quarta-feira, 21 de março de 2018

ENTREVISTA COM ANTÓNIO MORAIS, DIRECTOR DO DEPARTAMENTO DE FUTSAL



António Morais, Director  do departamento de Futsal, ao qual pertence quase desde a sua fundação. Consideramos ser a hora de fazer um balanço sobre a realidade do futsal do clube e numa abrangência mais global.



Todos conhecem o António Morais , mas vamos recuar no tempo. És dos fundadores do futsal no Boavista?



Não sou fundador mas entrei no departamento no ano seguinte. A modalidade nasceu no clube, começou pelo António Santos e com o Joaquim Oliveira. Eu fui convidado depois, para formar uma equipa de juniores, porque na altura não tínhamos esse escalão. Como todos sabem, o futsal no clube começou através dos “Panteras Negras” com essa designação e só dois  ou três anos depois passou a ser integrado no Clube a convite do Major Valentim Loureiro.



Entras então como seccionista exclusivamente com essa responsabilidade?



Exacto. Formei a equipa de juniores e no primeiro ano o campeão foi o Pasteleira, porém no ano seguinte  já foi o Boavista que venceu o título da AF Porto.

Convidei o José Vasconcelos para treinador que era à época guarda redes dos seniores. Deixou de jogar muito novo para abraçar a carreira de treinador começando pelos juniores do Boavista. Tudo isto se passou por volta do ano de 1991.




Posteriormente deixaste os juniores e passaste para a equipa sénior. Queres resumir essa mudança?



Depois desta fase passei para director dos seniores, após cerca de uns quatro anos passados nos juniores. Ocupei este cargo até 2005/2006, na altura com o Paulo Fonseca como director do Departamento. Quando ele saiu, a convite do Sr Eng. António Marques, assumi o cargo de director do Departamento.

Ou seja, neste período passei por todas as funções como dirigente do Futsal do Boavista.

 

Nesta fase negativa de duas descidas, sucessivas, até às provas de cariz distrital, nunca equacionaste abandonar o Departamento? O homem que venceu a supertaça nacional é o mesmo que enfrentou esta realidade?



Nunca pensei em abandonar . Que a pressão dos resultados e das dificuldades me levassem a fazer uma introspeção acerca do que seria melhor para o futsal, nomeadamente a minha continuidade ou não,  claro que aconteceu. Mas nunca com uma intenção de abandono. Diria que tentei , em consciência, ponderar se a validade do meu trabalho era aquilo que o futsal precisava até porque, naturalmente, com tantos anos de modalidade, poderia o fator desgaste  depreciar a qualidade do meu desempenho e portanto houve apenas momentos de mera reflexão que acabaram sempre por ter a mesma resposta - o amor é tanto, a paixão é tanta que o bichinho do futsal acaba por vencer  e , sentindo-me útil , mantenho as minhas funções.



As descidas foram uma surpresa desagradável, ou era algo que temias vir a acontecer?



As descidas eram praticamente certas. Nós somos a imagem do próprio clube, se bem que quando o clube esteve nos distritais, nós éramos a modalidade mais representativa do Boavista. E é uma pena que muitos esqueçam esse facto. Estávamos na primeira divisão nacional, conseguindo grandes feitos. A formação conquistava sucessivos títulos distritais e Nacionais e mantivemos a “chama” do nosso clube bem presente e bem intensa na modalidade e no desporto em geral num momento em que a nossa imagem global era ostracizada e maltratada. De qualquer forma, as descidas eram inevitáveis dadas as condições de que dispúnhamos.

Alertei sempre no início de cada época a Direcção – Vice-presidente e Presidente – . Foram sempre informados do que poderia vir a acontecer, mediante as condições que tínhamos. Mas como constantemente conseguíamos fazer tanto com tão pouco, a descida podia até não ter acontecido e creio que os nossos apelos não foram impactantes o suficiente justamente porque lá íamos fazendo pequenos milagres, até que a determinada altura não foi de todo possível para grande tristeza minha.




Como se provou durante épocas, digo eu, a descida foi apenas um adiamento. Era no teu entender quase inevitável?



Fomos adiando, mas os milagres não prevalecem toda a vida. Durante longos anos alcançamos resultados muito mas muito acima do que era expectável o que servia de certa forma para encobrir as muitas dificuldades e limitações, fazendo com muito pouco o que muitos não faziam com muito mais . Há que ser objetivo e analisar factos. O Futsal mudou ! Cresceu muito, tem uma visibilidade tremenda na comunicação social, atrai investimento e patrocínios nas divisões séniores Nacionais e o título de campeão europeu alcançado é a prova disso mesmo. O reconhecimento do Futsal Português tem hoje um destaque como nunca teve. Pelo campeonato que tem, pelos jogadores que forma e pelas suas selecções. Mas para estar nessa Elite tem de haver investimento concreto, objetivo dos clubes – e há quem o faça sem hesitações porque há quem já tenha percebido o retorno que a modalidade está a trazer a quem assume as duas principais ligas como nenhuma outra no panorama desportivo Português. Era bom que o Boavista voltasse a olhar o Futsal dessa forma, especialmente nesta altura de grande visibilidade da modalidade e do clube.




Falemos um pouco então do futsal, na sua globalidade. Mudaram muito as coisas em todos estes anos?



Nada tem a ver com o início e tem atualmente uma dimensão que muita gente não imagina. Os orçamentos das equipas são enormes, incomportáveis para nós neste momento e por estranho ou incrível que pareça estávamos e estamos a competir com equipas que têm orçamentos muito grandes com ajudas dos próprios clubes, de Câmaras e de patrocinadores, que nós nem temos nem sonhamos ter. Nestas condições descemos à segunda divisão mas nestas mesmas condições competimos contra essas diferenças e estamos a fazer de tudo para voltar ao nosso lugar.



Mas depois tivemos nova descida. Essa “doeu” mais?

Também essa era quase inevitável, porque como todos sabemos, não há terceira divisão e da segunda a descida é direta para os distritais, o que não se compreende do ponto de vista dos quadros competitivos actuais da federação e respectivas associações. Era quase inevitável, porque nós não tínhamos forma de pagar o que quer que fosse, descemos porque não tínhamos a possibilidade de fazer mais – há que assumir – mas ainda assim podíamos até ter conseguido outro milagre e nem ter descido se eventualmente tivéssemos vencido aquele jogo com o Paredes, no qual até o empate nos serviria. Vejamos bem, descemos sem o mínimo de condições por um ponto. Dá que pensar.




Como analisas a falta de uma terceira divisão nacional?



Uma autentica aberração. Mas deixa-me voltar um pouco atrás, antes de falarmos desse ponto.

 

Sobre a actual condição da equipa?



Sim. Muita gente nos diz que estamos nos distritais e temos que voltar para o lugar que merecem a  modalidade e o clube. Eu aceito essas afirmações, porque as pessoas estão habituadas a ver o futsal num patamar muito alto e tendo em conta o tudo o que fizemos e  vencemos no passado.

O merecimento é indiscutível mas eu pergunto, em que condições o podemos fazer? Se tivermos em conta as condições que temos, que são parcas, se calhar até estamos no lugar em que nos é possível estar , se calhar, em função do campeonato que estamos a fazer até estamos bem acima do que podemos. Há equipas na distrital do Porto, Aveiro, Braga, etc , por exemplo, com orçamentos que alguns clubes da segunda divisão Nacional não têm . E há que o afirmar para que as pessoas percebam as nossas dificuldades e valorizem e respeitem o que se está a fazer ano após ano e este não é exceção. Estamos à porta de mais um milagre e quase ninguém tem essa noção dentro do clube.

 

Voltemos aos quadros competitivos. Como consideras a segunda divisão nacional?



Outra aberração. Tudo indica que vamos subir e por isso regressar ao segundo escalão nacional. Se subirmos o mérito é todo dos treinadores e jogadores e de todo o staff da equipa.

Mas repara, num ano estamos a jogar com Benfica e Sporting e dois anos depois estamos em divisões distritais. Uma aberração.

Mas observemos também esta particularidade : depois disto, para subir da segunda para a primeira é muito, mas muito difícil. E Porquê ? Estamos a falar de um campeonato com setenta equipas ( !!!!! ) (sete séries de dez) e só subirá uma ( !!! ) do norte e outra do sul ( !!! ). Há equipas a investir muitíssimo para subir, mas mesmo muito há longos anos  e muitas não conseguem tal o índice de dificuldade. Mas acredito que nós vamos para lá a seu tempo. A queda no distrital foi um passo atrás mas pode ser, agora, que surjam dois passos à frente.




Tens a consciência que vais ser pressionado para assumir a subida ao primeiro escalão?


Como disse nós jogamos sempre para vencer e depois os resultados ditarão a nossa sina. Mas o campeonato que vamos participar – se subirmos – está muito mal planeado como quadro competitivo. Para agravar esta competição há outro fator determinante e inexplicável. Após a primeira fase passam à segunda ( apuramento de subida ) todos os primeiros e nem todos os segundos classificados. Ora, até um segundo classificado e todos abaixo do terceiro na primeira fase vão competir na fase de permanência ( mesmo com boas equipas, grandes orçamentos ) e podem até descer de divisão directo para os Distritais – é surreal ! Porque esta fase só tem uma volta e o desconto de cinquenta por cento dos pontos, põe todas as equipas muito próximas.

Isto é, uma equipa pode de uma luta para subir à primeira divisão nacional… passar para uma queda nos  distritais. Uma aberração. Há que alterar esta segunda divisão urgentemente.

Fomos campeões europeus mas ainda há muita coisa que está mal no futsal nacional. Há coisas que melhoraram, mas outras continuam a precisar ser repensadas quanto antes porque isto cria uma incerteza e instabilidade muito grandes nos clubes e naqueles que querem investir.

 

Mas essa foi uma aposta assumida entre ti e o treinador no principio da época?



Claro que foi. Nós estamos aqui para subir e subir sempre. Estamos a tentar a subida de divisão e já estamos a trabalhar na planificação da próxima época. Um passo de cada vez. Primeiro temos de conseguir a subida de divisão.  Mas que fique claro, jogamos sempre para ganhar e subir.

Mal descemos, assumi logo o objetivo de subida. Mas atenção antes mesmo desse triste momento , ou seja antes de saber se descíamos ou não, por principio,  coloquei o meu lugar à disposição, para que a Direcção, caso entendesse, requalificasse o departamento e eventualmente até trouxesse gente diferente para o conduzir.

 

Qual foi a resposta?



Tive um voto de confiança da direcção e obviamente continuei.




Como preparaste a época actual, com vista ao regresso aos nacionais?


Contratei o Sérgio Carvalho – que faço questão de referir que trabalha voluntariamente e a custo zero no clube com esta tamanha responsabilidade - , e que é obviamente um homem da casa. Fomos buscar muitos jogadores que já tinham passado pelo clube o que de imediato criou nesta equipa o que também nos faltava. Identidade Boavista ! O que me deixou muito contente. Para além de tudo estar a correr bem e para além do perfil da equipa técnica e colaboradores que respiram o clube, entendemos que esta é a forma de estar e independentemente dos resultados dos outros, temos que ter esta posição e entrega até ao fim do campeonato façam os outros o que fizerem. Temos treze pontos de avanço mas não vamos facilitar nem um milímetro. Este é o espírito de sempre do Boavista e só quem o sabe transmitir o consegue impor.


Juntar este conjunto de jogadores da formação, foi um êxito?


Estes jogadores, sendo todos jovens, têm a experiência de terem passado já por realidades competitivas de índole nacional e verifico que a vinda deles para o Boavista foi encarada com um incrível espírito de missão. Enalteço essa entrega de todos e agradeço. É fantástico.




Reuniste no distrital jogadores de ex-formação que não conseguiste no nacional. Como explicas?



Exactamente. Foi o sentimento que têm pelo clube e porventura a identificação que têm com o grupo de trabalho reunido para atacar esta época. Espero segurar a maior parte deles para o futuro, mas não vai ser fácil, porque os miúdos são aliciados todos os dias para clubes mais fortes. Precisamos que nos ajudem a encontrar apoios , que colaborem para nos ajudar a dar a estes miúdos aquilo que merecem e o quanto merecem que lhes seja reconhecido o trabalho que estão a fazer. E se assim for, é com grande parte deles que vamos para  a luta. O clube e especialmente as modalidades amadoras têm de se mobilizar em torno das causas verdadeiramente importantes, que tragam visibilidade, resultados palpáveis e retorno ao clube em toda a sua esfera e alegrias aos seus adeptos. O Futsal é de longe o expoente máximo, depois do futebol ao nível Nacional  - há que entender isto com urgência dentro do clube e que de fora vejam a marca Boavista como potenciadora de competitividade e de interesse nas principais competições. Onde devem estar todos os clubes históricos, e onde aliás a maioria já está. Faltamos lá nós. Vejam as equipas que compõem a primeira divisão e as que já estão a caminho. O Boavista não pode ficar para trás.


Na condição de Director máximo do futsal, tu respondes há hipótese de teres simultaneamente uma equipa de Seniores, Juniores e Juvenis a disputar uma prova de nível nacional?

Eu sei que todos os adeptos consideram que esses será o lugar que temos direito, mas eu digo-te outra vez. Isso é quase impossível de acontecer e suportar.
Este ano vamos descer com os Juniores aos distritais mas ninguém morre por isso, mas cada vez é mais difícil ter equipas de formação nos campeonatos nacionais. Primeiro porque são custos incomportáveis com deslocações a pagamento à arbitragem, policiamento, etc… depois porque há clubes que estão tão estruturados que oferecem condições muito boas e com as quais nós ”ainda” mão temos forma de competir. Vamos continuar a fazer o que podemos, continuando a recrutar nas divisões inferiores atletas com a nossa identidade e subir outra vez. O mais rápido possível. E tentaremos crescer na formação mas precisamos de ajuda ! Repito , precisamos de ajuda e que haja consciência ! A todos os níveis – apoio financeiro, de anónimos, de sócios com sentido de missão para colaborar, de pessoas e / ou empresas que estabeleçam parcerias que entreguem à estrutura da formação as coisas básicas de que precisam. Isso não acontece na formação como não acontece nos seniores  onde temos de “inventar” muito para suprir as dificuldades.  E aqui fica uma chamada de atenção séria, muito séria. Excluindo o Sr Eng António Marques que apaixonadamente nos ajuda com o que pode e a quem agradecemos de coração tudo o que tenta fazer por nós, estamos desde o início  do ano passado à espera que os responsáveis de Marketing e publicidade do Boavista ( neste caso especificamente das modalidades amadoras ) nos arranjem UM , repito UM único apoio , seja ele qual for de todos aqueles que nos foram questionados e que foram devidamente informados a quem de  direito. Até hoje, excluindo o que as pessoas do departamento captaram, não recebemos um único apoio nem para os seniores nem para a formação. E Quando falamos de apoio não discutimos verbas exorbitantes pois sabemos que é difícil consegui-las, mas no meio de todas as necessidades que colocamos ao responsável, reduzimos o assunto a isto : até agora, nem uma parceria para nos fornecer bolas, cones, sinalizadores, coletes, equipamentos ou até um sumo ou um reforço pós jogo para os nossos atletas. Quanto mais apoios de fundo, estruturais. Nada, absolutamente nada. O que temos foi exclusivamente conseguido por quem está aqui na modalidade e repito com a benevolência e entrega inexcedível do Sr Eng António Marques. Questionamos porque alguns têm tanta publicidade, parcerias , apoios , etc, afinal de onde vêm e quem verdadeiramente os conseguiu e porque razão estão alocadas apenas a uma ou outra modalidades. E com o devido respeito sem metade do reconhecimento ou impacto público que tem hoje o futsal. Não consigo entender e a menos que as coisas mudem , a utilidade que tem esse departamento das modalidades amadoras na visão global daquilo que verdadeiramente todas elas precisam é muito questionável nos actuais moldes. Somos todos filhos do mesmo clube, ou não ? Claro que depois é a filosofia do “depois vê-se”... e vamos vendo. Até agora absolutamente nada.
 




E depois vê-se?

Exacto. Depois vê-se o que vai acontecendo. E depois vê-se como vamos fazendo os tais “milagres” que um dia se acabam . Mas relembro com ou sem dificuldade e com estas tristes contingências de caráter interno, tanto se forma bem na distrital como se forma bem nos nacionais. Os níveis competitivos são diferentes mas não são tão diferentes assim como muitos pensam. O propósito de termos formação e não abdicamos dela, é formarmos jogadores para os seniores, se calhar este ano não vamos conseguir mas para o ano vamos.

Isso está provado na actual equipa sénior. Concordas com esta afirmação?

Concordo e repara que neste plantel temos aqui jogadores que já jogaram nos nacionais e outros que nunca jogaram e têm um nível idêntico e encaixaram bem no plantel.

Foste distinguido com o troféu de Melhor Diretor do Ano, na Gala das Amadoras. Que significado teve para ti tal distinção?

Estou muito reconhecido por esse facto, foi uma grande satisfação receber este Galardão, principalmente depois de uma época que até foi negativa em termos de resultados desportivos da equipa sénior.

Assumes que a modalidade de futsal é vista como a segunda modalidade do Clube?

Acho que sim, sempre foi , apesar de que estranhamente com o campeonato excecional que estamos a fazer este ano não o temos sentido tanto mas não posso afirmar que não o seja. O que sei é que o futsal é a segunda modalidade mais praticada no país, no entanto, sinto que os sócios e simpatizantes têm grande amor pelo futsal, que sempre nos acompanharam nos campeonatos nacionais e não deixaram de o fazer nos distritais. Continuem a apoiar aquela equipa técnica, aquele staff e aqueles jogadores. Dão tudo o que têm . Respiram Boavista, amam o clube e estão a  fazer um tremendo sacrifício para nos tentar dar o privilégio de sair dos distritais e regressar aos Nacionais. Eles merecem tudo !

Já tinhas sido galardoado com o troféu de seccionista do ano (anos atrás) para um dirigente, cem por cento Boavisteiro receber dois troféus deste valor é algo que fica para a vida?

Eu não estou neste cargo para receber galardões, mas quando eles chegam, sinto que é o reconhecimento do meu esforço, da minha dedicação e do tempo que disponibilizo para o meu clube. Sinto que é acto de justiça pela minha entrega ao Boavista. Acredito que nas outras modalidades os directores desses departamentos, mereçam tanto quanto eu serem reconhecidos pela seu desempenho e dedicação à sua modalidade.
 
Depois desta descida aos distritais e regresso aos nacionais, tens esperança que ao apresentares o teu projecto para a próxima junto da Direcção, o apoio que vais receber poderá ser superior aos anteriores, para evitar definitivamente esta situação?
Não apresento só isto no início da época, eu vou falando periodicamente com o Engenheiro Marques e alertando para as nossas necessidades. Acredito que nos tem ajudado com o que pode e faz por nós o que lhe é possível fazer, mas nós queremos sempre mais, como é óbvio. Para que o clube resista entre os melhores. No seu lugar ! Já o alertei que para a nova época. subindo de divisão, precisamos de apoios e apoios é dinheiro, para poder segurar quem cá temos e reforçar com algum atleta que nos interesse, para assegurar o melhor lugar possível numa divisão muito competitiva.
 
A nossa situação geográfica pode colocar-nos a disputar a série “B”, que é tremendamente complicada. Temes isso?

É uma série muito competitiva e quase de cariz nacional. Precisamos de apoio para enfrentar essa competição, penso que todos estão a fazer tudo para aumentar o nosso apoio e estou esperançado nisso.

Qual a análise que fazes deste plantel?

Quero salientar que oitenta por cento do plantel é constituído por jogadores da nossa formação, com um pormenor de quase todos serem boavisteiros, daí o seu regresso num espírito de recuperar o seu clube. Como o treinador também o é. Aliás, quase todos os que regressaram e outros que permaneceram com esse sentido de missão acabaram por ser aqueles que aqui foram campeões nacionais com o Sérgio Carvalho na formação. Está tudo dito.

O treinador e a sua equipa técnica vão ser um problema para ti, porque vão exigir condições para subir de divisão. Estás preparado para essa exigência?

Vamos jogar para subir, sempre para subir, mas estamos a falar de uma modalidade que tem catorze equipas na primeira divisão, tem setenta na segunda e tem dezenas nos campeonatos distritais, que foi campeão europeu e que internacionalmente tem a sua marca, acho que acompanhar essa evolução faria o Boavista subir no reconhecimento de todos. Claro que vão exigir algo mais mas a base está definida. Precisamos de um ou outro ajustes.

O campeonato nacional de primeira divisão é constituído, cada vez mais, por “equipas de camisola”. Entre Benfica, Sporting, Belenenses, Braga, Rio Ave, Aves, etc… o lugar do Boavista está vago. O povo do desporto pergunta, quando o ocupa?

Está a chegar o Portimonense, o Farense, Paços Ferreira, agora arrancou o Leixões e outros. O Boavista será aquilo que a Direcção quiser que seja. Eu estou aqui para empregar todo o meu esforço e fazer tudo o que sei. Tendo pouco ou tendo muito a minha dedicação é sempre a mesma.
Já estou aqui há muito tempo. Já tive tempos de vacas gordas, muito gordas e vacas magras e muito magras. A minha dedicação é sempre a mesma. Não vamos, para alem do esforço e dedicação de todo o plantel, que supera em muito essas lacunas e eu acredito na sua constante superação, mas sem apoios financeiros é sempre mais difícil.

Depois de um prémio individual, surge a curto prazo um prémio global. A subida aos escalões nacionais. Como sentes essa hipótese?

Tudo indica que vamos conquistar o título e isso será um prémio para toda a equipa que apostou nessa conquista. Mas ainda faltam alguns jogos e se neste momento, estamos com vantagem, o que garanto é que nem num único jogo teremos essa vantagem em conta. Vamos jogar como até aqui para vencer todos os jogos e conquistar esse título, que será de todos eles. Pela minha parte… eles foram a minha aposta, por isso, esse prémio será deles.

Alguma mensagem para os adeptos ?

Conto sempre com eles. Sempre foram  muito prestáveis comigo e sempre me apoiaram. Agradeço-lhes por isso. Espero que mantenham o carinho que têm com a modalidade e continuem a comparecer nos jogos. E de preferência cada vez em maior número para mostrar a nossa força , o nosso Boavista . Esta modalidade começou com os Panteras Negras – caso único no clube -  e acredito que seja a modalidade que mais diz a todos membros da claque, sócios e adeptos. Contamos com eles, Porque : “ Muitos não vão entender...”