quinta-feira, 15 de outubro de 2015

MORAIS GOMES, DIRECTOR DO HÓQUEI EM PATINS, FALA SOBRE A MODALIDADE

Ao iniciar mais uma época desportiva, estivemos numa conversa com o Director do departamento do Hóquei em Patins, Morais Gomes, que nos elucidou sobre a realidade da modalidade no clube.


Quais as novidades, para a próxima época?

As novidades não são as melhores. A época vai começar com uma tranquilidade, que ao fim deste anos, considero muito positiva. 
Iniciaremos a época com tranquilidade, mas não nas condições que queríamos. Houve um caso no plantel com a saída (imprevista) de um atleta para um clube que lhe oferece melhor condições e por arrasto com ele, seguiu um atleta que seria um reforço para esta época.

Então perderam dois jogadores, em vez de um?

Sim, neste caso, foi dois em um. Mas no fundo, também há o lado bom. Aquela aposta, que fizemos há três anos na equipa dos juniores, teve como resultado termos agora três juniores na equipa principal. 
Quero referir o nome do Tiago, que sempre nos acompanhou, mas que recebeu um convite para treinar um clube adversário e baseando na idade optou por terminar a carreira de jogador e assumir o cargo de treinador. Os meus desejos, de felicidades, para o Tiago.

Como analisa o plantel?

Acho que a equipa está mais madura e tem o reforço de três jovens, que com a sua irreverência, podem reforçar fisicamente a equipa. Penso que irão entrar na equipa e um deles vai ser com certeza uma surpresa.

O problema de guarda-redes está resolvido?

Sim, está. O Nando, que é um dos juniores foi o guarda-redes escolhido para o plantel e assim a equipa está concluída. O Nando não jogou o ano passado, por razões profissionais que agora estão resolvidas e assim regressou ao plantel, mas já como sénior.

Conseguiu alterar o horário dos jogos?

Posso garantir, que salvo alguma excepção de última hora, os jogos passaram para um horário entre as dezanvr e trinta /vinte horas, de domingo. Alternamos com a equipa B do Infante Sagres, na ocupação do pavilhão. Apostamos nas dezanove e trinta para os nossos jogos.

Disse no início que espera uma época mais difícil. Em que se baseia para essa afirmação?

Digo isso, porque todas as épocas, somos obrigados a começar do zero. Esta época está a repetir-se essa situação.
Exemplifique…
Temos diversos atletas a oferecerem-se para vir jogar para o Boavista e assim, temos hipótese para reforçar muito a equipa. Mas, quando os informamos que no Boavista, todos pagam uma cota para jogarem… eles desistem da intenção de vir para o nosso Clube e optam por outros, onde nada, pagam. 
Isto para nós é um handicap negativo, pois, nós, nada podemos pagar nem tão pouco os deixar jogar sem pagarem esse valor. Os atletas, optam por outros clubes, reconhecendo que o Boavista é um Clube apetecível pelo nome e camisola, mas não pode passar a partir disso. 
Eu costumo dizer aos nossos jogadores, que o que pagam aqui é o que pagariam num ginásio para manter a forma. Mas este não é o espírito dos outros clubes, que têm outras condições e todo o direito de as imporem a seu favor, apostando com outras ambições e uma equipa ganhadora.

Quando vai o Boavista poder ombrear com eles?

A realidade é esta. O Boavista é um clube de formação em todas as modalidades e no hóquei não é! Isso, é uma lacuna muito grande e para passar a ser um clube de formação, teria que ter um espaço próprio e conseguir um espaço disponível para esse fim. Se tivéssemos condições, começaríamos pela base e dentro de seis anos teríamos uma equipa competitiva nos seniores. Vamos tentar manter a chama do hóquei acesa no Boavista.

Nestes condicionalismos, um dirigente, não é tomado por uma certa frustração?

Ano, após ano, vai aumentando uma certa frustração. O que não diminui e me mantem aqui é o amor ao hóquei e ao Boavista. Noutro caso, já teria saído, porque, durante uma época se luta contra muitas coisas que nos vão desgastando.

As despesas estão estabilizadas, ou o orçamento sofreu alterações ao previsto?
São valores exorbitantes, os que são aplicadas aos clubes. Eles, dão de um lado mas tiram, ainda mais, do outro e torna-se muito difícil gerir a contabilidade no departamento. O pagamento de inscrições e seguros, não se compadecem com os nossos problemas. Só em inscrições de jogadores e staffe, já lá vão dois mil euros.

Qual o valor necessário para uma época?

Para fazer o que temos feito precisamos de quatro mil euros para melhorarmos o que temos feito… precisávamos de oito mil.

Patrocínios?

Há muitas promessas, muita vontade de ajudar… mas no final, traduz-se em nada. Continuamos a ser subsidiados pelo clube e pelos jogadores.
O Clube?
Sim! Neste momento, seria impensável continuar se o Clube não se ajudasse, especialmente com as despesas do pavilhão. Anteriormente, vivemos em Alfena graças a um protocolo com esse clube e com uma grande ajuda da Associação do Amigos do Boavista.

Desportivamente, aposta mais no distrital que no nacional. A que se deve esse facto?

Não diria isso, o facto é que sendo igualmente uma prova de regularidade, o distrital, é uma prova com equipas mais niveladas. No nacional, nós jogamos com equipas, por exemplo, da associação de Braga, com pretensões a subir e essas equipas estão ao nível de equipas da segunda divisão, sem qualquer dúvida. Há um conjunto de seis equipas, que é impossível nós nos metermos no meio. Discutimos os resultados, dificultamos, mas não é suficiente.

A sua equipa é diferente das outras?

Sim, nós temos aqui um grupo muito forte e com muitos atletas, desde o início do projecto. Outros, vieram e não conseguiram integrar-se neste espirito e não continuaram. É um grupo muito unido e ímpar. Um espirito diferente de equipa e Clube, mesmo alguns, não sendo todos boavisteiros, quando vestem esta camisola, assumem uma raça e um espírito que só aqui se encontra. Haverá poucas equipas a jogar nas nossas condições. 
É um Clube diferente, logo é uma equipa diferente