terça-feira, 16 de abril de 2013

O VICE PRESIDENTE, ENG. ANTÓNIO MARQUES, FALA SOBRE A REALIDADE DAS AMADORAS


Passados três meses após a tomada de posse desta Direcção está na hora de fazermos um primeiro balanço. Antes de nos debruçarmos sobre as Modalidades Amadoras vamos falar um pouco de outras questões importantes.

 Como viu a recandidatura do  Dr. João Loureiro á Presidência do Clube?  
Enquanto adepto incondicional do Boavista recebi, com agrado a notícia da sua candidatura a Presidente da Direção. Já era minha convicção (e continua a ser) que se trata da melhor solução possível para que a recuperação do Boavista F.C. possa vir, de facto, a acontecer. Apesar de tudo o que foi dito ao longo dos últimos anos relativamente á sua gestão enquanto Presidente do Clube entre 1997 e 2007, a minha opinião foi sempre a mesma: cometeu erros como todos cometem (isso só não acontece a quem nada faz, nem tenta fazer), mas o saldo final foi claramente positivo (sendo uma realidade, que o Boavista F.C. se começa a impor como um dos principais Clubes nacionais em várias Modalidades, particularmente no futebol profissional, na gestão do major Valentim Loureiro, os seus maiores sucessos desportivos aconteceram no periodo da presidência do Dr.João Loureiro). 
Acrescento ainda que relativamente á construção do Estádio do Bessa Sec. XXI, se tivessemos sido tratados pelas autoridades competentes em plano de igualdade com os outros Clubes nacionais com estádios próprios, a situação financeira do Boavista F.C. seria completamente diferente da atual realidade. 

Como Boavisteiro queria que fizesse uma análise pessoal ao momento que o Boavista  atravessa. (Revitalização e possível regresso á 1ª Liga no futebol profissional). Concorda que é um momento crucial na vida do Boavista? Que resultados, espera destes pontos?
No que diz respeito ao programa em curso no Clube (PER – Plano Especial de Revitalização) é prematuro tecer qualquer tipo de comentário. Naturalmente que se trata de um momento crucial da vida do Boavista F.C. e acredito que com a capacidade e o empenhamento dos Elementos directivos directamente envolvidos nesta questão (Presidente e Presidente-Adjunto) o vamos ultrapassar positivamente.
Na questão do “Boavista F.C., Futebol SAD” e o anunciado regresso ao principal campeonato português, estando todos os processos judiciais cíveis e desportivos resolvidos a nosso favor, aguardo com natural ansiedade que todas as Entidades envolvidas estejam á altura das suas responsabilidades de forma a que este regresso, de facto, se concretize.

Foi em tempos passados o Vice-Presidente das Amadoras (no mandato do actual presidente). Posteriormente recusou fazer parte de listas para o mesmo cargo e agora regressou. Que (ou quem ) o fez mudar de ideias?
Não está correto. Durante a Presidência do Dr. João Loureiro fui sempre Diretor-Ajunto do Vice-Presidente das Actividades Amadoras, Eng. Paulo Garcez. De facto, viria a exercer esta função durante os oito meses da gestão do Eng. Joaquim Teixeira e durante cerca de um ano na primeira direção de Álvaro Braga. É público que, posteriormente, não aceitei continuar na Direção, por razões que também na altura própria foram devidamente explicadas. 
Em relação ao meu regresso nesta altura, ele deveu-se fundamentalmente aos seguintes factos:

- Ter sido convidado directamente pelo Presidente
- Considerar ter conhecimentos e capacidades para o exercer
- Á minha condição de adepto incondicional do Boavista F.C.
- Acreditar na capacidade e no empenhamento do Presidente, condições que considero fundamentais para ultrapassar este momento dificil da vida do Clube.

Quantos anos, esteve ausente do cargo de Vice-Presidente das Amadoras? E que diferenças encontrou na gestão do sector?
Saí em Junho de 2009 da Direção do Clube (entrei para os Orgãos Sociais em Fevereiro de 1991 onde exerci até Outubro de 2007 a função de Diretor-Adjunto do Vice-Presidente das Atividades Amadoras, Eng. Paulo Garcez. De Outubro de 2007 até Junho de 2009 passei a exercer a função de Vice-Presidente).
Naturalmente que são muitas as diferenças que agora existem relativamente ao período de maior fulgor do Clube (até 2003) e também são relevantes em comparação ao momento da minha saída da direção (Junho de 2009). Não tenho a mínima dúvida do forte empenhamento dos Responsáveis directivos que me sucederam (José Chalupa e Prof.José Santos), mas as precárias condições existentes no Clube que desde 2003 até á data se agravaram, contribuiu decisivamente para essa situação.

Para que se possa ter uma ideia do que tem vindo a acontecer nas Modalidades Amadoras desde que, por imperativos da construção do Estádio do Bessa Século XXI, foi demolido o Pavilhão Dr.Acácio Lello, o Ginásio de Alto Rendimento da Ginástica e todas as infraestruturas então existentes, passo a informar alguns dados referentes ao número de Atletas federados no Clube nos últimos tempos:
            - em 2003 as Modalidades Amadoras tinham inscritas mais de 2.000 Atletas
            - em 2009 esse número baixou para cerca de 1.400 Atletas
            - Actualmente temos cerca de 900 Atletas
Obviamente, esta diminuição no número de Atletas inscritos deve-se fundamentalmente á degradação das condições de trabalho existentes provocadas pelo desaparecimento dos seus espaços nobres (pavilhão e ginásios) e também á forte crise financeira que se instalou no Clube e que impediu o seu natural desenvolvimento.

Aproveito ainda para realçar que, apesar de todas estas enormes contrariedades, o Boavista F.C. continua forte e respeitado nas suas várias Modalidades em actividade e tal só é possível pelo empenhamento e  dedicação fantástica de todos os Diretores, Seccionistas, Atletas, Pais, Adeptos e muitos outros Colaboradores que, por amor ao Clube e/ou ás Modalidades têm vindo a conseguir ultrapassar muitos dos obstáculos que vão aparecendo diariamente nos seus caminhos. E esta forte dedicação tem vindo a ter expressão plena nos excelentes resultados desportivos obtidos já nesta época e que é de elementar justiça realçar:
   -  A subida á 1ª Divisão Nacional da equipa sénior de Futsal, quando ainda faltam disputar 4 jogos !!!
  - Os excelentes resultados de todos os escalões de formação de Futsal com o destaque na atual participação nas Taças Nacionais dos escalões júniores e Juvenis após terem sido Vice-Campeões distritais.
  - A excelente carreira da equipa sénior de Voleibol que irá disputar nos próximos dias 26, 27 e 28 de abril a “final-four” para disputa do Título Nacional da 2ª Divisão Nacional e consequente possibilidade de subida á 1ª Divisão Nacional.
   - Bons resultados globais nos vários escalões etários de Andebol
   - Vários títulos nacionais e distritais individuais e Título Nacional coletivo em Boxe
  - Um Título Nacional individual em Ginástica Ritmica e vários lugares de “pódio” nesta modalidade
    - Um Título Nacional individual em Judo   
    - Excelentes resultados no Karaté
    - Excelentes resultados em Futebol Adaptado e Tiro Adaptado
    - A clara melhoria nos resultados da equipa sénior de Hóquei em Patins

Informamos ainda que, a muito curto prazo, iremos “arrancar” com o “Kickboxing” como uma nova Modalidade no Clube.

 Pode fazer um resumo, das principais iniciativas que tomou neste três meses?
A tomada de posse desta nova direção aconteceu no inicio do ano de 2013, ou seja praticamente a meio da actual época desportiva. Para além disso, como já referimos, o Clube no final do ano transato aderiu ao “Plano especial de Revitalização” (PER), o que implica um esforço enorme no sentido de conseguir demonstrar que é possível concretizar um plano de recuperação credível com acordo dos seus principais credores.

Nesse sentido, a nossa principal preocupação nestes primeiros tempos tem sido sensibilizar todos os Diretores e demais Elementos envolvidos nas Modalidades Amadoras do Clube no sentido de conseguir a maior ““autonomização” financeira possível para assegurar o seu normal funcionamento. Naturalmente que com as dificuldades logísticas do Clube e com a necessidade permanente de recurso a aluguer de espaços para treinos e competições em várias das nossas Modalidades, tivemos de “inventar” de imediato soluções para angariação de receitas que permitissem fazer face a esses custos sem necessidade de recurso á tesouraria central do Clube. Assim tomamos algumas iniciativas, entre as quais destacamos:
 - Planificamos e quantificamos as várias possibilidades de “sponsorização” de todas as Modalidades e respetivos escalões etários.
  -  Lançamos  um grande sorteio com extração no S.João.
         - Reunimos com a Associação dos Amigos do Boavista e solicitamos o seu apoio.
 - Criamos um novo espaço (ginásio) para aumentar a nossa “oferta” (em particular com novas aulas de “Yoga” e “Pilates”)
 - Realizamos através do Departamento de Ginástica um “Sarau” no Carnaval
 - Acordamos com a “Porto Lazer” uma nova “parceria” que nos irá “ajudar” no futuro na redução de alguns valores necessários para os alugueres de pavilhões
 - Acordamos com a “Associação de Voleibol do Porto” a realização do Torneio “Gira Volei” no nosso Estádio (9 e 10 de junho), permitindo-nos reduzir os valores das inscrições da nossa equipa de Voleibol na próxima época desportiva.
- Planificamos um novo grande Sarau que se irá realizar no dia 5 de Maio no Pavilhão dos Congressos de Matosinhos.

Pode tornar publico quais os valores que são necessários para os treinos e jogos das Modalidades Amadoras?
Os treinos e jogos da equipa sénior de Futsal são realizados no Pavilhão “Infante Sagres” através de uma negociação directa feita com este Clube pela direção do Departamento de Futsal no inicio da corrente época.
Temos também um “protocolo” com as Escolas “Maria Lamas” e “Clara de Resende” que nos permite algumas horas de treino semanais de Andebol e Voleibol.
Para além dos casos acima expostos, as nossas Modalidades de pavilhão têm necessidade de recorrer para treinos e jogos aos Pavilhões da “Porto Lazer” e podemos referir que o valor médio mensal necessário varia entre os 3.500€ e os 4.000€ (depende muito do número de jogos que disputamos em nossa “casa” e do número de dias úteis mensais), ou seja, o valor/época que necessitamos para aluguer dos pavilhões necessários aos nossos jogos e treinos das várias Modalidades aproxima-se dos 50.000€ .
Naturalmente que existem muitos outros custos envolvidos nas Modalidades (inscrições, policiamento, deslocações, taxas de arbitragem, ...) 

Com as medidas tomadas, estão assegurados os pagamentos até ao final da época?
Tendo como dado adquirido que o sorteio em curso corresponderá ás nossas expectativas e que o próximo “sarau de ginástica” será um sucesso, consideramos que a época em curso será práticamente assegurada sem grande “turbulência”. Queremos, no entanto referir e realçar, que para esta nossa convicção  muito contribuiu a excelente cooperação da “Associação de Amigos” que muito nos tem ajudado em várias necessidades, muito em particular nos custos mensais com os alugueres de pavilhões. Queremos de forma sincera agradecer públicamente á sua Direção todo o apoio prestado e dizer também que, enquanto Vice-Presidente e principalmente enquanto Adepto do Clube, lamento profundamente a atuação da anterior Direção do Clube quando, de forma absolutamente incompreensível, lhes retirou o espaço ocupado pela sua Sede. Como temos conhecimento que esta situação já foi abordada pela sua Direção em reunião com o Presidente do Clube, Dr.João Loureiro, estamos totalmente convencidos que esse problema irá ser muito em breve resolvido.
Sobre esta questão queremos também referir que, no passado, se dizia existirem Diretores do Clube que “não gostavam” e até “hostilizavam” a “Associação de Amigos”. Conhecendo os Elementos que constituíam e ainda se mantêm na sua Direção e tendo a certeza da sua paixão pelo Clube e da vontade que manifestam em colaborar na procura de soluções que viabilizem a manutenção da sua actividade nobre (a sua actividade desportiva), não podemos acreditar que tal possa ter acontecido (ou então, estaríamos perante Diretores do Clube apenas interessados no seu protagonismo e muito pouco preocupados com a Instituição que deveriam defender). Todos temos de entender, que o Boavista F.C. precisa de união e da ajuda de todos os que realmente estão interessados no seu sucesso. Não temos a mínima dúvida das nobres intenções que presidiram á criação da Associação de Amigos e da sua grande importância para o Clube. O seu actual apoio é a melhor prova.      

Uma das medidas publicas que é do conhecimento geral, foi a passagem do Futebol Feminino par o sector do futebol e o regresso do Futsal ao sector das Amadoras. Quer explicar quais as razões que o levaram a tomar tais medidas?
Resultou basicamente de uma acordo que realizamos com o Vice-Presidente do Futebol de Formação, Ricardo Silva. Utilizando o Futebol Feminino e os vários escalões do futebol de formação os mesmos espaços de treino e jogo, a forma mais rápida e eficaz na gestão desta Modalidade seria a sua integração nessa Vice-Presidência. Esse facto foi entendido por ambas as partes e a transferência de responsabilidade foi imediata. 
Relativamente ao Futsal, a sua passagem para a responsabilidade desta Vice-Presidência (só durante os 6 meses anteriores é que a situação foi diferente) foi motivada pelas mesmas razões que presidiram á passagem do Futebol Feminino para a responsabilidade do Futebol de Formação, ou seja, sendo os espaços de treino e jogos desta Modalidade comuns ao Voleibol e Andebol, não faria sentido outra solução.

Vamos partir com pensamento positivo e considerar que o Plano de Revitalização é concretizado e o Futebol Profissional regressa ao primeiro escalão do futebol nacional.  Esses factos terão, em sua opinião, alteração no desenvolvimento e futuro das Amadoras?
Naturalmente que esses dois factos que nomeou são fundamentais para o futuro de todo o universo Boavista.
Relativamente ao PER, temos fortes esperanças que tenha um desfecho positivo. No entanto, temos de ter a consciência plena que, mesmo após concretizado, vai continuar a exigir de todos um grande rigor e empenhamento para mantermos em actividade de forma saudável e com sucesso desportivo as nossas Modalidades.
No que se relaciona com o futebol profissional, julgamos que hoje é quase unânime no País que o Boavista tem de ser reposto no lugar de onde nunca deveria ter sido excluído e também, financeiramente, ser devidamente indemnizado pelos graves prejuízos que foi vítima. Esperamos que tal aconteça e, naturalmente, todo o Clube irá beneficiar desse regresso á normalidade.

A forma atual de sobrevivência das Amadoras está esgotada, ou podemos continuarcom esta “ginástica” de gestão mais quantas épocas?
Pelas razões que anteriormente tivemos oportunidade de referir, neste momento existem muitas incógnitas relativamente ao futuro do Clube, em particular nas condições que poderão vir a existir após a conclusão dos processos em curso. Como é normal, todos nós ambicionamos o melhor para as nossas Modalidades (condições de trabalho, equipamentos, acesso aos melhores Técnicos e Atletas, ...) de forma a podermos “conquistar” para o Clube os melhores resultados desportivos e uma grande notoriedade. O passado recente e o presente não têm permitido ter acesso a tudo o que ambicionamos. No entanto, também já demonstramos que o Clube pode contar connosco para “lutar” com todas as forças para aguentar esta dificil situação, porque também sentimos que o Clube tem futuro. Respondendo concretamente á pergunta que coloca, o presente do Clube é difícil  temos a plena consciência que vai continuar a ser difícil  mas não vamos capitular. Temos esperança que o futuro nos vai recompensar.

O que considera indispensável para a sobrevivência das modalidades no Boavista?
Acima de tudo a disponibilidade e motivação de todos aqueles que, apesar das contrariedades sentidas, continuam a trabalhar e a “lutar” diariamente em prol do Clube.
Naturalmente que a nossa ambição passa por recuperar as condições logísticas que já tivemos no passado (nomeadamente Pavilhão, Ginásio de competições) e que o Clube possa ter outras condições financeiras de “apoio” ás Modalidades que nos permitam também concretizar outros objectivos (no presente, todas as nossas energias são direcionadas na angariação de receitas que possam fazer face ás necessidades existentes).  

Entrevista de 

Manuel Pina