O futsal sénior tem uma época muito difícil pela frente. Rui Pereira,
boavisteiro de coração enfrenta uma causa que muitos consideram condenada. Sem
medos, mas conhecendo a realidade, Rui Pereira assume a sua “nau” rumo à
tranquilidade.
A época passada., foi de grandes esperanças, a presente época,
apresenta um sinal oposto. Entre a frustração e o sentimento de inversão. Como analisa
a época anterior? Falhou o quê?
Não quer estar a falar muito da época passada, uma vez que não fui o
treinador do Boavista todo o ano. Fui somente até Janeiro e depois não
acompanhei o clube de perto. Penso que na época passada os primeiros meses de
trabalho e o início do Campeonato marcaram a época do Boavista.
Se os primeiros
meses, se a pré temporada e se as primeiras jornadas tivessem corrido melhor, a
época do Boavista poderia ter sido a melhor de sempre.
De notar que em Janeiro,
quando saí, decorrida a primeira volta e 3 jornadas da segunda volta, o
Boavista tinha 16 pontos, um cenário que não sendo bom, ainda poderia levar aos
play off.
O que se pode esperar desta?
A presente época irá se de grande sacrifício, luta, trabalho e
sofrimento. Sabemos que vamos perder muitas vezes, ser goleados algumas e
ganhar menos do que no passado. Por isso, necessitamos do apoio dos adeptos
boavisteiros e fundamentalmente dos Panteras Negras.
Necessitamos, desse apoio
do primeiro ao último minuto, do primeiro ao último jogo, esteja o resultado
que estiver. O plantel foi totalmente alterado, sendo actualmente constituído
por jogadores da formação do clube e jogadores recrutados nas divisões
inferiores, na segunda divisão e nas provas Distritais. Mas a nossa promessa é
que irão sempre ver o Grupo a dignificar a camisola.
Porque aconteceu a saída do Rui
Pereira na época anterior?
A minha saída foi um grande erro. Na altura os resultados, as
exibições, as dificuldades financeiras entre outros factores levaram a tomar
esta decisão. Mas hoje, classifico como um erro e se fosse possível voltar ao
passado, tudo seria diferente, mas não é possível.
Só podemos aprender com os
erros e seguir em frente. Felizmente 6 ou 7 meses depois já estava de volta ao
Boavista e com a certeza que é aqui que quero estar, é aqui que me sinto bem, é
aqui que estão os meus amigos, este é o meu clube, é destas pessoas que eu
gosto.
Há um clube para um treinador e um treinador para um clube, não é
possível fugir a isto. o clube é o Boavista e o treinador sou eu. Obrigado
António Morais.
Porque se dá este regresso, apesar de saber das dificuldades?
O Boavista, necessitava de treinador e eu queria voltar já. Nem sequer
me preocupei com as dificuldades. Conversamos e logo passamos ao trabalho. Sou
treinador do Boavista em qualquer divisão e as dificuldades ainda me motivam
para trabalhar mais e melhor. É importante ter em conta que é uma relação igual
e nos dois sentidos, eu estou a trabalhar no Boavista e o Boavista a ajudar me
a mim.
Não existe aqui ninguém superior ou mais importante, eu dou tudo pelo
Boavista e o Boavista faz tudo para me apoiar. O Boavista é enorme. Não existe
um vir ajudar numa situação difícil, o que existe é um Grande Clube, no qual os
dirigentes pensam que eu sou a pessoa ideal para liderar o Grupo neste momento,
como pensou o mesmo em momentos passados.
Todos apontam o Boavista como o maior candidato à descida. Concorda ou
não?
É verdade, a modalidade aponta o Boavista como um dos maiores
candidatos à descida. Mas a nós cabe-nos contrariar esse destino. Com a ajuda
dos nossos adeptos e dos Panteras Negras, vamos alterar o nosso destino e
ganhar esta batalha, não vamos descer de Divisão e para nós será como ser
Campeão Nacional. Vamos necessitar do apoio de todos, principalmente nos
momentos mais negativos, mas vamos alcançar esse feito da manutenção.
O Plantel sendo actualmente constituído por jogadores da formação do
clube e jogadores recrutados nas divisões inferiores, na segunda divisão e nas
provas Distritais. Será possível contratações ou reforços?
Não me parece. Poderá acontecer qualquer alteração pontual, mas o
objectivo da Direcção foi aproveitar as dificuldades financeiras, a falta de
apoios externos e até internos para aproveitar mais a formação do clube, para
fazer regressar antigos jogadores da formação, para dar oportunidade a
jogadores de outras divisões para vir para a primeira divisão.
Penso que esta
estratégia vai ser difícil mas vai ter sucesso. Se tivermos sucesso vai ser um
marco na modalidade e no clube e servirá para alterar muito a forma como sempre
se fizeram as coisas na primeira divisão, alargando assim a base de
recrutamento, dando mais visibilidade a outras divisões e possibilitar a
redução dos orçamentos.
Existe uma frase dos marinheiros......quando vão para o mar
preparam-se em terra. O navio está pronto?
Não foi possível aplicarmos essa frase muito bem. Tivemos que nos
lançar ao mar sem grande preparação e agora vamos ter que nos prepara no
decorrer da viagem.
Mas se tivermos os marinheiros certos, sem medo, com o
carácter forte, com qualidades e valores humanos e a ajuda, não me vou fartar
de pedir, de todos os Boavisteiros, que serão os nossos bons ventos, de certeza
que vamos descobrir o Brasil, ultrapassar o Adamastor e descobrir o Caminho
Marítimo para a Índia, ficando assim na Primeira Divisão Nacional.
Deseja ter um Pavilhão cheio a apoiar uma equipa, mas só quando luta
pelo título ou um pavilhão de 5, 10 ou 15 pessoas que apoia de verdade uma
equipa que luta para não descer.
Desejo ter um pavilhão repleto de boavisteiros, que demonstram o seu
estado de espírito, umas vezes mais contentes com a equipa, outras vezes menos.
Mas que sabem ajudar nas dificuldades, empurrar a equipa, que vão ter
consciência da grande tarefa que este grupo de trabalho terá pela frente.
Que
vão sempre apoiar, mesmos quando as coisas não nos correrem bem, porque vão a
cada momento ter orgulho no esforço e na atitude da equipa.
Como me disse um grande amigo, Pantera Negra, apoiaremos sempre a
equipa, nos bons e nos maus resultados, desde que os jogadores honrem o emblema
e o manto sagrado que trazem vestido.