sexta-feira, 1 de janeiro de 2016

ENTREVISTA COM ANDRÉ LUÍS, FISIOTERAPEUTA DO VOLEIBOL

André Luís é o novo fisioterapeuta do Voleibol  da equipa sénior, mas também estende a sua actividade e conhecimento à formação do volei, aspirando a ter uma maior influência no universo das Amadoras axadrezadas.
Brasileiro por nascimento, mas apaixonado pela paz que encontrou no Porto e em Portugal.


Como é habitual, vamos na primeira questão, identificar o André. Quer ajudar?

Chamo-me, André Luís, nasci no Rio de Janeiro e tenho o curso oficial de fisioterapeuta há cerca de dez anos. Estou em Portugal há oito meses.

Já trabalhou na área desportiva?

Já. Quase, durante todos estes  anos de prática. Trabalhei no Flamengo, do Rio de Janeiro.

Em que modalidades, no Flamengo?

Em várias, e quase, em todas as olímpicas do Flamengo. Na Ginástica olímpica, no Basquetebol, no Remo, Judo, Natação e no futebol durante um tempo. Para além do clube, exerci no exército Brasileiro.

Onde trabalha em Portugal?

Trabalho num ginásio e estou no Boavista, há cerca de um mês.

Como está a decorrer a adaptação ao Clube e tem alguma questão que considere necessário modificar?

O primeiro contacto, com o Boavista, está a ser excelente. Apesar da estrutura estar algo debilitada, mas  os profissionais que existem (pelo menos) no voleibol, são excelentes. Quanto à parte de equipamento estrutural, para trabalhar, está um pouco debilitada realmente, mas será uma questão de tempo. 
Entendo, esse facto, por não terem fisioterapeuta há algum tempo. A gente, vai tentar montar um departamento médico para dar apoio às atletas e prepara-las para ao invés de lutarem pelo quarto lugar, passaram a lutar pelo título na próxima época.

Trabalha exclusivamente com as seniores?

Não. Trabalho, desde as mirins (minis) até às seniores. Estou atendendo todas as atletas, que é bem trabalhoso… muitas lesões.

Não tinham fisioterapeuta e não havia lesões. Acha que é isso?

Pode ser. Mas temos que trabalhar a parte física delas nos treinos. Quanto mais se trabalhar esse aspecto melhor para mim. A fisioterapia desportiva, tem que ser uma fisioterapia preventiva e não podemos esperar, tratar o atleta. A gente tem que evitar que o atleta se lesione. Tem que ser totalmente preventiva.

Em quantos treinos está presente?

Em três treinos por semana e nos jogos de seniores nos fins-de-semana. A ideia era conseguir um espaço no estádio em que eu pudesse ter um bom posto de trabalho, em vez de flutuar entre as escolas. Vamos, apostar nesse aspecto no ano que vem e se isso fosse possível, podia, por exemplo, tratar também das meninas da Ginástica.

O André, defende uma grande intensidade de treino, quando há quem defenda o contrário, para evitar lesões?

Uma intensidade organizada e programada, para cada atleta é indispensável, neste desportos ditos colectivos. O desporto pode ser colectivo, mas no conjunto é individual. Cada atleta, tem um organismo próprio. Cada corpo sofre a sua pressão e não podemos olhar de forma igual para todas as atletas. Temos que descobrir onde a atleta tem a sua deficiência e levar essa deficiência ao limite, mesmo ao extremo. Mas, não se pode forçar com a “A” da mesma forma que forçamos com a “B”. Uma, pode ter um problema de salto e outra, pode ter um problema de resistência.

Já lhe apresentaram a equipa médica do Boavista, nas Amadoras?

Não, ainda não conheço nenhum médico, nem nenhum enfermeiro. Estou fazendo o trabalho de enfermeiro, o que para mim é uma novidade.

Falando sobre o cidadão. Como está a ser a vida em Portugal?

Isto aqui é um lugar maravilhoso, se tivesse este conhecimento já teria vindo antes, porque o Brasil está horrível. A minha família, que está comigo, pensa exactamente o mesmo.

Mas nós aqui também não estamos nada bem. Não concorda?

O Brasil está um caos. A economia é ruim no mundo inteiro, mas a paz que aqui vivemos não tem nada a ver com a violência que lá se vive. Eu larguei um salário maravilhoso que tinha, era Militar, mas tenho duas meninas e tive que as trazer para cá. Largamos tudo, para vir para cá. Aqui estamos muito bem, só o salário é que ainda não é bom, mas um dia estaremos bem.