Ao iniciar
mais uma época desportiva, estivemos numa conversa com o Director do
departamento do Hóquei em Patins, Morais Gomes, que nos elucidou sobre a
realidade da modalidade no clube.
Quais as
novidades, para a próxima época?
As novidades
não são as melhores. A época vai começar com uma tranquilidade, que ao fim deste
anos, considero muito positiva.
Iniciaremos a época com tranquilidade, mas não nas
condições que queríamos. Houve um caso no plantel com a saída (imprevista) de
um atleta para um clube que lhe oferece melhor condições e por arrasto com ele,
seguiu um atleta que seria um reforço para esta época.
Então perderam
dois jogadores, em vez de um?
Sim, neste
caso, foi dois em um. Mas no fundo, também há o lado bom. Aquela aposta, que
fizemos há três anos na equipa dos juniores, teve como resultado termos agora
três juniores na equipa principal.
Quero referir o nome do Tiago, que sempre
nos acompanhou, mas que recebeu um convite para treinar um clube adversário e
baseando na idade optou por terminar a carreira de jogador e assumir o cargo de
treinador. Os meus desejos, de felicidades, para o Tiago.
Como analisa
o plantel?
Acho que a
equipa está mais madura e tem o reforço de três jovens, que com a sua irreverência,
podem reforçar fisicamente a equipa. Penso que irão entrar na equipa e um deles
vai ser com certeza uma surpresa.
O problema
de guarda-redes está resolvido?
Sim, está. O
Nando, que é um dos juniores foi o guarda-redes escolhido para o plantel e assim
a equipa está concluída. O Nando não jogou o ano passado, por razões
profissionais que agora estão resolvidas e assim regressou ao plantel, mas já
como sénior.
Conseguiu alterar
o horário dos jogos?
Posso garantir,
que salvo alguma excepção de última hora, os jogos passaram para um horário
entre as dezanvr e trinta /vinte horas, de domingo. Alternamos com a equipa
B do Infante Sagres, na ocupação do pavilhão. Apostamos nas dezanove e trinta
para os nossos jogos.
Disse no início
que espera uma época mais difícil. Em que se baseia para essa afirmação?
Digo isso,
porque todas as épocas, somos obrigados a começar do zero. Esta época está a
repetir-se essa situação.
Exemplifique…
Temos diversos
atletas a oferecerem-se para vir jogar para o Boavista e assim, temos hipótese
para reforçar muito a equipa. Mas, quando os informamos que no Boavista, todos
pagam uma cota para jogarem… eles desistem da intenção de vir para o nosso
Clube e optam por outros, onde nada, pagam.
Isto para nós é um handicap
negativo, pois, nós, nada podemos pagar nem tão pouco os deixar jogar sem pagarem
esse valor. Os atletas, optam por outros clubes, reconhecendo que o Boavista é
um Clube apetecível pelo nome e camisola, mas não pode passar a partir disso.
Eu
costumo dizer aos nossos jogadores, que o que pagam aqui é o que pagariam num
ginásio para manter a forma. Mas este não é o espírito dos outros clubes, que têm
outras condições e todo o direito de as imporem a seu favor, apostando com
outras ambições e uma equipa ganhadora.
Quando vai o
Boavista poder ombrear com eles?
A realidade
é esta. O Boavista é um clube de formação em todas as modalidades e no hóquei
não é! Isso, é uma lacuna muito grande e para passar a ser um clube de formação, teria que ter um
espaço próprio e conseguir um espaço disponível para esse fim. Se tivéssemos condições,
começaríamos pela base e dentro de seis anos teríamos uma equipa competitiva
nos seniores. Vamos tentar manter a chama do hóquei acesa no Boavista.
Nestes condicionalismos,
um dirigente, não é tomado por uma certa frustração?
Ano, após
ano, vai aumentando uma certa frustração. O que não diminui e me mantem aqui é
o amor ao hóquei e ao Boavista. Noutro caso, já teria saído, porque, durante uma época se luta
contra muitas coisas que nos vão desgastando.
As despesas
estão estabilizadas, ou o orçamento sofreu alterações ao previsto?
São valores exorbitantes,
os que são aplicadas aos clubes. Eles, dão de um lado mas tiram, ainda mais, do
outro e torna-se muito difícil gerir a contabilidade no departamento. O pagamento
de inscrições e seguros, não se compadecem com os nossos problemas. Só em
inscrições de jogadores e staffe, já lá vão dois mil euros.
Qual o valor
necessário para uma época?
Para fazer o
que temos feito precisamos de quatro mil euros para melhorarmos o que temos
feito… precisávamos de oito mil.
Patrocínios?
Há muitas
promessas, muita vontade de ajudar… mas no final, traduz-se em nada. Continuamos
a ser subsidiados pelo clube e pelos jogadores.
O Clube?
Sim! Neste
momento, seria impensável continuar se o Clube não se ajudasse, especialmente
com as despesas do pavilhão. Anteriormente, vivemos em Alfena graças a um
protocolo com esse clube e com uma grande ajuda da Associação do Amigos do
Boavista.
Desportivamente,
aposta mais no distrital que no nacional. A que se deve esse facto?
Não diria
isso, o facto é que sendo igualmente uma prova de regularidade, o distrital, é
uma prova com equipas mais niveladas. No nacional, nós jogamos com equipas, por
exemplo, da associação de Braga, com pretensões a subir e essas equipas estão
ao nível de equipas da segunda divisão, sem qualquer dúvida. Há um conjunto de
seis equipas, que é impossível nós nos metermos no meio. Discutimos os
resultados, dificultamos, mas não é suficiente.
A sua equipa
é diferente das outras?
Sim, nós
temos aqui um grupo muito forte e com muitos atletas, desde o início do projecto. Outros,
vieram e não conseguiram integrar-se neste espirito e não continuaram. É um
grupo muito unido e ímpar. Um espirito diferente de equipa e Clube, mesmo
alguns, não sendo todos boavisteiros, quando vestem esta camisola, assumem uma
raça e um espírito que só aqui se encontra. Haverá poucas equipas a jogar nas
nossas condições.
É um Clube diferente, logo é uma equipa diferente