo na vida, as Federações não estão
a atravessar um bom momento. Pelo que conheço da nossa, considero que está a
realizar um bom trabalho.
É fundamental deixar
de confundir o espaço comercial com o desportivo e os clubes conseguirem um
espaço liberto da parte comercial, para não se continuar a confundir clubes com
cafés.
Voltamos ao
Boavista e a uma sala no estádio…
Concretizando
essa sala, poderíamos arrancar com uma Escola de Bilhar, para fazermos formação
e Works shops e acredito que a aposta do José Alberto se vai concretizar,
porque mesmo com esta dificuldades, o Boavista viria a beneficiar dessa
situação.
O que
representa para um sócio de há nos do Boavista, vestir a sua camisola
oficialemente?
Representa muito,
mas mesmo muito. O ano passado, estava na primeira divisão e quando soube da existência
de uma equipa de bilhar do Boavista, desejei trocar a primeira pela terceira só
para vestir essa camisola.
O Carlos
Antunes passa a ser a estrela da equipa?
Não nada
disso. Isto é um jogo de equipa. Se eu ganhar os meus jogos todos… não ganhamos
o jogo, os outros têm que ganhar os seus jogos também. Temos que conseguir atingir
as nove partidas para vencer a o jogo. Digo-lhe que a nossa equipa é muito
equilibrada.
Representar o
Boavista e continuar com ambição é para si, é dois em um?
É verdade. Eu
quando encontrei o José Alberto e lhe dei os parabéns pela conquista do título,
perguntei se o Boavista não estava a fazer captações, para me candidatar. As cosias
passaram-se e aqui estou em no meu clube, mas sendo somente mais um.
Os clubes
ficam e as pessoas passam…
Mas quando
se ama um clube não se muda. Demorou cinquenta e quatro anos mas chegou a
altura de vestir esta camisola. Termino com um pedido. Arranjem lá um espaçozinho
para jogarmos no estádio do Bessa.
Entrevista de
Manuel Pina