Rita losada,
sendo uma jovem de apenas vinte e um anos, é a vice capitã, da equipa sénior de
voleibol e veste a camisola do Boavista há dezasseis anos… a meio da
entrevista, afirmou “nunca vestirei outra camisola, senão a do meu clube”.
É sobre, esta Pantera, que vamos falar hoje.
És a jogadora
do plantel do voleibol, com mais anos de clube. Desde quando estás
então no Boavista?
Desde os
meus cinco anos de idade. Comecei por ser atleta de ginástica, frequentando as
instalações do nosso antigo pavilhão, depois passei para as instalações
provisorias, junto ao boxe e terminei nas actuais instalações da ginástica.
Tive
um período que pratiquei ténis, também no Boavista e posteriormente, vim para o
voleibol.
Nunca parei no desporto e nunca deixei o Boavista.
No voleibol,
iniciaste há quantos anos e escalão?
Comecei nas
iniciadas, há cerca de sete anos. Estava no nono ano, quando vim para o volei.
Falando de
estudos, ainda estudas?
Estou no
Mestrado do curso de Recursos Humanos, no Isla.
Como nasceu
esta opção pelo voleibol?
Foi assim... Uma
colega minha no colégio que frequentava, achou que eu tinha boas prestações
desportivas nas aulas de educação física e trouxe-me para o volei. Eu tinha
parado há um ano com a ginástica e depois do primeiro contacto, gostei do
voleibol e fiquei, até hoje.
Curiosamente,
não és a primeira atleta que vem da ginástica para o Voleibol. Existe alguma
ligação entre as modalidades?
Sinceramente,
acho que não há nenhuma ligação. A ginástica é muito exigente e para se ser uma
atleta com algumas ambições, tem que se trabalhar muitíssimo e todos os dias. Se
a aposta não é essa, a ginástica, perde alguma razão para se continuar.
A única
ligação com uma bola que tinha na ginástica, era a ginástica artística que tínhamos
um elemento que era com bolas, no resto não vejo qualquer ligação.
Mas da
ginástica ganhaste alguma coisa?
A nível de
impulsão, penso que saí beneficiada, porque na ginástica, se treina muito a impulsão e isso,
foi benéfico para a minha passagem para o voleibol.
Qual ficou
como o teu amor?
Ficaram as
duas. Mas agora estou no voleibol e não vou mudar mais. Mas não me esqueço da
ginástica, que é uma modalidade muito bonita.
A nível de
títulos ou melhores resultados o que registas, pessoalmente?
A nível de
títulos, não terei nenhum para registar, mas o que mais gostei e tenho orgulho nisso, foi ter estado no plantel das equipas que nos últimos anos, lutaram para a
subida à primeira divisão, tendo atingido o vice campeonato, por mais que uma
vez.
Actualmente, sinto-me orgulhosa de estarmos na primeira divisão e termos
garantido já a manutenção.
O ano passado acabamos em nono e este ano, lutamos
pelo quarto lugar. Não sendo um título, é das coisas que mais me orgulho.
Como está a
decorrer esta época?
A nossa
primeira volta foi excelente. A segunda, está a ser um pouco mais atribulada,
mas continuamos na aposta de ficar no primeiro grupo, logo no quarto lugar.
Como jogadora
o que mais desejas, ficar nesse grupo e quase ficar impedida de ganhar algum
jogo na fase final, ou ficar no segundo grupo e ter uma prova competitiva?
Tem prós e
contras. Ficando em quarto, vamos apanhar as equipas mais fortes, com outras
obrigações, correndo o risco de perder todos os jogos da fase final.
Mas seremos
quartas classificadas no final do campeonato…
Ficando no segundo grupo, teremos
jogos mais renhidos e podemos evoluir competitivamente, mas em contrapartida, vencendo
esse grupo, seremos só… quintos.
A Rita, é
vista por todas como uma menina encantadora, que apoia muito todas as colegas…
mas que joga pouco. Culpa tua?
Principalmente
pela minha altura, visto que sou central e as centrais são por natureza altas. Para
uma rapariga que não pratica desporto eu sou alta, mas para o voleibol sou
considerada baixa.
Consigo compensar esse meu problema com a impulsão que tenho
e acima de tudo…
devagar se vai ao longe.
Eu tenho esperança e calma, para
esperar pelo meu momento.
Não achas
que deves apostar mais em ti, porque te vemos sempre preocupada com as colegas,
sempre a apoiar a equipa, sem se importar de estar de fora. Não será falta de ambição?
Talvez seja
verdade, às vezes, dou mais pela equipa que por mim, mas para mim o colectivo é
o mais importante e eu sou apenas mais uma jogadora da equipa. Um dia, chegará
o meu momento e deixo isso, nas mãos do treinador.
És a vice
capitã da equipa, é duro esse cargo?
Dá um pouco
de trabalho, mas a Fabi que é a capitã trata das coisas mais complicadas, eu
trato mais das papeladas. É um bom grupo.
A Rita é uma
jovem introvertida, sempre caladinha?
Nem por
isso! Antes pelo contrário. Na Faculdade e até nos treinos eu sou muito
extrovertida e muitas vezes, o treinador, tem que me acalmar nos treinos, com o
meu entusiasmo.
Vinte e um
anos, de idade, dezasseis de xadrez ao peito. Isso marca-te?
Claramente, que
me marca e que me orgulha.
Quando cheguei ao Boavista já era boavisteira, agora ,não sei viver sem este clube, sou uma desportista, quero continuar a praticar desporto
e ir longe no voleibol, mas se deixar de ter lugar no plantel do Boavista,
termino a minha carreira no desporto.
Não consigo vestir outra camisola. Sou e
serei sempre “só” do Boavista. Se deixar de ter condições para jogar… vou para
a bancada, mas sempre com a mesma camisola.
Entrevista de
Manuel Pina